VLS-1 V01
VLS-1 V01 foi o primeiro lançamento do foguete VLS-1 realizado no dia 2 de novembro de 1997 no Centro de Lançamento de Alcântara visando colocar em órbita o satélite SCD-2A. O lançamento foi mal sucedido após o foguete ser remotamente destruído devido a ter se desviado de sua trajetória. Antecedentes e objetivosO foguete VLS-1 foi originalmente proposto em 1979[1] como parte da Missão Espacial Completa Brasileira[2] e tendo o seu primeiro lançamento originalmente planejado para 1989,[3] depois 1990,[4] 1994,[5] 1995,[6] e por fim em 1997 teve o seu primeiro protótipo pronto dentro da “Operação Brasil”, visando colocar em órbita o satélite SCD-2A, desenvolvido pelo INPE, e o de testar o veículo em situação de voo.[7][nota 1] O primeiro protótipo do VLS era 80% composto por tecnologias nacionais.[3] O satélite seria colocado em uma órbita a 750 quilômetros de altitude[9] e no dia 20 de fevereiro o teste da separação da coifa já tinha sido realizado com sucesso.[10] No dia 1 de julho os equipamentos foram enviados para a base de Alcântara[11] e tanto o foguete e o satélite já estavam prontos em agosto de 1997.[12] O lançamento teve o custo de R$ 16 milhões[13] e visava mostrar a possíveis clientes a confiabilidade do foguete brasileiro, que por US$ 6,5 milhões, saía mais barato que o foguete estadunidense Pegasus, por US$ 15 milhões.[14] A Aeronáutica Brasileira barrou a presença da Imprensa e autoridades civis no lançamento, alegando “questões de segurança e falta de infraestrutura” para o recebimento da imprensa e convidados na base.[15][16] Com isso, o presidente Fernando Henrique Cardoso teve sua visita na base adiantada para o dia 21 de outubro.[17] Inicialmente o lançamento ocorreria no começo de setembro; porém, atrasos no centro e o fato do foguete ter sido atingido por um raio adiaram os preparativos. A AEB trabalhou com a Embratel e a Telebrás para transmitir o lançamento no país inteiro.[18] O lançamento deveria ter ocorrido no dia 26 de outubro de 1997, mas foi adiado na madrugada do mesmo dia devido a uma pane no radar doopler, feito pela empresa Thomson, que rastrearia o lançamento e identificaria a órbita do satélite.[14][19] Se a próxima tentativa não ocorresse até o fim da janela prevista (10 de novembro), o foguete teria de ser posto na posição horizontal devido à instabilidade de seu combustível.[20] LançamentoNo dia 2 de novembro, durante a contagem regressiva, o cronômetro teve de ser pausado por cerca de 15 minutos devido a um avião ter atravessado o espaço aéreo interditado.[21][14] As 10h25m (UTC-2) o foguete foi acionado[nota 2] com uma massa de 50 toneladas momento do lançamento. Em cerca de um minuto os técnicos notaram a existência de um problema no propulsor D, que levou o foguete a subir em uma inclinação. Apesar do veículo ter corrigido a inclinação, cerca de sete toneladas de peso morto desequilibraram a subida, o que levou, 65 segundos após o lançamento, a destruição remota de um satélite avaliado em US$ 5 milhões e um foguete de US$ 6,5 milhões.[21][14][22] Foi posteriormente revelado que dos quatro propulsores, um não foi acionado, causando a saída da trajetória.[23] O foguete foi destruído a 3,230 metros de altura e seus destroços caíram na zona marítima interditada a cerca de dois quilômetros da plataforma.[14] No momento da destruição, o foguete estava a 700 km/h.[24][nota 3] Foi realizada uma pausa de 15 minutos na cadeia de imagens operada pela Radiobrás e transmitidas para auditórios com convidados em Brasília, São Luís e São José dos Campos. No retorno da transmissão, o coronel Thiago da Silva anunciou o fracasso.[21][18] ConsequênciasLuiz Gylvan Meira Filho, então presidente da Agência Espacial Brasileira, notou que o fato do foguete ter procurado corrigir sua trajetória foi um sucesso de engenharia.[21] A investigação apontou que o mau funcionamento do “dispositivo mecânico de segurança”, que dificultou a transmissão da ordem pirotécnica, como responsável pelo acidente.[25][26] Fabio Wagner Costa, do Centro Universitário de Brasília, relata que o teste foi considerado positivo, por ter permitido "a validação de componentes importantes, incluindo o sistema de controle".[27] Um professor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, falando de forma anônima para a mídia, disse que o acidente poderia ter sido evitado se o conjunto de propulsores tivesse sido testado com o sistema completo e de forma integrada, mas os testes do CTA só abordaram de forma separada. O “teste integrado” com os quatro propulsores somente ocorreu com o lançamento, ao contrário do que o ITA havia orientado.[23] Os militares foram alertados sobre o risco de acidente meses antes do lançamento.[28] Não foram realizados todos os testes no mecanismo de segurança responsável pelo acidente devido à pressão para realizarem o lançamento no prazo esperado.[26] O lançamento seguinte ocorreu em 1999, terminando com a destruição remota do veículo e o satélite SACI-2 cerca três minutos após a decolagem.[29] Plano de voo original
Ver tambémReferências
Nota
Bibliografia(Ordem cronológica)
Ligação externa |