Roberto Nunes Morgado
Roberto Nunes Morgado (São Paulo, 31 de maio de 1946 — São Paulo, 26 de abril de 1989) foi um contador[1] e árbitro brasileiro.[2] Polêmico, gostava de chamar a atenção durante os jogos[3] e assumidamente imitava o estilo espalhafatoso de Armando Marques.[1] Com 1,71 metro e apenas 59 kg,[4] e adepto de indicações exageradas dos lances, ficou conhecido como "Pantera Cor-de-Rosa".[3] Em um jogo entre Vasco e Ferroviário[4] pelo Campeonato Brasileiro de 1983, expulsou a Polícia Militar de campo (usando o cartão vermelho),[1] o que fez com que a Comissão Brasileira de Arbitragem exigisse um exame de sanidade mental do árbitro.[3] Levava o episódio na brincadeira: "Agora, sou o único juiz da praça que tem atestado de sanidade mental."[1] Ele tinha sido internado em uma clínica no ano anterior, com problemas psicológicos, e voltaria a ser internado em 1983 e em 1985.[5] Também ficara afastado da reta final do Campeonato Paulista de 1978, ao ser esfaqueado por dois assaltantes, justamente quando era o árbitro que mais tinha apitado no torneio.[6] Foi capa de uma edição da revista Placar em novembro de 1984, ilustrando a chamada "Juiz: santo ou ladrão?". O último jogo que apitou foi a segunda semifinal do Campeonato Paulista de 1987, entre São Paulo e Palmeiras, quando expulsou quatro palmeirenses e foi bastante criticado.[5] "É pena que o Morgado tenha arrumado toda aquela palhaçada", reclamou Nélson Duque, presidente do Palmeiras.[7] Acabou vetado para o Campeonato Brasileiro daquele ano ao não alcançar nota mínima em uma prova por escrito da Comissão Brasileira de Arbitragem de Futebol.[8] Em fevereiro do ano seguinte, foi internado no Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, com AIDS.[5] Abandonado pelos amigos e pela esposa,[4] morreu um ano depois. Homossexual assumido, ficou famoso por frequentar seguidamente a boca do lixo paulistana ao lado de um grupo de amigos. No entanto, viu a turma se afastar rapidamente quando foi detectado que era portador do vírus HIV.[9] Faleceu esquecido em um leito de hospital, distante até mesmo de sua família. Sobre seu enterro, o jornalista Dalmo Pessoa contaria, em 2015: "Um dirigente de um grande clube foi visitar o Morgado. Levou uma mala cheia de dinheiro. Queria que ele roubasse no jogo do domingo seguinte. Morgado mostrou a casa para o dirigente. Casa muito pobre, ele vivia com o pai, bem velho. Disse que era pobre e honrado e que não aceitava dinheiro algum. Quando ele morreu, eu fiz um discurso no túmulo e contei essa história. Foi um homem de bem."[10] Referências
Ligações externas
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