Sociedade Histórica da Independência de Portugal
A Sociedade Histórica da Independência de Portugal, designada estatutariamente também pelo acrónimo SHIP GOC • MHSE • MHIH • GCNSC, com sede e actividades no Palácio da Independência, é uma associação sem fins lucrativos de direito privado, com o estatuto de pessoa colectiva de utilidade pública, que visa a defesa da identidade e da independência de Portugal, actuando essencialmente através das áreas da defesa e promoção da educação e da cultura patriótica portuguesa.[1][2][3] Trata-se de uma das mais antigas e a mais condecorada instituição cultural em Portugal.[4] FundaçãoA instituição foi fundada com o nome de Associação Nacional 1.º de Dezembro de 1640 que em 24 de Maio de 1861 indicou uma Comissão Central 1.º de Dezembro de 1640 com 40 simbólicos membros para a dirigir, qual os 40 Conjurados[5]. Os seus primeiros estatutos foram aprovados por decreto do Ministério do Reino datado de 1 de Dezembro de 1869. A partir de 1927 adoptou a actual designação, com a sigla "SHIP", depois da aprovação de novos estatutos, os quais foram ratificados pelo Decreto n.º 15 827 de 9 de Agosto de 1928[6]. Missão![]() A Sociedade Histórica da Independência de Portugal assume-se uma associação patriótica que tem como objectivos principais, expressos estatutariamente e prosseguidos, " a colaboração com os órgãos de soberania e da cooperação com instituições congéneres, a promoção do culto do amor pela pátria, a defesa da integridade do seu património, a projecção da cultura nacional, com especial relevo para a língua portuguesa, a comemoração das grandes datas nacionais e a preservação da dignidade de Portugal como nação livre e independente"[1]. Nos seus estatutos consta:
FundaçãoA Comissão Central 1.º de Dezembro de 1640, instituição que deu origem à actual Sociedade Histórica da Independência de Portugal, foi fundada em Lisboa, a 24 de Maio de 1861, em reacção ao sentimento iberista então aceite por alguns sectores da sociedade portuguesa, políticos e não só. A iniciativa partiu de Feliciano de Andrade Moura, comerciante de alfaiataria em Lisboa, que distribuindo folhetos pela capital chamando à atenção dos portugueses dessas atitudes anti-patriotas que se estavam a desenvolver em Portugal e em Espanha, e que por essa via reuniu um número considerável de patriotas no seu espaço na Rua Augusta, a 16 de Maio de 1861. Essa reunião foi presidida pelo próprio que a tinha convocado e foi secretariada por dois deles, Pedro Brito Aranha e Joaquim António Gonçalves Teixeira. Aí foi logo decidido, como prioridade, ajudar a comemorar com a máxima das dignidades e com maior relevo o 1.º de Dezembro de 1640[5] para animar o sentimento patriótico. Em 24 de Maio juntaram-se novamente e, nessa altura, foi proposto o nome de "Associação Nacional de 1.º de Dezembro", para este movimento, e que seria importante convidarem para juntar a ela representantes dos descendentes dos quarenta fidalgos, que tinham feito esse golpe de estado contra Espanha. Em 31 de Maio, estando novamente reunidos, informou-se serem o Conde de Almada, o Conde de Redondo e D. Sebastião António Maldonado, devendo eles fazer parte dessa comissão de honra, sob a designação de Comissão Central 1.º de Dezembro[5]. ![]() Entretanto, a 4 de Junho, o Grémio Nacional tinha decidido juntar-se a esta associação para comemorar com maior "luzimento" o 1.º de Dezembro, que estava antes ao seu cargo. De seguida, a aprovação desse propósito foi muito bem por parte do Marquês de Loulé na qualidade de presidente do conselho de ministros da altura. Tendo ele, nessa qualidade, inclusivamente, cedido o teatro D. Maria II para uma reunião pública[5]. Simplesmente, entre 3 e 9 de Julho, por razões históricas simbólicas, foi dada antes preferência ao Palácio Almada para a realizar, por vontade de Luís de Castro Guimarães, o seu arrendatário nessa época[5], e com a provável cedência dos condes de Almada seu senhorio entretanto posto ao corrente dos acontecimentos e aderido à causa. Foi então que, a partir do dia 14 de Julho, houve uma eleição secreta com uma enorme adesão, quase 3000 votantes[2], para elegerem os restantes, um simbólico número de quarenta nomes no total, escolhidos pelo sua grande "categoria" - prestígio, idoneidade e qualidades na defesa do seu independente Reino - entre várias classes da sociedade lisbonense[5]. Por fim, após apurado os resultados, usou da palavra o tribuno José Estêvão Coelho de Magalhães propondo para a presidência o mentor deste projecto, Feliciano Andrade Moura, que por modéstia e deferência declinou em António Esteves de Carvalho, então presidente da Câmara de Lisboa, ficando ele com o lugar de vice-presidente. A 1.ª Comissão Central![]() A 28 de Julho de 1861, no Palácio da Independência, dá-se a instalação e posse, na referida Comissão Central do 1.º de Dezembro, dos seus primeiros membros. Por ordem alfabética:
![]() Depois da sua posse, a partir do momento que foi indigitado nesse lugar até 25 de Agosto, o presidente logo integrou nessa lista mais:
Ao assinarem o "Manifesto" que então se produziu, no mesmo dia de 25 de Agosto, elevando a Independência de Portugal e a sua Restauração[7], surgem-nos igualmente os seguintes nomes mais: Século XIXMonumento aos Restauradores (em cima à esquerda), a Camões (em cima à direita) e a D. Afonso Henriques (em baixo). Desde a sua fundação em 1861 que a SHIP promove as comemorações do 1.º de Dezembro de 1640, embora no seu primeiro ano não se chegassem a realizar, por coincidirem com o luto nacional decretado por morte do rei D. Pedro V de Portugal. Ao longo dos anos as comemorações tomaram diversas formas, mantendo-se contudo constante a celebração de um Te-Deum, tal como logo em 1641 tinha sido determinado pelo rei D. João IV de Portugal[8]. Tomou para si também diversas iniciativas sociais, editoriais e culturais, com destaque para a realização de conferências de carácter histórico-cultural e político-institucional e a realização de exposições didácticas. Nesse contexto, ainda nesse final do século XIX, lançou várias campanhas públicas de angariação de fundos a fim de elevar os portugueses no mérito, especialmente algumas que mais se destacaram para a construção de Portugal como nação, para proteger do estrangeiro o seu reino e para dignificar os patriotas no geral assim como na sua diáspora.
A sede![]() A instituição sempre manteve a sua sede no Palácio Almada, hoje designado Palácio da Independência Nacional. Inicialmente ainda em propriedade particular dos condes de Almada, mas, desde cedo surge a vontade da sua aquisição pública. Em 1922, o senador Coronel Ramos da Costa, na qualidade de presidente da Comissão Central 1º de Dezembro, apresentou ao Senado um projecto de lei no sentido do imóvel Monumento Nacional ser adquirido à família Almada, recorrendo-se a várias acções para o conseguir[9]. Nessa linha surge a Lei n.º 1814, de 19 de Agosto de 1925[10] (substituída pelo Decreto n.º 15 251, de 26 de Março de 1928[11]) determinou que nos dias 10 e 11 de Abril, 30 de Novembro e 1 de Dezembro de cada ano, fosse usado um selo postal específico, cuja receita de venda reverteria para a aquisição do palácio e para as celebrações do centenário da Restauração da Independência, a celebrar em 1940, incluindo a realização de uma exposição internacional de carácter científico e histórico. Tal disposição termina precisamente ao chegar a essa data porque, na sequência dos dinheiros adquiridos com aquele diploma e de avultadas contribuições provenientes dos emigrados portugueses no Brasil, pelo Decreto-Lei n.º 29638, de 30 de Maio de 1939[12], foi autorizada a Direcção Geral da Fazenda Pública a efectuar a aquisição do imóvel para a Colónia Portuguesa do Brasil. A 25 de Agosto desse mesmo ano de 1939 foi assinada a escritura do edifício e em 24 de Novembro de 1940 foi solenemente entregue à SHIP, passando desde esse ano a ser a sua sede de facto e de direito[8]. Heráldica![]()
Presidentes da SHIP![]()
Condecorações e distinçõesAo longo da existência da SHIP foram-lhe concedidas as seguintes distinções:[15]
Referências
Ver também
Ligações externas |
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