Uma Loira para Três

Uma Loira para Três
She Done Him Wrong
Uma Loira para Três
Cartaz promocional do filme.
 Estados Unidos
1933 •  p&b •  66 min 
Gênero comédia romântica dramática
Direção Lowell Sherman
Produção William LeBaron
Roteiro Harvey F. Thew
John Bright
Baseado em Diamond Lil
peça teatral de 1928
de Mae West
Elenco Mae West
Música John Leipold
Cinematografia Charles Lang
Direção de arte Robert Usher
Figurino Edith Head
Edição Alexander Hall
Companhia(s) produtora(s) Paramount Pictures
Distribuição Paramount Pictures
Lançamento
  • 27 de janeiro de 1933 (1933-01-27) (Estados Unidos)[1]
Idioma inglês
Orçamento US$ 200.000[2]
Receita US$ 2.200.000 (América do Norte)[3][4]

She Done Him Wrong (bra/prt: Uma Loira para Três)[5][6][7] é um filme pre-Code estadunidense de 1933, do gênero comédia romântica dramática, dirigido por Lowell Sherman, estrelado por Mae West, e coestrelado por Cary Grant e Gilbert Roland. O roteiro de Harvey F. Thew e John Bright foi baseado na peça teatral "Diamond Lil" (1928), da própria West.[1]

A trama retrata a história de uma cantora de boate sedutora que lida com vários pretendentes, mas é ameaçada com violência por um deles se agir de forma infiel enquanto ele estiver na prisão.[8]

O filme é famoso pelas muitas insinuações sexuais e trocadilhos de West, incluindo seu mais conhecido "Why don't you come up sometime and see me?" (em tradução livre: "Por que você não sobe algum dia para me ver?").[9]

Em 1996, "She Done Him Wrong" foi selecionado para preservação no National Film Registry, seleção filmográfica da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, como sendo "culturalmente, historicamente ou esteticamente significativo".[10]

Sinopse

Na década de 1890, em Nova Iorque, Lady Lou é uma cantora de sucesso no clube noturno de seu chefe e benfeitor Gus Jordan. Ela conhece todo mundo na cidade, especialmente os homens. Quando seu ciumento ex-namorado Chick Clark vai preso, ele a ameaça com violência se ela for infiel enquanto ele estiver na prisão. Complicando ainda mais as coisas, Gus está secretamente envolvido com prostituição, administra uma rede de falsificação e também envia mulheres jovens para São Francisco para virarem batedoras de carteira. Apesar dos avisos de Clark, Lou se interessa pelo Capitão Cummings, líder de uma espécie de Exército de Salvação, localizado na porta ao lado. Após Clark conseguir fugir da prisão, ele vai direto ao clube em busca de sua amada, mas logo percebe que as coisas não saíram como havia planejado, o que traz problemas para Lou e para todos.[11]

Elenco

Mae West em foto publicitária para o filme.
  • Mae West como Lady Lou
  • Cary Grant como Capitão Cummings
  • Gilbert Roland como Serge Stanieff
  • Owen Moore como Chick Clark
  • Noah Beery, Sr. como Gus Jordan
  • David Landau como Dan Flynn
  • Rafaela Ottiano como Rita Russa
  • Dewey Robinson como Spider Kane
  • Rochelle Hudson como Sally
  • Tammany Young como Chuck Connors
  • Fuzzy Knight como Ragtime Kelly
  • Grace La Rue como Frances Kelly
  • Robert Homans como Doheney
  • Louise Beavers como Pearl, empregada de Lou

Produção

Os títulos de produção do filme foram "Honky Tonk", "Ruby Red" e "Lady Lou". A produção marcou o primeiro papel principal de Mae West no cinema, embora ela tenha participado do filme "Night After Night" anteriormente, no elenco coadjuvante.[1]

Em janeiro de 1930, a Universal Pictures estava considerando comprar os direitos de exibição da peça teatral de West, "Diamond Lil", e possivelmente contratá-la para ser uma membra da equipe de roteiristas do estúdio. Ainda naquele mês, a Universal desistiu de seus planos após ser desencorajada pela AMPP.[a] Em abril de 1930, a peça já havia sido examinada pelo Código de Produção, na mesma época em que a Paramount Pictures estava considerando adaptá-la para as telas. Em 9 de novembro de 1932, a peça foi banida.[1]

Em 19 de outubro de 1932, William H. Hays, chefe do Código de Produção, escreveu ao presidente da Paramount, Adolph Zukor, informando que "Diamond Lady" e "Diamonds", os títulos sugeridos para o filme, haviam sido rejeitados porque "mudar o título [da peça] não é suficiente". As gravações do filme começaram em 25 de novembro de 1932, sob o título "Ruby Red". Após Hays ameaçar interromper as filmagens se o roteiro não fosse aprovado pelo MPPDA, a história finalmente foi aceita em 28 de novembro de 1932, com a condição de que não fosse associada à peça em publicidade ou anúncios, e que se conformasse às condutas do Código. As gravações duraram 18 dias. Em 6 de dezembro de 1932, o título foi alterado para "She Done Him Wrong".[12]

Após uma reunião de Hays com o produtor William LeBaron, o estúdio foi obrigado a mudar a atividade criminosa de Russian Rita de tráfico de mulheres para falsificação, com a advertência de que os cineastas removessem do filme "o máximo possível de qualquer sentimento de realismo sórdido" e reduzissem o número de homens com quem Rita teve envolvimento. Em 30 de setembro de 1935, após revisar o filme, a PCA recusou o pedido da Paramount de relançar o filme com o selo de aprovação do Código de Produção, considerando-o "tão completamente em violação" das normas.[1]

Cartaz promocional alternativo.

Cary Grant já havia participado de outras produções no ano anterior, como "This Is the Night", com Lili Damita; "Devil and the Deep", com Tallulah Bankhead; "Sinners in the Sun", com Carole Lombard; "Blonde Venus", com Marlene Dietrich; "Hot Saturday", com Nancy Carroll; e os filmes "Quando a Mulher Se Opõe" e "Madame Butterfly", ambos com Sylvia Sidney. Embora "She Done Him Wrong" tenha sido lançado depois, Mae West sempre afirmou que descobriu Grant e seu talento, dizendo que até então ele só havia feito "alguns testes com aspirantes a estrelas".[13]

Marian Marsh foi originalmente escalada para interpretar Sally, mas foi substituída por Rochelle Hudson.[12] Rafaela Ottiano, que desempenhou o papel de Rita Russa nos palcos da Broadway, foi escalada por recomendação de West para interpretar o mesmo papel, o que resultou em colaborações entre ela e a atriz ao longo de toda a sua carreira.[14]

Louise Beavers foi a única atriz negra escalada para o filme pessoalmente por West, que insistiu em ter uma mulher negra ao seu lado. Em suas atuações no palco e na tela, West sempre buscava contracenar com atores e atrizes negros, contribuindo para combater a discriminação racial no mundo do entretenimento. Os shows de West resultaram em sua prisão por material considerado atrevido, e a presença de atores negros nos palcos de seus espetáculos foi extremamente controversa.[15] Com este filme, tanto West quanto seus superiores na Paramount conseguiram escalar outras estrelas negras para alguns de seus filmes subsequentes.[12]

Os lucros arrecadados por este filme e "I'm No Angel" (1933), também estrelado por West, conseguiram livrar a Paramount da falência.[2]

A famosa frase de West para Cary Grant é "Why don't you come up sometime and see me?" (em tradução livre: "Por que você não sobe algum dia para me ver?").[9] Ela mudou para "Come up and see me sometime" (em tradução livre: "Suba e venha me ver algum dia") em seu próximo filme, "I'm No Angel", lançado no mesmo ano e também coestrelado por Grant.[12]

O filme possui algumas semelhanças com "The Bowery", produção lançada mais tarde no mesmo ano pela United Artists, estrelando Wallace Beery, o irmão de Noah Beery, Sr. Ambos os filmes incluem um dono de saloon chamado Chuck Connors como um personagem (interpretado por Wallace Beery em "The Bowery", e Tammany Young em "She Made Him Wrong").[12]

Recepção

Uma crítica para o The New York Times afirmou: "A atuação altamente cativante de Mae West inevitavelmente ofusca os esforços louváveis de Cary Grant, Noah Beery, Owen Moore, David Landau e Rafaela Ottiano. A direção de Lowell Sherman é leve e ágil".[16]

A revista Variety deu uma crítica negativa ao filme, argumentando que a Paramount estava tentando apressar o estrelato de Mae West ao conceder-lhe seu próprio filme e muito destaque, enquanto o filme em si não se sustentava bem sem atores conhecidos e uma história cativante, apesar da presença de nomes consagrados como Noah Beery, Sr. e Owen Moore, além do novato Cary Grant.[17]

Segundo o crítico e historiador de cinema Ken Wlaschin, este é o melhor filme de Mae West.[18]

A Universal Pictures, através de sua divisão EMKA, atualmente possui os direitos de distribuição do filme.[19]

Bilheteria

De acordo com os registros da Paramount Pictures, o filme, que teve um orçamento de US$ 200.000, foi um sucesso de bilheteria, arrecadando US$ 2.200.000 nacionalmente.[2][3][4]

Prêmios e homenagens

Ano Cerimônia Categoria Indicado Resultado Ref.
1934 Oscar Melhor filme William LeBaron Indicado [20][21]

Com 66 minutos, o filme é a produção com a menor duração a ter sido indicada ao Oscar de melhor filme.

O filme foi reconhecido pelo Instituto Americano de Cinema nas seguintes listas:

Impacto cultural

Em 1933, o curta de animação "She Done Him Right" foi lançado como uma paródia derivada do filme.[27]

Notas

  1. A "Association for Materials Protection and Performance" (AMPP) é uma associação profissional focada na preservação de bens e desempenho de materiais.

Referências

  1. a b c d e «The First 100 Years 1893–1993: She Done Him Wrong (1933)». American Film Institute Catalog. Consultado em 19 de fevereiro de 2024 
  2. a b c Eames, John Douglas (1985). The Paramount Story (em inglês). Londres: Octopus Books. ISBN 0706420578 
  3. a b «WHICH CINEMA FILMS HAVE EARNED THE MOST MONEY SINCE 1914». The Argus. Melbourne, Austrália. 4 de março de 1944. p. 3. Consultado em 19 de fevereiro de 2024 – via Biblioteca Nacional da Austrália 
  4. a b Finler, Joel Waldo (2003). The Hollywood Story ilustrada ed. [S.l.]: Wallflower Press. pp. 356–357. ISBN 978-1-903364-66-6 
  5. «Uma Loira para Três (1933)». Brasil: AdoroCinema. Consultado em 19 de fevereiro de 2024 
  6. «Uma Loira para Três (1933)». Brasil: CinePlayers. Consultado em 19 de fevereiro de 2024 
  7. «Uma Loira para Três (1932)». Portugal: Público. Consultado em 19 de fevereiro de 2024 
  8. Maltin, Leonard (2011) [2010]. Leonard Maltin's Movie Guide (em inglês). Nova Iorque: New American Library. ISBN 978-0451230874 
  9. a b Quitério, Dan (15 de julho de 2020). «Did Mae West really say, "Come up and see me sometime?" The story of one of Hollywood's most famous quotes.». PBS. American Masters. Consultado em 19 de fevereiro de 2024 
  10. «Complete National Film Registry Listing». Library of Congress. Consultado em 19 de fevereiro de 2024 
  11. Green, Stanley (1999). Hollywood Musicals Year by Year ilustrada ed. [S.l.]: Hal Leonard Corporation. p. 22. ISBN 978-0634007651. Consultado em 19 de fevereiro de 2024 
  12. a b c d e «She Done Him Wrong (1932) – Notes». Turner Classic Movies. Atlanta: Turner Broadcasting System (Time Warner). Consultado em 19 de fevereiro de 2024 
  13. «She Done Him Wrong» (VHS). VHS Collector. The Ultimate Mae West Collection (em inglês). Estados Unidos. 29 de julho de 2013. Consultado em 19 de fevereiro de 2024 
  14. Michaud, Michael Gregg. Mae West: Between the Covers (em inglês). [S.l.]: BearManor Media. Consultado em 19 de fevereiro de 2024 
  15. Watts, Jill (2003). Mae West: An Icon in Black and White. Oxford, Inglaterra: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-516112-0. Consultado em 19 de fevereiro de 2024 
  16. «Diamond Lil»Subscrição paga é requerida. The New York Times (em inglês). 10 de fevereiro de 1933. Consultado em 19 de fevereiro de 2024 
  17. «Review: "She Done Him Wrong"». CaryGrant.net (em inglês). Consultado em 19 de fevereiro de 2024 
  18. Wlaschin, Ken (1985). The World's Great Movie Stars and Their Films (em inglês). Londres: Peerage Books. ISBN 1850520046 
  19. «She Done Him Wrong». Universal Pictures. 14 de fevereiro de 2020. Consultado em 19 de fevereiro de 2024 
  20. «The 6th Academy Awards (1934) | Nominees and Winners». Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Consultado em 19 de fevereiro de 2024 
  21. «6.º Oscar – 1934». CinePlayers. Consultado em 19 de fevereiro de 2024 
  22. «AFI's 100 Years...100 Movies Nominees» (PDF). Consultado em 19 de fevereiro de 2024 
  23. «AFI's 100 Years...100 Laughs» (PDF). Instituto Americano de Cinema. Consultado em 19 de fevereiro de 2024. Arquivado do original (PDF) em 24 de junho de 2016 
  24. «AFI's 100 Years...100 Songs Nominees» (PDF). Consultado em 19 de fevereiro de 2024. Arquivado do original (PDF) em 17 de abril de 2015 
  25. «AFI's 100 Years...100 Movie Quotes» (PDF). Instituto Americano de Cinema. Consultado em 19 de fevereiro de 2024 
  26. «AFI's 100 Years...100 Movies Nominees (10th Anniversary Edition)» (PDF). Consultado em 19 de fevereiro de 2024 
  27. «The Walter Lantz Cartune Encyclopedia: 1933». 14 de maio de 2011. Consultado em 19 de fevereiro de 2024 – via Web Archive 

Ligações externas