Tema da Mesopotâmia

 Nota: Este artigo é sobre o tema bizantino da Mesopotâmia. Para outros significados, veja Mesopotâmia (desambiguação).
Μεσοποταμία θέμα
Tema da Mesopotâmia
Tema do(a) Império Bizantino
ca. 899/911-século XI


Subdivisões do Império Bizantino na Anatólia em 950. O Tema da Mesopotâmia aparece em marrom na extrema direita.
Líder estratego

Período Idade Média
ca. 899/911 Estabelecimento do tema
século XI Invasão pelos turcos seljúcidas

Tema da Mesopotâmia (em grego: Μεσοποταμία) foi um tema (província civil-militar) bizantino localizado na região oriental da Anatólia. Não deve ser confundido com a região histórica da Mesopotâmia ou com a antiga província romana (e, inicialmente, bizantina também) da Mesopotâmia. A região correspondente ao tema bizantino estava entre os rios Arsânias (atual rio Murate) e o Chimisguezeque. Foi estabelecido provavelmente entre 899-911, quando Leão VI, o Sábio (r. 886–912) nomeou Orestes para o posto, existindo até o século XI, quando foi conquistado pelos turcos seljúcidas.

História

O tema foi formado provavelmente entre 899 e 911, quando o imperador bizantino Leão VI, o Sábio (r. 886–912) nomeou um ex-estratego do Tema de Carsiano chamado Orestes como governador da região.[1][2] A maior parte do território era anteriormente parte do principado armênio de Taquis, governado pelo chefe tribal chamado Manuel. Ele e seus quatro filhos foram persuadidos a ceder o território ao Império Bizantino em troca de títulos e propriedades em outros temas. Os distritos de Celtzena (que, por sua vez, foi desmembrado do Tema da Cáldia) e Camacha (parte do Tema de Coloneia), habitados majoritariamente por armênios, foram então anexados ao território para formar o novo Tema da Mesopotâmia.[3] Esta origem pode explicar o costume peculiar de retirar os fundos para o pagamento do seu estratego não do tesouro imperial, mas das receitas alfandegárias do comércio provincial.[4]

Selo de João Castamonita, vestes e catepano da Mesopotâmia

Embora o imperador Constantino VII Porfirogênito (r. 913–959) o mencione antes de sua elevação ao estatuto de tema, a região era somente uma clisura cujo nome é desconhecido. Há evidências, porém, da presença bizantina muito antes disso.[4] Um selo de um espatário e estratego da Mesopotâmia" foi datado em 810, indicando talvez a existência dum tema de vida curta na região, e o selo de um turmarca com o nome armênio de Musilices, datado de forma tentativa em 870.[5]

Ducado da Mesopotâmia

Os comandantes do tema continuaram a ser nomeados por todo o século X, coexistindo com a nova posição de "duque da Mesopotâmia", criada por volta de 975. Ao contrário do estratego, o duque era um comandante regional, controlando o setor central da fronteira oriental bizantina.[2][6][7] No século XI, a maior parte dos duques conhecidos eram armênios, inclusive Gregório Magistro e seu filho. Após a Batalha de Manziquerta (1071), o imperador Miguel VII Ducas (r. 1071–1078) tentou restabelecer a autoridade bizantina, mas a província foi perdida de vez para os turcos seljúcidas.

Referências

  1. Nesbitt 2001, p. 134.
  2. a b Kazhdan 1991, p. 1348.
  3. Charanis 1963, p. 29.
  4. a b Nesbitt 2001, p. 134-135.
  5. Nesbitt 2001, p. 140–142.
  6. Nesbitt 2001, p. 135.
  7. Holmes 2005, p. 322–330.

Bibliografia

  • Charanis, Peter (1963). The Armenians in the Byzantine Empire (em inglês). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian 
  • Holmes, Catherine (2005). Basil II and the Governance of Empire (976–1025). Oxford: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-927968-5 
  • Nesbitt, John W.; Oikonomides, Nicolas (2001). Catalogue of Byzantine Seals at Dumbarton Oaks and in the Fogg Museum of Art, Volume 4: The East (em inglês). Washington, Distrito de Colúmbia: Dumbarton Oaks Research Library and Collection. ISBN 0-88402-226-9