Religião citaReligião cita refere-se à mitologia, às práticas rituais e crenças dos citas, um antigo povo iraniano que dominou a estepe pôntico-cáspia ao longo da Antiguidade Clássica. O pouco que se conhece desta religião foi extraído da obra do historiador grego Heródoto, composta no século V a.C. Presume-se que a religião cita tenha relações com a religião proto-indo-iraniana que a antecedeu, e que tenha influenciado mitologias posteriores, como a eslava e a turcomana, bem como as tradições ossetas que, acredita-se, seriam descendentes diretas da mitologia cita. PanteãoDe acordo com Heródoto, os citas veneravam um panteão de sete deuses e deusas, que ele equiparou às divindades gregas da Antiguidade Clássica, seguindo a interpretatio graeca. Ele menciona oito divindades em especial, das quais a oitava é cultuada pelos Citas Reais, e apresenta seus nomes citas para seis deles assim:[1]
A estes, Heródoto acrescenta Héracles e Ares, um deus da guerra. Contexto arqueológicoO contexto arqueológico primário dos sacrifícios de cavalo está relacionado aos enterros, especialmente funerais de carros, porém as sepulturas com restos de cavalos datam até mesmo de períodos pré-históricos, chegando ao Eneolítico. Heródoto descreve a execução de cavalos durante o enterro de um rei cita, e sepulturas kurgan que datam da Idade do Ferro chegam a conter restos de centenas de cavalos. Os citas tinham algum tipo de reverência ao cervo, um dos motivos mais comuns em sua arte, especialmente na arte fúnebre. O ágil animal representaria a velocidade dos espíritos dos morts, o que talvez explique os curiosos chapéus com chifres de cervos encontrados em cavalos sepultados em Pazyryk. SacrifíciosA maneira com que eram realizados os sacrifícios entre os citas era, na opinião de Heródoto, relativamente simples. As vítimas a serem sacrificadas consistiam de diversos tipos de animais domésticos, embora a oferenda mais prestigiosa fosse o cavalo. O porco, por outro lado, nunca era oferecido como sacrifício, e aparentemente os citas até mesmo viam com repulsa a permanência de porcos em suas terras.[2] Heródoto descreve assim o sacrifício entre os citas:
Culto a "Ares"Embora Tabiti aparentemente fosse a divindade mais importante do panteão cita, o culto à divindade que Heródoto se referia como "Ares" era único. Segundo o autor, "erguem estátuas, altares e templos a Marte, e somente a este."[4] Ele descreve a construção do altar e o sacrifício realizado sobre ele assim:
De acordo com o historiador polonês Tadeusz Sulimirski, esta forma de culto continuou a ser realizada entre os descendentes dos citas, os alanos, até o século IV d.C.[6] EnareiOs enarei formavam uma casta privilegiada de sacerdotes hereditários que desempenhavam um papel político importante na sociedade cita, na medida em que eram vistos como detentores do dom da profecia, herdado diretamente da deusa Argimpasa.[7] O método empregado pelos enarei era diferente do praticado pelos tradicionais adivinhos citas; enquanto estes usavam um feixe de ramos de salgueiro, os enarei usavam faixas da casca da tília para prever o futuro. Os enarei também eram célebres por se vestir com roupas de mulheres, um costume que Heródoto afirmava estar refletido no título ena-rei, que ele traduzia para o grego como ἀνδρό-γυνοι, andró-gynoi, literalmente "homem-mulher".[7] Referências
Bibliografia
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