Silvano (usurpador)
Silvano, também referido Flávio Silvano[1][nt 1] ou mais provavelmente Cláudio Silvano (em latim: Claudius Silvanus),[2][3][4] nascido na Gália[5] por volta de 310-320[6] e assassinado na Colônia Cláudia Ara Agripinense (Germânia Inferior) em 7 de setembro de 355,[7] foi um usurpador romano de ascendência franca. General de Constante II (r. 337–361), usurpou o poder na Gália por um mês em 355. BiografiaOrigem e carreiraSegundo o historiador Amiano Marcelino, Silvano era filho de Bonito, chefe franco que serviu a Constantino contra Licínio.[nt 2] Por isso, é um imigrante germânico da segunda geração, de aparente educação romana. Sua mãe era de origem incerta,[8] talvez de ascendência franca segundo Michel Rouche, ou uma aristocrata romana originária da Campânia segundo Jean-Pierre Joly, talvez uma parente de Marco Úlpio Silvano Genado.[8] Para Jean-Pierre Joly, que o chama "Clúdio Silvano", seu primeiro nome, germânico, foi "hipocorístico dum nome construído com um primeiro radical "Hlud"". Quando a "Silvano", talvez tenha recebido em honra ao general que comandava sua colônia sob o reinado de Galiano (r. 253–268) em 258-260.[6] Tribuno da escola das armaduras (tribunus scholae armaturarum)[6][5] na Gália, uma unidade de guardas fortemente armados (os instrutores), abandonou o exército do usurpador Magnêncio (r. 350–353) com seus cavaleiros alguns dias antes da batalha de Mursa Maior (setembro de 351) para tirar proveito de Constâncio II, o que contribuiu para a vitória deste último. Este fato incentivou sua carreira e de seu filho, que apareceu como um defensor leal do trono imperial.[8] A partir de 352-353,[nt 3] Silvano adquiriu a dignidade de conde e atuou como mestre da infantaria e cavalaria da Gália (magister peditum et equitem per Gallias).[8] Incapaz de restaurar a ordem no norte da Gália, Constâncio II decidiu nomeá-lo mestre da milícia da Gália, quando tinha pouco mais de trinta anos (ele é qualificado adulescentior - "jovem o suficiente" - em 353).[6] À frente de 8 000 auxiliares,[9][10][11] passou por Augustoduno em 354, libertou Augusta dos Tréveros (atual Tréveris), ameaçada pelos alamanos de Conodomário e instalou em Colônia Cláudia Ara Agripinense seu quartel-general.[12][13][14][15] Julgamento e usurpaçãoEm 355, enquanto lutava com os francos no Reno, foi vítima duma camarilha de oficiais. Por iniciativa de várias personalidades, dentre eles um colega ciumento - o mestre da cavalaria Arbício e Dinâmio, um personagem de origem humilde - cartas assinadas por Silvano foram falsificadas nais quais os convidava para usurpar o trono imperial, e elas foram apresentadas ao imperador Constâncio II em Mediolano.[8] Um grupo de aristocratas, na sua maioria compostos por oficiais de nível inferior, francos ou de origem franca, mas também pertencentes da Campânia, tomou sua defesa e exigiu a abertura de uma investigação. Entre eles, dois oficiais de origem franca, Malarico, tribuno comandante de uma unidade de guarda, os Tribais (Gentiles Franci), e Malobaldo, sucessor de Silvano para o posto de tribuno das escolas,[8][16] se propuseram a inocentar de Silvano, de modo que o primeiro permaneceu como refém, enquanto o segundo escoltou Silvano à Roma, de modo que pudesse defender-se. Após diversas maquinações, os falsificadores foram confundidos, porém Silvano, em pânico e mal informado, com medo de ser condenado por traição, se fez proclamar Augusto (sob o nome de imperador César Cláudio Silvano Augusto[17]) para Colônia Cláudia Ara Agripinense por seus soldados em 11 de agosto de 355 (de acordo com Amiano Marcelino), quatro dias após o pagamento de suas dívidas.[18] AssassinatoUma pequena delegação partiu de Mediolano, comandada por Ursicino e incluindo Amiano Marcelino, para Colônia Cláudia Ara Agripinense, fingindo honrar Silvano e suscitando seu assassinato entre alguns soldados - os braquiais e carnutes, das tropas auxiliares.[18] Quando ia à missa pela manhã, foi atacado em seu palácio por um bando de rebeldes que mataram seus guarda-costas. Silvano foi arrancado da capela cristã onde tinha fugido às pressas e massacrado.[7][19][20][21] Entre os seguidores de Silvano, Amiano relata Próculo, seu assistente privado (domesticus Siluanus), Pemênio, possivelmente um amigo franco (que foi escolhido pelos seus compatriotas para defender a multidão quando os tréveros fecharam as portas de sua cidade para o irmão de Magnêncio, o césar Decêncio), e os condes Asclepiodoto, Luto e Máudio,[22] os dois últimos de origem franca.[23] Eles foram torturados e executados com seus outros apoiantes.[24] Nascido nos anos de 340, seu filho teria permanecido em desgraça até o final de 370, quando o imperador, empreendendo uma luta contra os alamanos, concedeu-lhe perdão.[16] PosteridadeO historiador Eutrópio menciona brevemente a sua revolta da Gália entre a queda de Magnêncio e a nomeação de Juliano como césar, em menos de trinta dias.[25] Flávio Arbício ascendeu ao consulado em 355 e monopolizou parte da propriedade de Silvano. Por sua parte, Volusiano Lampádio tornou-se prefeito urbano de Roma, em 365.[8] O césar Juliano, que logo depois assumiu a administração da Gália, indica num panegírico que dedicou ao imperador que ele poupou a família e o jovem filho de Silvano.[26] No entanto, Amiano Marcelino relata que ele praticou tortura ao aparidor de Silvano, que resistiu e inocentou Silvano de qualquer complô, e executou várias figuras importantes.[27] Paul Petit vê neste trágico episódio um índice de tensões entre as autoridades civis e militares ocidentais da corte imperial de Mediolano.[28] Por sua vez, Heloísa Harmoy Durofil e Lellia Cracco Ruggini vê-lo como um exemplo de solidariedade e ciúmes étnico: um oficial de origem franca, Flávio Arbício, com ciúmes de seus sucessos militares que lhe valeram o favor imperial, e um aristocrata romano, Caio Ceônio Volusiano Lampádio, estão entre aqueles que o denunciaram; e um grupo de oficiais francos inferiores ou de origem franca o apoiaram, e também encontraram apoio na aristocracia romana de origem campana, talvez por suas origens maternais.[8][5] Notas
Referências
Bibliografia
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