Com exceção da Lua,[8][9][10] nenhum outro corpo no Sistema Solar foi explorado[11] e examinado para futura colonização humana de forma mais intensa que Marte.[12][13][14] Em Wanderers, Wernquist começa com imagens da NASA e então cria cenas mostrando o possível futuro marciano: no começo, a cabine de um elevador espacial desce transportando suprimentos para uma colônia na superfície;[15] No segundo, trabalhadores em trajes espaciais esperam perto da cratera Victoria por dirigíveis que se aproximam;[16] e a terceira, um grupo de caminhantes (que provavelmente estão acostumados a assistirem o pôr do Sol avermelhado na Terra) aproveitam a visão do céu marciano brilhando com uma cor azulada ao redor do Sol que se põe.[17]
Saturno e suas luas
Wanderers sabe aproveitar-se da riqueza de informações e imagens enviadas pela missão Cassini-Huygens:[18] um terco de suas cenas mostram ou Saturno ou uma de suas luas. Uma cena tem um close-up extremo dos anéis de Saturno - a perspectiva de dentro do plano dos anéis, olhando para cima a partir dos detritos de gelo que compõe os anéis para uma pessoa flutuando logo acima do plano.[19] A cena final (discutida em detalhes abaixo) mostra os anéis a distância, iluminados pelo Sol atrás deles, derramando um brilho luminoso nos topos das nuvens no lado noturno que Wernquist chama de "brilho dos anéis".[20]
Numa cena na lua Titã que só é imaginável devido à gravidade relativamente baixa desta lua,[21]sua atmosfera grossa e nublada[22] e utilizando-se de um isolante térmico hiper eficiente e ainda não descoberto, humanos voam por cima do mar de metano Ligeia Mare utilizando asas com aproximadamente o mesmo tamanho - relativo aos seus corpos - como asas de aves.[23] A visão de uma nave movendo-se através dos cristais de água salgada ejetados por Encélado[24] é uma lembrança de que um oceano líquido em baixo de sua superfície congelada potencialmente pode prover um ambiente capaz de sustentar alguma forma de vida.[25] Uma cadeia de bases humanas em Jápeto são representadas nos topos de seu cume equatorial [en], casa uma coberta por um domo imenso e (aparentemente) transparente que não sobre a vista de Saturno e seus anéis.[nota 1][26]
Numa cena vista numa órbita acima de Júpiter, a área de carga de uma nave e mostra um aventureiro amarrado começando uma caminhada espacial, com a Grande Mancha Vermelha logo abaixo.[30] Também vemos aventureiros andando pela superfície gelada da lua Europa[31] e que assim também podem estarem andando acima de micróbios extraterrestres.[nota 2] Outro grupo de aventureiros fazem BASE jumping a partir de um penhasco em Miranda, a menor lua redonda de Urano.[33] O penhasco em questão, en, pode ter de 5 a 10 quilômetros de altura. Em combinação com a baixa gravidade de Miranda, Wernquist estima que os saltadores poderem aproveitar uma queda livre de, talvez, 12 minutos, antes de acionarem um pequeno foguete para interromperem a queda.
Wernquist admite que sua visão de um asteróide terraformado é "a parte mais especulativa do curta", mas que a adicionou "para visualizar as possibilidades da engenharia e construção da humanidade".[36] Ele chama o asteróide de terrário, aplicando o mesmo nome usado por Kim Stanley Robinson em seu romance de ficção científica hard2312.
O final: o "brilho dos anéis" de Saturno
Em Saturno, dirigíveis são vistos em núvens distantes, um tanto parecidos com o conceito HAVOC contemplados pela NASA para uma possível missão à Vênus. Os dirigíveis são cobertos pelos anéis colossais do planeta. Numa dessas naves, uma exploradora olha à distância, vestindo uma jaqueta isolante, uma touca de pelo e uma máscara respiratória. Enquanto as núvens de Saturno refletem em sua máscara, que esconde sua boca, ela sorri maravilhada.[37] A narração de Carl Sagan concluí o curta falando:
Talvez seja um pouco cedo. Talvez ainda não tenha chegado a hora. Mas estes outros mundos — oportunidade inimagináveis — acenam. Silenciosamente, eles orbitam o Sol, esperando.[38]
Desenvolvimento
Wanderers é baseado nas visões de seu diretor, Erik Wenquist, sobre o futuro da humanidade no espaço sideral. Os visuais do curta, animados por Wernquist, são recriações digitais de lugares reais no Sistema Solar; apesar de especulativa, a tecnologia apresentada no curta é derivada de conceitos científicos e ideias pré-existentes.[2][39] Os fundos do filme são feitos a partir de dados de mapeamento e/ou fotografias da NASA.[5][40] Os visuais são inspirados pelos trabalhos dos escritores de ficção científica Arthur C. Clarke e Kim Stanley Robinson, como também o ilustrador Chesley Bonestell.[39]
Com autorização de Ann Druyan, viuva do astrônomo Carl Sagan, Wernquist adicionou trechos da narração de Sagan tirada do livro Pale Blue Dot no decorrer do curta.[39]
Lançamento e reações
O curta foi publicado no Vimeo em 11 de outubro de 2014 e oficialmente no YouTube em 4 de agosto de 2015.
O curta recebeu resenhas extremamente positivas desde seu lançamento. Leonard David, um colunista do Space.com chamou-o de uma "produção maravilhosa".[4]Amy Shira Teitel, do Nerdist [en] disse que o curta é "brilhantemente realistico" e que "pode ser até melhor que Interstellar".[2] Dante D'Orazio, do The Verge, escreveu que o curta é "uma jornada incrivelmente linda através de nosso Sistema Solar" e que enquanto "não tem uma história tradicional, os visuais e trilha sonora (junto das palavras de Sagan) o farão, também, sonhar com o dia em que nos tornaremos uma espécie multi-planetária."[5]
Referências
↑«Credits». WANDERERS - short film. Consultado em 17 de fevereiro de 2016
↑Já que a órbita de Jápeto é mais inclinada em relação aos anéis do que as demais luas principais de Saturno, Wernquist esperançosamente coloca que esta linda vista "daria um terremo muito valioso.")