Artur Mas
Artur Mas i Gavarró[nota 1] (Barcelona, 31 de janeiro de 1956) é um economista e político espanhol, de ideologia liberal, nacionalista e independentista catalã, presidente de Convergência Democrática da Catalunha (CDC). Foi o 129.º presidente da Generalidade da Catalunha, de 2010 até 2016,[4][5] assim como presidente da federação de Convergência e União (CiU). Foi conselheiro de Política Territorial e Obras Públicas (1995-1997), de Economia e Finanças de 1997 até 2001 e Conselheiro em Chefe de 2001 até 2004 da Generalidade da Catalunha. De 2004 até 2010 exerceu o cargo de Chefe da Oposição no Parlamento da Catalunha. BiografiaPrimeiros anosArtur Mas nasceu em Barcelona a 31 de janeiro de 1956. Foi inscrito no registo civil como Arturo Mas,[6] nome que alterou no ano 2000.[6][nota 2] É o mais velho de quatro irmãos, pertencente a uma família relacionada com a indústria têxtil de Sabadell e com a indústria metalúrgica do Poblenou. Juan Mas Roig, bisavô do ex-presidente da Generalitat Artur Mas, era um capitão de um navio de transporte de escravos, que em 1844 transferiu 825 escravos da África para o Brasil.[8] A família de Artur era uma das mais proeminentes no tráfico de escravos.[9] [10] Mais de 150 famílias de Barcelona se enriqueceram pelo tráfico de escravos no século XIX. Uma parte dos antepassados daqueles que atualmente compõem as elites políticas e econômicas da Catalunha, estavam claramente relacionadas ao mundo da escravidão.[11] Domina o catalão, espanhol, francês e inglês, estes últimos idiomas devido aos estudos cursados no Liceu Francês de Barcelona e na Aula Escuela Europea. Posteriormente licenciou-se em Ciências Económicas e Empresariais pela Universidade de Barcelona. Trabalhou, até aos 26 anos, em diferentes empresas do setor privado e no ano 1982 entrou no setor público como colaborador no Departamento de Comércio, Consumo e Turismo da Generalidade da Catalunha na promoção exterior e na captação de investimento estrangeiro para a Catalunha. Também em 1982 ingressou na CDC.[12] Foi chefe do Serviço de Feiras e Diretor Geral de Promoção Comercial. Artur Mas foi vereador do Ajuntamento de Barcelona (1987-1995) e é deputado no Parlamento da Catalunha desde 1995. Nesse mesmo ano foi nomeado conselheiro de Política Territorial e Obras Públicas do Governo de Jordi Pujol, cargo que ocupou até 1997, quando foi nomeado conselheiro de Economia e Finanças. Conselheiro em Chefe (Conseller en Cap)A 17 de janeiro de 2001 deixou a conselharia de Economia para ser conselheiro em chefe (Conseller en Cap) – equivalente ao atual cargo de Conselheiro-Primeiro (Conseller Primer) – da Generalidade da Catalunha, cargo do qual tomou posse no dia seguinte e que ocupou até 18 de dezembro de 2004, quando foi nomeado presidente da Generalidade o socialista Pasqual Maragall. Durante a sua etapa de Conselheiro viu-se envolto nos casos de corrupção denominados de 3 %, em referência às comissões que cobrava o seu partido por adjudicações públicas.[13] Nas eleições para o Parlamento da Catalunha de 16 de novembro de 2004 assumiu a candidatura da federação de Convergência e União que ficou em segundo lugar em número de votos atrás da candidatura do Partido dos Socialistas da Catalunha, liderada por Pasqual Maragall, embora a tenha superado em número de mandatos, devido ao sistema eleitoral existente na Catalunha. Na sequência destes resultados produziu-se a formação do governo catalão por parte do Partido dos Socialistas da Catalunha, Esquerda Republicana da Catalunha e Iniciativa pela Catalunha Verdes-Esquerda Alternativa, que alcançaram um acordo para formar governo sob a presidência de Pasqual Maragall, depois de mais de duas décadas ininterruptas de governos de Convergência e União. Chefe da OposiçãoA 27 de maio de 2004 passou a ser chefe da oposição da Catalunha após a constituição do denominado pacto tripartit que levou à Presidência da Generalidade, Pasqual Maragall (PSC).[14][15] Presidente da Generalidade da CatalunhaPrimeiro mandato (2010-2012)A 18 de janeiro de 2010 Artur Mas foi proclamado pela terceira vez consecutiva candidato de CiU à presidência da Generalidade para as eleições de 2010. A designação produziu-se num contexto em que todas as sondagens apontavam para um forte crescimento eleitoral da formação nacionalista. A 28 de novembro de 2010, a sua formação obteve uma ampla vitória nas eleições para o Parlamento da Catalunha, com 46 % dos deputados da câmara (62 mandatos). Esta folgada vitória tornava evidente a ampla maioria parlamentar de CiU e o seu acesso ao Governo da Catalunha, assim como a eleição de Mas como presidente da Generalidade. Havendo-se constituído o Parlamento, a 16 de dezembro de 2010, a presidente do Parlamento, Núria de Gispert, propôs-lo como candidato à presidência da Generalidade. No discurso de investidura de 20 de dezembro, Mas reivindicou um novo modelo de financiamento para a Catalunha como o grande repto para os próximos anos e logo proclamou a "transição nacional" da Catalunha baseada no direito a decidir. Foi investido presidente da Generalidade da Catalunha, a 23 de dezembro de 2010, contando com os votos favoráveis do grupo parlamentar de Convergência e União (CiU), e a abstenção do grupo parlamentar do Partido dos Socialistas da Catalunha (PSC) numa segunda volta. Assumiu o cargo oficialmente a 27 de dezembro pela mão do seu antecessor José Montilla. No mesmo dia nomeou o seu Governo, que tomou posse a 29 de dezembro. Em plena crise económica e de relação com o governo central, Mas estava à frente e com o apoio do partido CDC, inicia um viragem independentista a favor da autodeterminação da Catalunha. A 25 de setembro de 2012, após uma massiva Diada à qual decidiu não participar,[16] convoca as eleições ao Parlamento da Catalunha de 2012 para 25 de novembro, dois anos antes do previsto, após a impossibilidade de conseguir um melhor cenário político, assim como um mais justo pacto fiscal para a Catalunha (ao não conseguir acordos na reunião em Madrid com o presidente do Governo Mariano Rajoy) e articula o seu programa eleitoral em redor do soberanismo.[17][18] Finalmente, a perda de 12 mandatos da formação interpretou-se – desde alguns setores – como um fracasso da aposta de CiU para ser o guia do processo soberanista na Catalunha.[19] Segundo mandato (2012-2016)![]() As eleições, que elegeram o Parlamento da X legislatura, significaram para os candidatos de Convergência e União a perda de 90.489 votos. Apesar de ganhar as eleições, obteve 50 deputados em 135 totais, menos 12 do que anteriormente, numa eleição com uma participação inédita de 70% do eleitorado. Uma vez constituída a câmara catalã, a reeleita presidente do Parlamento, Núria de Gispert, propôs-lo de novo como candidato a presidir à Generalidade, a 18 de dezembro. Foi investido pela segunda vez Presidente da Generalidade da Catalunha a 21 de dezembro de 2012 por 71 votos a favor (CiU e ERC) e 63 em contra (PSC, PP, ICV-EUiA, Cidadãos e CUP).[20] A 24 de dezembro tomou posse do cargo no Palácio da Generalidade da Catalunha.[21] Os cortes e o limite do défice público impostos pelo governo espanhol[22] provocaram a prorrogação do orçamento para o ano de 2012.[23] Convocou a consulta sobre a independência para 9 de novembro de 2014[24] e a 25 de novembro propôs a criação de uma lista combinada de partidos políticos, sociedade civil e profissionais (especialistas reconhecidos) a favor do sim para as eleições[25][26] que conduziu, em boa parte, ao anúncio de 14 de janeiro de 2015 de um acordo com ERC e outras entidades soberanistas de convocar eleições para 27 de setembro de 2015.[27][28] A 9 de janeiro de 2016, mediante um acordo de Juntos pelo Sim e de CUP, anunciou que seria substituído como presidente da Generalidade por Carles Puigdemont.[29][30] Abordagem pessoal em relação à CatalunhaQuando o Estatuto de Autonomia da Catalunha de 2006 passou pelo Congresso, reconheceu-se como nacionalista "tolerante e moderno" mas integrado no conjunto de Espanha. Embora, posteriormente, tenha dita que num hipotético referendo soberanista, votaria a favor.[31] Após sentença do Tribunal Constitucional em 2010 que declarou vários artigos do Estatuto inconstitucionais, declarou-se partidário do direito da Catalunha a decidir o seu futuro, que é, segundo as suas palavras, definitivamente "o direito de todo povo à autodeterminação".[32] Cargos desempenhados
NotasReferências
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