Viviany Beleboni

Viviany Beleboni
Nascimento Torres
Cidadania Brasil
Ocupação atriz, modelo

Viviany Beleboni (Torres, 1989?) é uma atriz e modelo transexual brasileira.[1] Tornou-se internacionalmente[2] conhecida após encenar a crucificação de Jesus Cristo na 19.ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, em 2015.[3][4][5][6] Ela utilizou uma coroa de flores, suspensa pelos punhos em uma cruz, sob uma placa com a inscrição "basta de homofobia".[7]

Em 2016, também na Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, ela fantasiou-se de Justiça e trouxe uma Bíblia e uma faixa com os dizeres: bancada evangélica: retrocesso.[8][9][10][11] Em 2017, participou da Parada LGBT vestida com trajes militares, expressando críticas à perseguição de minorias LGBT na Chechênia, ao fundamentalismo religioso e à exclusão de pessoas LGBT do serviço militar.[12][13]

Biografia

Viviany Beleboni nasceu na cidade de Torres, no litoral do estado do Rio Grande do Sul. Desde a infância, Viviany sofreu agressões verbais, físicas e psicológicas na escola (pelos colegas) e em casa (por parte de sua irmã) por não se enquadrar nos estereótipos de gênero. Vivi era um rapaz bonito que imitava o Junior, irmão da Sandy, em shows locais e também atuava como modelo juvenil.[1]

Aos 17 anos, ao assumir sua identidade, inicialmente como homossexual, foi expulsa de casa pela irmã. Ela recorreu à prostituição para sobreviver, destacando a falta de apoio da sociedade e de oportunidades de emprego para as pessoas trans. Viviany menciona a importância de programas como o Transcidadania, em São Paulo, que oferece suporte a transexuais e travestis.[1]

Em Porto Alegre, Viviany Beleboni começou a se apresentar como drag queen e, influenciada por amigas trans, iniciou modificações corporais. Viviany menciona que, diferentemente de muitas pessoas trans que primeiro têm clareza sobre sua identidade de gênero para depois alterar o corpo, ela passou por mudanças físicas antes de compreender plenamente sua identidade, referindo-se a si mesma como "travesti por acidente".[1]

Crucificação de Jesus

Em 7 de junho de 2015, após encenar a crucificação de Jesus Cristo, Viviany Beleboni enfrentou críticas religiosas, ameaças de morte e ataques transfóbicos.[14] Sofreu um ataque a faca como resultado dessa manifestação e afirmou à imprensa:[15][16][17]

No mesmo ano, ela entrou com um processo por danos morais contra Marco Feliciano que repercutiu notas de repúdio contra sua manifestação na Parada do Orgulho LGBT.[14][18]

Em 2016, quando fantasiou-se de Justiça com uma Bíblia,[19] foi denunciada por uma organização evangélica e recebeu intimação para depor devido à acusação de profanar símbolos religiosos.[20] Nesse mesmo ano, Viviany Beleboni disse ter sido espancada por cinco homens no Centro de São Paulo e não ter registrado boletim de ocorrência por medo de ser humilhada pela polícia e não ter ido a um hospital para não ser mal-tratada.[21][22]

Apesar do descontentamento de parte dos religiosos, o padre Júlio Lancelotti e o pastor José Barbosa Júnior lavaram os pés de Viviany na Caminhada em Memória a Laura Vermont, travesti assassinada em 2015.[23]

Em agosto de 2020, Sikêra Júnior foi inicialmente condenado a pagar 30 mil reais à modelo por tê-la chamado de "raça desgraçada",[24] ao apresentar em seu programa uma representação gráfica dela em 2015 como Jesus crucificado.[25] Em novembro, a 16ª Vara Cível de São Paulo rejeitou uma das três ações da modelo contra Sikêra e, ao contrário, Viviany foi condenada a pagar 10% de multa, posteriormente aumentada para 15% pela 5ª Câmara do Direito Privado de São Paulo, que manteve a decisão após o recurso da modelo.[26]

Referências

  1. a b c d «"Não queremos destruir famílias, apenas ter os mesmos direitos"». CartaCapital. 17 de outubro de 2015. Consultado em 14 de janeiro de 2025 
  2. «'La cruz simboliza el sufrimiento de los gays y transexuales en Brasil'». ELMUNDO (em espanhol). 17 de junho de 2015. Consultado em 29 de agosto de 2023 
  3. Dias, Marlon Santa Maria; Machado, Alisson (7 de julho de 2018). «A CRUCIFICAÇÃO DO CORPO TRAVESTI: A IMAGEM PROFANA NA CIRCULAÇÃO MIDIÁTICA». Anais de Artigos do Seminário Internacional de Pesquisas em Midiatização e Processos Sociais (2). ISSN 2675-4290. Consultado em 29 de agosto de 2023 
  4. Nilton Abranches, Jr; Neto, Arthur Marques De Almeida (1 de julho de 2015). «RELIGION, GENDER AND TERRITORY: MEDIA SPEECHES ABOUT SAO PAULO GAY PARADE/RELIGIAO, GENERO E TERRITORIO: DISCURSOS MIDIATICOS DA PARADA GAY DE SAO PAULO/RELIGION, GENERO Y TERRITORIO: DISCURSOS MIDIATICOS DEL PARADA GAY DE SAO PAULO.». Espaço e Curtura (38): 205–225. Consultado em 29 de agosto de 2023 
  5. Witzel, Denise Gabriel; Silveira, Andréia Aparecida Thibes dos Santos (23 de junho de 2017). «UMA ANÁLISE DISCURSIVA DA ICONOGRAFIA DA CRUCIFICAÇÃO». Revista de Letras Norte@mentos (22). ISSN 1983-8018. doi:10.30681/rln.v10i22.7210. Consultado em 29 de agosto de 2023 
  6. Danillo da Conceição Pereira Silva. O DISPOSITIVO DA COLONIALIDADE DE GÊNERO NO DISCURSO TRANSFÓBICO ONLINE. 26/06/2019.
  7. Paulo, Carolina DantasDo G1 São (8 de junho de 2015). «'Representei a dor que sentimos', diz transexual 'crucificada' na Parada Gay». São Paulo. Consultado em 29 de agosto de 2023 
  8. Minas, Estado de (29 de maio de 2016). «'Crucificada' em 2015, modelo leva Bíblia para Parada Gay em São Paulo». Estado de Minas. Consultado em 29 de agosto de 2023 
  9. «'Crucificada' em 2015, modelo leva bíblia para Parada Gay em SP». ISTOÉ Independente. 29 de maio de 2016. Consultado em 29 de agosto de 2023 
  10. «Modelo protesta contra bancada evangélica na Parada LGBT». TV UOL. Consultado em 29 de agosto de 2023 
  11. Manhã, Diario da (29 de maio de 2016). «Transexual critica a bancada evangélica na Parada do Orgulho LGBT em São Paulo | Diario da Manhã». Diário da manhã. Consultado em 29 de agosto de 2023 
  12. Domingues, Amanda; Silva, Edvania Gomes da (3 de dezembro de 2018). «MILITÂNCIA ALÉM DAS CORES: O FUNCIONAMENTO DA MEMÓRIA EM IMAGEM DA PARADA DO ORGULHO LGBT DE SÃO PAULO». Seminário de Pesquisa em Estudos Linguísticos (1): 425–429. ISSN 2317-0549. Consultado em 29 de agosto de 2023 
  13. «Transexual 'crucificada' vai desfilar de militar na Parada LGBT: 'Estamos em todos os lugares'». G1. 18 de junho de 2017. Consultado em 29 de agosto de 2023 
  14. a b Negra, Geledés Instituto da Mulher (8 de julho de 2015). «Viviany Beleboni, a atriz transexual que encenou crucificação na Parada Gay, processa Marco Feliciano por danos morais». Geledés. Consultado em 14 de janeiro de 2025 
  15. «Transexual 'crucificada' em Parada Gay diz que foi esfaqueada em São Paulo». O Globo. 9 de agosto de 2015. Consultado em 29 de agosto de 2023 
  16. Paulo, Bárbara Vieira do EGO em São. «Viviany Beleboni é esfaqueada e, assustada, fala em suicídio». Ego. Consultado em 29 de agosto de 2023 
  17. «Modelo transexual que encenou crucificação em Parada LGBT, Viviany Beleboni diz ter sido esfaqueada em São Paulo». Extra Online. 10 de agosto de 2015. Consultado em 29 de agosto de 2023 
  18. Paulo, Carolina DantasDo G1 São (8 de junho de 2015). «'Representei a dor que sentimos', diz transexual 'crucificada' na Parada Gay». São Paulo. Consultado em 14 de janeiro de 2025 
  19. «Viviany Beleboni protesta contra a bancada evangélica na Parada do Orgulho LGBT». Catraca Livre. 29 de maio de 2016. Consultado em 14 de janeiro de 2025 
  20. Paulo, Do G1 São (14 de junho de 2016). «Transexual é intimada a depor por 'crucificação' em Parada Gay de 2015». São Paulo. Consultado em 29 de agosto de 2023 
  21. Paulo, Eduardo Pereira*Do G1 São (12 de julho de 2016). «Transexual 'crucificada' em parada gay vai deixar SP após nova agressão». São Paulo. Consultado em 14 de janeiro de 2025 
  22. «Transexual 'crucificada' na Parada Gay denuncia nova agressão em SP». noticias.uol.com.br. Consultado em 14 de janeiro de 2025 
  23. Machado, Alisson; Dias, Marlon Santa Maria (27 de agosto de 2018). «"Então eu vim flagelada": a imagem profana na circulação midiática». Verso e Reverso (80). ISSN 1806-6925. doi:10.4013/ver.2018.32.80.06. Consultado em 22 de novembro de 2023 
  24. «Sikêra Jr. terá de pagar R$ 30 mil à atriz trans 'crucificada' na Parada LGBT». Catraca Livre. 7 de agosto de 2020. Consultado em 9 de agosto de 2020 
  25. «Opinião - Rogério Gentile: Apresentador é condenado após chamar modelo trans de raça desgraçada». Folha de S.Paulo. 7 de agosto de 2020. Consultado em 9 de agosto de 2020 
  26. «Modelo trans é condenada a pagar R$ 15 mil para Sikêra Jr». ISTOÉ Independente. 29 de abril de 2021. Consultado em 30 de abril de 2021 

 

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