Vale de Caxemira
O vale de Caxemira (em inglês: Kashmir Valley ou Vale of Kashmir) é um vale na parte da região histórica de Caxemira administrada pela Índia. É uma das divisões administrativas do território da União de Jamu e Caxemira. Faz parte da bacia hidrográfica do rio Jhelum (um afluente do Chenab) e é limitado a sudoeste pela cordilheira do Pir Panjal e a nordeste pelos Himalaias Ocidentais. Tem 15 948 km² de área, aproximadamente 135 km de comprimento e 32 km de largura. Com uma altitude média de 1 620 m, a generalidade das montanhas que rodeiam o vale têm altitudes entre os 3 600 e os 4 800 m,[4] culminando no Machoi a 5 458 m. A capital e cidade mais importante é Srinagar. A Divisão de Caxemira é confrontada a sul com a Divisão de Jamu, com o Ladaque a leste e com as regiões de Caxemira administradas pelo Paquistão e reclamadas pela Índia a oeste e a norte. A fronteira de facto entre os dois países em Caxemira é chamada Linha de Controlo (LoC).[5] A divisão é composta pelos distritos de Anantnag, Badgam, Baramulla, Bandipore, Ganderbal, Kulgam, Kupwara, Pulwama, Shupiyan e Srinagar. HistóriaNa primeira metade do 1.º milénio a.C., a região de Caxemira tornou-se um centro importante do hinduísmo e, mais tarde, do budismo. Ainda mais tarde, no século IX d.C., surgiu o xivaísmo caxemire.[6] Em 1339, Xá Mir tornou-se o primeiro governante muçulmano de Caxemira, fundando a dinastia homónima (também chamada Salatin-i-Kashmir ou Dinastia Swati, uma designação também aplicada à dinastia que reinou em Deli). Nos cinco séculos seguintes, Caxemira foi governada por monarcas muçulmanos.[7] Entre 1526 e 1747, fez parte do Império Mogol, que só perdeu o controlo da totalidade da região em 1751. Entre 1747 e 1820 fez parte do Império Durrani do Afeganistão, que perderam o território para Ranjit Singh, o fundador do Império Sique.[7] Em 1846, na seuquência da derrota dos siques na Primeira Guerra Anglo-Sique e da compra da região pelos britânicos formalizada no Tratado de Amritsar, o rajá dogra de Jamu, Gulab Singh, tornou-se o governante do então criado estado principesco de Jamu e Caxemira, o qual foi governado pelos seus descendentes, sob a suserania britânica, até 1947. Nesse ano, o marajá de Jamu e Caxemira, Hari Singh, incapaz de lidar com uma rebelião nos seus distritos ocidentais e a uma invasão pelas tribos pachtuns instigadas pelo Domínio do Paquistão,[8] juntou-se ao Domínio da Índia assinando o Instrumento de Acessão. Subsequentemente, o marajá transferiu o poder para um governo popular encabeçado por Sheikh Abdullah.[8] A integração do estado principesco de Caxemira na Índia é o fulcro do conflito que perdura até à atualidade entre a Índia e o Paquistão, que já originou quatro guerras declaradas, a primeira delas em 1947 e inúmeros confrontos militares ocasionais. Os territórios da Caxemira histórica estão atualmente divididos entre a Índia, Paquistão e China (que tomou o controlo do Aksai Chin em 1962 e recebeu do Paquistão o vale de Shaksgam). Contudo, todo o vale de Caxemira é exclusivamente controlado pela Índia, constituindo cerca de 16% da área do antigo estado de Jamu e Caxemira, ou seja, da área sob controlo indiano. DemografiaO grupo étnico maioritário no vale de Caxemira é o dos caxemires, cuja língua materna é o caxemira (ou caxemíri). Entre os grupos etno-linguísticos destacam-se os gurjares e os bakarwales, que vivem sobretudo nas montanhas. A esmagadora maioria da população (97,16% em 2011) é muçulmana. Em 2011, os hindus constituíam 1,84% da população, os siques 0,88% e os budistas 0,11%.[9] As principais línguas no vale são o caxemira e o urdu, sendo esta última a língua oficial. Muitos dos falantes destas línguas também sabem e usam o inglês como segunda língua.[10]
Srinagar é a maior cidade e a capital da região. Outras cidades importantes são Handwara (no distrito de Kupwara; 269 311 habitantes em 2011), Baramulla (167 986 hab.), Sopore (no distrito de Baramulla; 118 608 hab.), Anantnag (108 505 hab.), Kupwara (21 711 hab.) e Shupiyan (ou Shopian; 16 360 hab.). PolíticaOs principais partidos da região são o Jammu & Kashmir National Conference (JKNC), o Jammu and Kashmir Peoples Democratic Party (JKPDP ou PDP) e o Partido do Congresso Nacional (INC ou Congresso).[carece de fontes] Srinagar é a capital do território da União de Jamu e Caxemira. A mudança anual do vale para Jamu no inverno é marcada por uma grande cerimónia chamada Darbar Move.[11] Clima
O vale tem um clima relativamente ameno, em grande parte devido à sua localização geográfica, com a imponente cordilheira do Caracórum a norte, o Pir Panjal a sul e oeste e a cordilheira do Zanskar a leste.[13] Em geralmente é fresco na primavera e outono, ameno no verão e frio no inverno. Devido à sua extensão e diferenças geográficas entre os vários distritos, as áreas montanhosas tendem a ser mais frias do que as áreas mais baixas e planas. O verão é usualmente ameno e relativamente seco, mas a humidade relativa é geralmente alta e as noites são frescas. Todos os meses ocorre precipitação e não nenhum mês especialmente seco. O mês mais quente é julho, quando as temperaturas médias mínimas e máxiams são, respetivamente, 16 °C e 32 °C. Os meses mais frios são dezembro e janeiro, quando as temperaturas médias variam entre -15 °C e 0 °C. Os recordes de temperatura registados são 33 °C e −18 °C.[carece de fontes] Embora comparativamente com outras regiões de planície da Índia o vale de Caxemira tenha um clima mais moderado, as condições meteorológicas são muito inconstantes. Por exemplo, nos dias 5 e 6 de janeiro de 2012, depois de vários anos com relativamente pouca neve, uma tempestade de inverno, com neve intensa e baixas temperaturas, atingiu o vale, que ficou coberto por um espesso manto de neve e gelo. Nos últimos anos tem havido um aumento da humidade relativa e precipitação anual, um fenómeno que provavelmente se deve aos projetos de florestação e de expansão de áreas verdes.[carece de fontes] TurismoO vale de Caxemira é um destino popular para turistas indianos e estrangeiros. Entre os locais que atraem mais turistas estão Gulmarg, o lago Dal e os seus barcos-hotel e a estância de montanha de Pahalgam, onde se situa a caverna de Amarnath, um dos mais sagrados santuários hindus do mundo, onde uma estalagmite de gelo é venerada como o linga do deus Xiva. Gulmarg, uma das estâncias de esqui mais populares da Índia, dispõe do campo de golfe mais alto do mundo.[14] Outros destinos populares são, entre outros, Sonamarg, Kokernag, Verinag e Aharbal. Antes da insurreição se ter intensificado em 1989, o turismo era uma parte importante da economia de Caxemira, que sofreu um rude golpe com o grande decrescimento de visitantes. Não obstante, milhares de peregrinos hindus continuam a visitar o santuário de Amarnath todos os anos,[15] o que tem causado problemas ambientais graves e chega a provocar a fusão do linga do santuário.[16] A partir do final da década de 2000, assistiu-se a uma recuperação da atividade turística e em 2009 o estado de Jamu e Caxemira foi um dos destinos turísticos mais concurridos da Índia.[17] Em 2008, o vale foi visitado por mais de meio milhão de turistas.[18] Hill stationsJardins mogóisLagosAlguns dos lagos mais importantes do vale de Caxemira são:
MontanhasAlgumas das montanhas mais altas nas imediações do vale são:
TransportesOs transportes no vale de Caxemira são feitos sobretudo por estrada. A região tem ligações rodoviárias com a região de Jamu pelas estrada nacionais 44 e 244. A primeira passa por Qazigund e por baixo do passo de Banihal (2 832 m de altitude) através do túnel Jawahar, aberto em 1956. A estrada n.º 244 passa pelo passo de Sinthan (3 784 m) e Kishtwar. A estrada Srinagar–Leh liga o vale ao Ladaque, através de Sonamarg e do passo Zoji La (3 528 m). O vale é servido por uma linha férrea com 119 km, inaugurada em outubro de 2009, que liga Baramulla, na parte ocidental do vale, a Srinagar e Qazigund. Esta linha está ligada a outra que no futuro ligará Caxemira por comboio com o resto da Índia. Esta linha, ainda em construção a sul de Banihal, está em funcionamento até esta cidade desde junho de 2013, quando foi inaugurado o túnel ferroviário de Pir Panjal, que passa 440 metros abaixo do túnel rodoviário Jawahar. O Aeroporto de Srinagar é o principal aeroporto na região e tem ligações aéreas regulares com Jamu, Leh, Deli, Bombaim e Chandigarh. Notas e referências
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