A Parada da Diversidade e a Marcha pela Diversidade de Curitiba são eventos anuais que ocorrem na capital do Paraná, em que a comunidade celebra a diversidade sexual e de gênero, a história, a cultura e a luta pelos direitos LGBT.[1][2]
História
Considerada a primeira parada LGBT no Brasil, o evento era inicialmente chamado como parada gay ou GLT (gays, lésbicas e travestis), que ocorreu no dia 31 de janeiro de 1995.[3][4] A Parada GLT de Curitiba foi organizada em conjunto com a fundação da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis (ABGLT),[5] que continua a ser uma das principais entidades de luta pelos direitos LGBTQIA+ no Brasil.[6] O evento contou com a participação de mais de 500 pessoas e 40 grupos de diversas partes do Brasil. A concentração ocorreu na Praça Santos Andrade, e a marcha percorreu as ruas principais do centro da cidade, com discursos na famosa Boca Maldita.[7]
Após a primeira Parada GLT em 1995, Curitiba continuou a sediar eventos anuais que cresceram em tamanho e importância. A parada tornou-se um evento significativo no calendário da cidade, atraindo milhares de participantes a cada ano. Durante a década de 2000, a Parada da Diversidade de Curitiba começou a ganhar mais visibilidade e apoio da mídia local, aumentando a participação e a conscientização sobre os direitos.[8]
O evento foi renomeado para "Parada da Diversidade" em 2005,[9] quando a Associação Paranaense da Parada da Diversidade (APPAD) começou a organizar o evento.[10] Desde então, a APPAD tem sido responsável pela organização da parada,[11] com o apoio de outras organizações, promovendo a visibilidade e os direitos da comunidade LGBTQIA+ em Curitiba e no Paraná.[12][13]
Em 2015, a Parada celebrou 15 anos com um recorde de participação, destacando a importância da luta contínua pelos direitos e igualdade.[14][15]
O Grupo Dignidade,[16] que organizava a parada anteriormente,[17][18] iniciou também uma Marcha pela Diversidade em Curitiba em 2016,[19][20] acontecendo em paralelo à Parada da Diversidade.[21] Segundo Toni Reis,[22] a marcha comemora o Dia Internacional de Combate à Homofobia.[23] Porém, em anos posteriores, a marcha também fez referência ao Dia Internacional do Orgulho LGBT.[24]
Em 2020, a parada foi realizada virtualmente devido à pandemia de COVID-19.[25]
Em julho 2022,[23] foi retomada a marcha em homenagem ao mês do orgulho.[26] Após a marcha, foi também realizada a parada em novembro.[27] O evento foi interrompido, após Laurize Oliveira, uma DJ, cair de um trio elétrico e morrer.[28][29]
Em 10 de dezembro de 2023, a Parada da Diversidade em Curitiba foi multada em R$ 13.024,74 pela Prefeitura de Curitiba. A multa foi aplicada à União das Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais do Paraná (UNALGBTPR) por realizar o evento sem a licença específica exigida pela legislação municipal.[30] A UNALGBTPR afirmou que tentou obter a autorização necessária, mas não obteve resposta da prefeitura a tempo. Decidiram, então, realizar o evento como um ato político na Rua Marechal Deodoro, no centro da cidade, com toda a estrutura de segurança necessária. A organização considera a multa uma medida política e arbitrária, destacando a importância cultural e histórica da Parada da Diversidade, que ocorre há mais de 20 anos em Curitiba.[31] Em agosto de 2023, um vereador de Curitiba apresentou um projeto de lei que visava proibir a participação de crianças e adolescentes em eventos LGBTQIA+, como as paradas do orgulho.[32][33] A proposta encontrou resistência, com a procuradora jurídica da Câmara de Curitiba apontando possíveis inconstitucionalidades no texto.[34][35]
Os eventos geralmente acontecem desde a Praça 19 de Dezembro até a Praça Nossa Senhora de Salete, em frente a Assembleia Legislativa do Paraná.[36][37]
Referências
- ↑ Netto, Chamiço; Luiz, Roberto (2022). «Diversidade sexual e de gênero na formação e prática docente: desafios e possibilidades com a prática cineclubista Curitiba 2022». Consultado em 10 de dezembro de 2024
- ↑ Diversidade, Associação Paranaense da Parada da (2009). «Guia de advocacy e prevenção em HIV/ AIDS: gays e outros homens que fazem sexo com homens»: 100–100. Consultado em 10 de dezembro de 2024
- ↑ Costa, Patrícia Rosalba Salvador Moura; Passos, Gladston Oliveira dos; Melo, Marcos Ribeiro de (30 de junho de 2023). «Folia, Arte e Militância em Terras Sergipanas: do Baile dos Artistas à Parada do Orgulho LGBT». Revista TOMO: e18777–e18777. ISSN 1517-4549. doi:10.21669/tomo.v42i.18777. Consultado em 10 de dezembro de 2024
- ↑ «Há 20 anos, Curitiba sediou a primeira parada gay do Brasil». Revista Lado A. 30 de junho de 2015. Arquivado do original em 6 de maio de 2021
- ↑ Gomes, José Cleudo; Zenaide, Maria de Nazaré Tavares (2019). «A trajetória do movimento social pelo reconhecimento da cidadania LGBT». Portal de Periódicos do IFRS. doi:10.35819/tear.v8.n1.a3402
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- ↑ Marques, Pedritta Marihá Garcia | Revisão: Ricardo. «Marcha pela Diversidade pode se tornar Patrimônio Cultural Imaterial de Curitiba — Portal da Câmara Municipal de Curitiba». www.curitiba.pr.leg.br. Consultado em 10 de dezembro de 2024
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- ↑ Reis, Aline (23 de agosto de 2024). «Parada LGBTI+ acontece domingo em Curitiba e terá tom político -». Consultado em 10 de dezembro de 2024
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