Polimerização catiônicaA química de polímeros é uma área da Química Orgânica que estuda materiais poliméricos como plásticos, borrachas e fibras, abordando suas características químicas, físicas, mecânicas, estruturas orgânicas, reatividade e as reações de polimerização dos diferentes materiais existentes no mercado. O processo de polimerização é um conjunto de reações em que moléculas simples (monômeros) reagem covalentemente entre si formando uma macromolécula de elevada massa molecular (polímero), que é obtida por diferentes tipos de reações de polimerização. Entre elas, tem-se a “polimerização iônica” que se subdivide em: polimerização catiônica, quando o carbono do centro ativo possui excesso de elétrons formando uma carga positiva (carbocátion) ou polimerização aniônica, quando o carbono do centro ativo possui ausência de elétrons formando uma carga negativa (carbânion). De modo geral, reações de polimerização iônicas, possuem características como:
Polimerização catiônicaNeste tipo de polimerização, a reação de crescimento em cadeia ocorre na presença de um carbocátion, necessitando de um catalisador com características do tipo ácido de Lewis, ou seja, receptores de elétrons que junto ao cocatalisador formarão um complexo de iniciação à polimerização. Características da reação:
Natureza dos monômerosOs monômeros passíveis de polimerização catiônica são aqueles que possuem substituintes em sua estrutura capazes de estabilizar o carbocátion formado (carga positiva), ou seja, substituintes de caráter doadores de elétrons e capacidade de estabilizar seja por meio do efeito indutivo ou de ressonância. Exemplos de monômeros com essas características são: isobutileno, estireno, ésteres alquílicos vinílicos. Natureza dos IniciadoresOs centros ativos não são gerados sozinhos espontaneamente em reações de polimerização catiônica, pequenas proporções massa/massa de iniciador são adicionadas as reações com o intuito de gerar a ausência de elétrons do centro ativo do monômero. O desequilíbrio do sistema reacional também pode levar a formação de centros ativos.
Ácidos de Brønsted, ácidos de Lewis unicamente ou em combinações com carbocátions externos, íons carbenos estáveis, radiação UV e gama (γ), reações fotoquímicas e campos elétricos elevados são alternativas de iniciadores que são escolhidos a depender do tipo de monômero e estrutura final desejada. Ácidos de Brønsted são ácidos próticos que podem ser utilizados como iniciador, porém pouco recomendado devido a necessidade de ter que gerar uma quantidade da espécie protonada elevada sem que gere espécies altamente nucleofílicas no meio. Mais comuns neste tipo de polimerização é a utilização de ácidos de Lewis (coiniciadores e receptores de elétrons) incluindo haletos metálicos (AlCl2, SnCl4, ZnCl2, TiCl4, FeCl3, FeBr3 e GaCl3) e organometálicos derivados (Et-AlCl2). A presença destes iniciadores normalmente é combinada com água, haletos de hidrogênio (protogênicos) e/ou haletos de alquila, ésteres, éter ou anidridos (catiogênicos). A utilização destes favorece a produção de polímeros de alta massa molar com alto rendimento, sendo a espécie nucleofílica gerada pela reação do ácido de Lewis muito fraca, tornando o centro carbocatiônico ativo sem que reajam entre si. Natureza dos solventesO tipo de solvente e sua respectiva quantidade é de suma importância para a polimerização catiônica, a ausência de afinidade com o iniciador tem que ser considerada para inibir a formação de complexos estáveis no meio, favorecendo assim a solvatação e a dissociação dos pares iônicos. É observado a relação da constante dielétrica do solvente e a estabilização do centro ativo, quanto maior a constante dielétrica, melhor será o produto da polimerização. Solventes comuns são: diclorometano, nitrobenzeno e THF Propagação da reação poliméricaAs propagações neste tipo de polimerização não se dão por meio da junção de dois polímeros já formados, mas sim por meio de sucessivas adições eletrofílicas a cadeia com o carbocátion e seu respectivo contra-íon. A estabilidade do centro ativo para sucesso da propagação normalmente é atingida através de baixas temperaturas (-100ºC a -80ºC). A carga positiva desestabiliza a ligação dupla do monômero próximo, forma-se uma ligação simples e transfere a carga positiva para a extremidade da cadeia, realizando a reação sucessivamente. Terminação da cadeia poliméricaA terminação relaciona-se diretamente com as pontas terminais do polímero formado, definida como “cadeia morta” e pode terminar de três formas distintas, sendo elas: 1ª transferência da carga para outro monômero sem a ligação simples: a cadeia polimérica transfere a carga para o monômero próximo, porém distante o suficiente para que não haja o encadeamento da cadeia em crescimento, favorecendo o crescimento de uma nova cadeia e encerrando-se o crescimento da antiga. 2º Rearranjo com o contra-íon: A formação de uma ligação dupla na ponta da cadeia, transferindo a carga para o contra-íon. 3º Terminação forçada: Adição de nucleófilos fortes com a intenção de remover o centro ativo, forçando o encerramento da polimerização. Demonstração de mecanismosO mecanismo de polimerização catiônica ocorre em uma série de etapas que envolvem a formação e crescimento de cadeias poliméricas a partir de monômeros catiônicos. Abaixo, serão descritos as etapas do mecanismo passo a passo:
Diferenças e vantagens da polimerização catiônica em comparação com outros métodosO processo de polimerização por adição apresenta diferentes mecanismos. Se a decomposição do iniciador levar à formação de radicais livres, diz-se que o mecanismo de polimerização por crescimento em cadeia é via radical livre. No entanto, se o iniciador se decompuser em íons, o mecanismo é por via iônica, podendo ser aniônico ou catiônico, dependendo do íon responsável pela polimerização. A escolha do mecanismo é determinada pelas características e condições reacionais específicas. No processo de polimerização radicalar, a iniciação ocorre pela decomposição térmica ou fotoquímica do iniciador, que pode ser um peróxido orgânico, um hidroperóxido ou um azocomposto. A homólise de uma ligação covalente na molécula do iniciador resulta na formação de radicais livres, espécies químicas reativas e instáveis com elétrons desemparelhados. Adicionalmente, a iniciação em sistemas via radical livre também pode ocorrer por reações de oxirredução. Essa abordagem permite a realização da reação a temperaturas mais baixas, minimizando reações secundárias indesejáveis. No caso da polimerização iônica, a iniciação é conduzida através da ruptura heterolítica de uma ligação covalente no iniciador, gerando cátions e ânions. Esses íons atuam como espécies ativas no processo de crescimento em cadeia. Os sistemas de polimerização via catálise envolvem a combinação de um reagente doador com um reagente aceptor de elétrons. Nesse caso, não há a cisão da espécie ativa, e o complexo catalítico age diretamente sobre o monômero na iniciação. Muitos monômeros podem iniciar a polimerização de maneira espontânea quando aquecidos, sem a necessidade de iniciadores. Essa polimerização é frequentemente desencadeada pela homólise térmica de impurezas presentes no monômero. No entanto, a taxa dessa polimerização espontânea é geralmente menor do que a polimerização iniciada via decomposição de um iniciador. Tabela comparativa polimerização por adição:
Vantagens
Referências[1] Ciência dos polímeros – Sebastião V. Canevarolo Jr, 2ªed, pág. 116 e 117. http://www.ifba.edu.br/professores/iarasantos/QUI%20541_Qu%C3%ADmica%20de%20pol%C3%ADmeros/LIvros/Cie%CC%82ncia%20dos%20polimeros%20-%20Canevarolo%20Jr.,%20Sebastia%CC%83o%20V..pdf [2] Polimerização “iônica”, polímeros vivos – Disciplina Estrutura e propriedades dos materiais poliméricos - Antonio J. F. de Carvalho - Aula USP https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5687078/mod_resource/content/1/Aula%20-%204.pdf [3] Estudo da cura e do comportamento reológico de sistemas poliméricos altamente reforçados em estereolitografia. Gaspar, Jorge Manuel Brites - Tese de mestrado em engenharia de polímeros – Universidade de Minho - PT. pág 92 a 94. https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/6257/1/Tese_final.pdf [4] POLIMERIZAÇÃO CATIÔNICA EM SOLUÇÃO E MINIEMULSÃO MEDIADA POR LÍQUIDOS IÔNICOS IMIDAZÓLICOS. Agner, TAMARA – Dissertação de Doutorado em Engenharia Química – UFSC. Pág 36 a 41. https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/206001/PENQ0809-T.pdf?sequence=-1&isAllowed=y [5] CANEVAROLO JUNIOR, S. V. Ciência dos polímeros: um texto básico para tecnólogos e engenheiros. 2. ed. rev. e amp. São Paulo: Artliber Editora, 2006. [6] MACHADO, A. C. S. D. V. Síntese e Caracterização de Oligômeros Termossensíveis Com Grupos Terminais Reativos Via Polimerização Radicalar Controlada. Programa De Pós-Graduação em Engenharia Química - Dissertação De Mestrado Belo Horizonte - Mg fev/2012; https://repositorio.ufmg.br |
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