Vicente Nogueira
Vicente Nogueira (Lisboa, 1586 — Roma, 8 de Julho de 1654), humanista tardio, letrado e bibliófolo, foi um dos grandes vultos da cultura portuguesa do século XVII, agente do Rei D. João IV de Portugal junto do Vaticano, nos difíceis anos que se seguiram à Restauração[1][2]. As suas cartas escritas de Roma para o Rei e vários nobres portugueses foram publicadas em 1925 e documentam a vida social e política europeia da época[3]. VidaVicente Nogueira era filho de Francisco Nogueira, Desembargador e Conselheiro, e de Maria de Alcáçova. Desde cedo se dedicou ao estudo e à leitura, tendo frequentado as Universidades de Alcalá, Salamanca e Valladolid, onde estudou filosofia. A partir de 1607 frequenta Cânones na Universidade de Coimbra, sendo ordenado sacerdote em 1612, Desembargador da Casa da Suplicação em 1613 e cónego da Sé de Lisboa em 1618. Durante este período, o cónego Nogueira continua a interessar-se pela leitura e pelos livros, reunindo em sua casa uma biblioteca considerável, incluindo livros trazidos do estrangeiro e proibidos em Portugal, nomeadamente os textos mais importantes sobre o hermetismo e a occulta philosophia[4]. Seria esta biblioteca "proibida" e as denúncias de homossexualidade e pedofilia (na altura designadas por sodomia ou o nefando pecado)[5] que o levariam a ser acusado pela Santa Inquisição. Esta apreendeu-lhe a sua preciosa biblioteca e acabou por o condenar ao desterro em 1633, após longos interrogatórios e detalhadas confissões. Em Roma, onde viveu a partir de 1634, Vicente Nogueira, prosseguiu a sua paixão pelos livros (a que se gabava de dedicar oito horas de leitura diárias), tendo contribuído para o enriquecimento das bibliotecas de D. João IV e do Marquês de Nisa, D. Vasco Luís da Gama[6] com tomos que adquiria nos alfarrabistas da cidade, então um dos mercados de livros mais importantes da Europa. Nas suas cartas escritas para ambos, enviava informações sobre a política europeia colhidas na Cúria e nos palácios cardinalícios, importantes para as negociações relacionadas com o reconhecimento da independência lusitana (que viria a acontecer após a assinatura do tratado de paz com Espanha em 1668) e com a tentativa de obtenção de uma aliança com os franceses contra Espanha, missão de que estava encarregue o Marquês, e para a qual este não obteria sucesso[7]. Referências
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