Tiznit

Marrocos Tiznit

ⵜⵉⵣⵏⵉⵜ, تزنيت

 
  Município  
Uma das portas da muralha de Tiznit
Uma das portas da muralha de Tiznit
Uma das portas da muralha de Tiznit
Apelido(s) Cidade da prata[1]
Localização
Tiznit está localizado em: Marrocos
Tiznit
Localização de Tiznit em Marrocos
Coordenadas 29° 42′ N, 9° 44′ O
País Marrocos
Região (1997-2015) Souss-Massa-Drâa
Província Tiznit
História
Fundação 1882 (142 anos)
Fundador Hassan I de Marrocos
Administração
Prefeito Abdul Latif Oamo[1]
Características geográficas
População total (2004) [2][3] 53 441 hab.
 • Estimativa (2010) 62 551
Altitude 240 m
Código postal 85000
Sítio www.tiznit.ma

Tiznit (em árabe: تزنيت; em tifinague: ⵜⵉⵣⵏⵉⵜ) é uma cidade do sudoeste de Marrocos, situada 80 km a sul de Agadir e a 15 km da costa atlântica. É a capital da província homónima, a qual faz parte da região de Souss-Massa-Drâa. A sua população m 2004 era 53 441 habitantes,[2] e estimava-se que em 2010 fosse 62 551 habitantes, a maior parte deles berberes.[3]

A cidade situa-se na região mais a sul e mais árida da planície de Suz, cuja paisagem já anuncia o deserto do Saara[4] e onde se cruzam diversas rotas importantes, que ligam as regiões costeiras do sul ao norte do país e as montanhas do Anti-Atlas de Tafraoute ao mar.[5] Muitas das casas fora do centro são em taipa de barro e encontram-se dispersas no meio de palmeirais.[4] O soco (mercado) semanal realiza-se à às quintas-feiras.[6]

Descrição e atrações turísticas

Um dos principais centros da cidade é a Praça El Méchuar (Alamachouar), onde se situa o Qasr el Khalifi (Palácio do Califa),[1] construído por Hassan I e local de residência do representante do sultão na cidade.[5] Em frente a esse palácio situa-se o edifício onde esteve instalado o representante do exército francês durante o período do protetorado francês (1912-1956). Em volta da praça há arcadas com lojas.[4]

A almedina (centro histórico) está dividida em quatro bairros de arquitetura tradicional do sul de Marrocos, cujos nomes correspondem aos clãs que os ocuparam originalmente: Id Ougfa, Aït mohammed, Id Zkri e Id Dalha.[7] Esses bairros rodeiam a praça onde se encontra a chamada Aïn El Kdim ou Fonte Azul (em francês: Source Bleue)[nt 1] (ver secção `História´), a qual permitia a irrigação[8] dos numerosos jardins e hortas pelas quais Tiznit era famosa, mas perdeu grande parte da sua água devido à canalização da nascente de Reggada, nos territórios da tribo vizinha dos Ouled Jerrar.[nt 1]

A ourivesaria berbere goza de grande reputação. São especialmente conhecidos as fivelas colares e braceletes. A antiga tradição do fabrico de punhais e sabres e das respetivas decorações com filigrana de prata tem-se vindo a perder. As lojas de ourivesaria e bijuteria concentram-se no "souk des bijoutiers", junto à Praça Alamachouar.[4]

Outras atrações turísticas de Tiznit e arredores são:

  • Muralhas construídas em 1883, e as suas 36 torres e 9 portas, cinco delas históricas.[1]
  • Grande mesquita, cujo minarete é, para quem viaja de norte para sul, o primeiro que encontram em "estilo saariano", fazendo lembrar os minaretes do Mali e do Níger.[9]

História

Segundo a lenda, a fundação e o nome de Tiznit deve-se a Lala Tiznit (ou Zninia), uma marabuta (santa islâmica) que ali viveu. Lala era uma prostituta[10] que viajava vinda do norte que ao parar, esgotada, naquele lugar desértico, decidiu abandonar a sua vida pecaminosa e passar a viver ali. Para demonstrar o seu perdão, Alá fez aparecer uma fonte, posteriormente chamada pelos locais de Aïn El Kdim (Fonte Azul).[11] Segundo algumas versões da história, Lala teria depois morrido martirizada junto à fonte.[10]

A cidade atualmente existente foi fundada em 1882 pelo sultão alauita Hassan I, que a dotou de uma muralha de seis quilómetros de perímetro, que rodeia a antiga almedina e algumas áreas não construídas. A fundação da cidade fez parte da harka (literalmente: raide incendiário) empreendido por Hassan I a partir de 1881 para subjugar a região de Souss-Massa e do Anti-Atlas, áreas tradicionalmente muito adversas a qualquer tipo de controlo externo. Os Chleuhs que dominam o Anti-Atlas a oeste de Tiznit só foram dominados após a violenta campanha de "pacificação" dos franceses levada a cabo nos anos 1930.[4][10]

Tiznit foi o lugar onde, em 1910, morreu o xarife idríssida e xeque (líder religioso) Maa el-Ainin, que liderou uma revolta em larga escala contra o colonialismo franco-espanhol no Saara Ocidental e sul de Marrocos na primeira década do século XX. O filho de el Ainin, Ahmed al-Hiba, conhecido como o "sultão azul", por se vestir com as tradicionais vestes azuis dos nómadas do deserto, prosseguiu a luta do pai e autoproclamou-se sultão a 10 de abril de 1912 na grande mesquita de Tiznit, menos de duas semanas depois da assinatura do Tratado de Fez, no qual o sultão alauita Mulei Abdal Hafide cedia a soberania dos seu país à França, reconhecendo o protetorado.[4]

O apelos inflamados à resistência de el Hiba resultaram numa vaga de apoiantes fanáticos, entre eles muitos "homens azuis" sarauis, que foi aumentando a ponto de em julho toda a região do Suz cair sob o seu domínio. Apesar de ter chegado a ter o controlo de Marraquexe por algum tempo e a ter preparado um ataque a Fez, el Hiba ver-se-ia rapidamente obrigado a recuar primeiro para Tarudante e depois para o interior do Anti-Atlas, onde continuaria a lutar de forma cada vez mais adversa, até à sua morte em 1919.[4]

Nos anos 1970 a cidade assistiu a uma grande vaga de imigração de gente vinda do norte do país e das aldeias em volta.[1]

Cidade-gémeas

Notas

  1. a b c d e Trechos baseados no artigo artigo «Tiznit» na Wikipédia em francês (acessado nesta versão).

Referências

  1. a b c d e «كلمة الرئيس (Mensagem do Presidente)». www.tiznit.ma (em árabe). Sítio web do município de Tiznit. Consultado em 8 de dezembro de 2011 
  2. a b «Recensement général de la population et de l'habitat 2004». www.hcp.ma (em francês). Royaume du Maroc - Haut-Comissariat au Pan. Consultado em 8 de dezembro de 2011 
  3. a b «Maroc: Les villes les plus grandes avec des statistiques de la population». gazetteer.de (em francês). World Gazeteer. Consultado em 8 de dezembro de 2011 
  4. a b c d e f g h Le Guide Vert - Maroc (em francês). Paris: Michelin. 2003. p. 444-447. 460 páginas. ISBN 978-2-06-100708-2 
  5. a b c «Tiznit, Tafraout, Aglou, Sidi Ifni, Mirleft - Maroc». Tiznit.org (em francês). Consultado em 8 de dezembro de 2011 
  6. Kjeilen, Tore. «Tiznit - Thursday Suuq». LookLex.com (Lexic Orient) (em inglês). Consultado em 8 de dezembro de 2011 
  7. «Histoire de Tiznit». Tiznit.org (em francês). Consultado em 8 de dezembro de 2011 
  8. Kjeilen, Tore. «Tiznit - Blue source». LookLex.com (Lexic Orient) (em inglês). Consultado em 8 de dezembro de 2011 
  9. Kjeilen, Tore. «Tiznit - The Saharan minaret». LookLex.com (Lexic Orient) (em inglês). Consultado em 8 de dezembro de 2011 
  10. a b c Ellingham, Mark; McVeigh, Shaun; Jacobs, Daniel; Brown, Hamish. The Rough Guide to Morocco (em inglês) 7ª ed. Nova Iorque, Londres, Deli: Rough Guide, Penguin Books. p. 621-624. 824 páginas. ISBN 9-781843-533139 
  11. «Histoire». www.Tiznit.net (em francês). Consultado em 8 de dezembro de 2011 

Ligações externas

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