Película adquiridaA Película adquirida é uma fina camada acelular que forma a base para adesão dos microrganismos que posteriormente desenvolvem a placa bacteriana. Tem papel importante na formação de manchas brancas extrínsecas na superfície dentária, e supõe-se que dê uma permeabilidade seletiva e participe no reparo e proteção da superfície do esmalte. Quando um corte de placa bacteriana é visto através de uma micrografia eletrônica de transmissão, uma fina camada acelular e levemente agranular é vista entre a bactéria e a superfície do esmalte. Esta fina camada, a película adquirida, tem uma importante e algumas essencial participação nos eventos que ocorrem na superfície dentária, e que algumas vezes resultam na formação da lesão cariosa. GeneralidadeA película adquirida é uma cutícula não desenvolvida e deve ser distinguida das cutículas e membranas que cobrem os dentes por um pequeno período de tempo após a erupção. Deve ser também diferenciada dos tegumentos que recobrem outras estruturas, tais como as membranas mucosas, materiais de obturação ou qualquer outro material exposto à saliva. FormaçãoSe a superfície do esmalte limpa for exposta à saliva, em questão de segundos, torna-se-á recoberta por um filme orgânico. Tanto estudos in vivo quanto in vitro têm demostrado que proteínas salivares constituem a maior parte deste filme orgânico ou película[1][2][3]. e a adsorção seletiva de proteínas salivares é o provável mecanismo pelo qual a película é formada. Bernardi & kawasaki[4], apresentaram um conceito sobre o mecanismo de interação de proteínas com hidroxiapatita. A superfície de hidroxiapatita é anfótera, o que significa que se liga igualmente bem a proteínas ácidas ou básicas. Proteínas ácidas podem ser desadsorvidas pelos fosfatos e outros ânions e proteínas básicas podem ser desadsorvidas pelo cálcio. Cargas da superfície do esmalteA carga líquida da superfície de um sólido depende da disposição e da magnitude das cargas dos grupos químicos deste sólido. Os vários grupos químicos que formam a hidroxiapatita são arranjados com os grupos de fosfato localizados próximo da superfície e os grupos de cálcio mais ou menos protegidos pelas cargas negativas dos grupos fosfatos. A superfície de hidroxiapatita tem consequentemente carga elétricas negativas. Camada de hidrataçãoQualquer superfície carregada quando imersa em água, atrairá íons de cargas opostas. Esses íons formam uma cobertura ou camada muito próxima a essa superfície, permanecendo essa situação, enquanto a superfície estiver banhada pelo líquido. Quando imersa em saliva, a carga opostas da superfície do esmalte é então, imediatamente, neutralizada por uma camada de íons de carga opostas, os chamados íons de oposição . A camada de íons de oposição é por sua vez chamada de hidratação ou stern. A composição real dos íons na camada de hidratação dependerá de alguns parâmetros como o pH, força iônica e os tipos de íons presentes na solução. Porém, a camada de hidratação normalmente presente na superfície do esmalte consiste principalmente em cálcio e há mais íons de cálcio do que de fosfato. Uma composição perto de 90% de cálcio e algo em torno de 10% de fosfato tem sido sugerida como a composição normal da camada de hidratação do esmalte. No entanto, é esperável a presença de pequenas proporções de outros íons, cátions e ânions[5]. Enquanto banhada pela saliva, a superfície de esmalte é recoberta por uma camada formada principalmente de íons de cálcio com alguns grupos fosfato intermesclados e é com essa camada que s substâncias da saliva que vão formar posteriormente a película adquirida, reagem principalmente. Mecanismos da adsorção de proteínasO uso de íons de oposição marcados radioativamente na adsorção experimental tem mostrado que proteínas dentro de um certo limite liberam os íons na camada de hidratação e formam interações com a superfície e em menor extensão, com os fosfatos da camada de hidratação. Essas informações parecem indicar que todas as proteínas que apresentam grupos químicos carregados similarmente podem interagir igualmente bem com a hidroxiapatita. Apesar das cargas serem os determinantes primários, a forma das moléculas e a distribuição dos grupos carregados dentro das moléculas são decisivos para as interações com a hidroxiapatita. Em um período posterior, quando a camada inicial já foi adsorvida, outras interações, como as ligações de hidrogênio e as interações hidrófobas, podem ocorrer. A afinidade relativa dos grupos químicos com a hidroapatita foi estudada por Bernardi et al., que fizeram um extenso trabalho com um modelo de sistema, no qual estudaram os efeitos da interação de polipeptídios sintéticos com a hidroxiapatitas. As macromoléculas com maior afinidade foram aquelas com as cadeias laterais carregadas. Nível de formação e espessuraA união das primeiras poucas moléculas da película adquirida com a superfície do esmalte é provavelmente instantânea e a superfície do esmalte limpa será presumivelmente coberta em questões de alguns segundos ou menos. Portanto , o esmalte atacado por ácido irá perder a maior parte da sua habilidade de formar interações com materiais de obturações do tipo compósito, se a saliva entrar em contato com essa superfície condicionada do esmalte impede a penetração do compósito nessa superfície. O período de tempo requerido para a película alcançar sua espessura máxima não é conhecida, e há indicações de que o seu nível de formação pode variar de um indivíduo para o outro, e até no mesmo em indivíduos diferentes. Foram feitas poucas tentativas para medir o seu nível de formação, mas os resultados parecem mostrar que a película cresce em espessura durante as primeiras duas horas e que este decai ou continua a um nível muito mais lento. Contudo, estudos in vitro demonstraram diferenças funcionais entre as películas formadas em 7 dias em comparação com as que se formaram durante 2 horas, o que indica que mudança na composição ou na espessura, ou ambos, podem ocorrer após um período de duas horas. Referências
Bibliografia
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