Orla Conde
A Orla Prefeito Luiz Paulo Conde, popularmente conhecida como Orla Conde ou Boulevard Olímpico, é um calçadão situado na Zona Central da cidade do Rio de Janeiro, às margens da Baía de Guanabara. Com cerca de 3,5 km de extensão e 287 mil m² de área, estende-se pelos seguintes bairros: Centro, Gamboa e Saúde.[1] A orla foi gradualmente inaugurada entre 2015 e 2017, ocupando a área que antes ficava sob o Elevado da Perimetral, além de substituir parte da Avenida Rodrigues Alves. Sua abertura pôs fim a 252 anos de acesso restrito, em um trecho da orla, a militares do 1º Distrito Naval.[2] O passeio público, situado entre o Armazém 8 do Cais da Gamboa e o Largo da Misericórdia, percorre diversos pontos culturais, dos quais quatro deles foram construídos justamente para fomentar a região como um pólo de entretenimento e turismo: o Museu de Arte do Rio (MAR), o AquaRio, o Mural Etnias e o Museu do Amanhã.[3] Diversas praças integram a orla, entre elas a Praça Mauá e a Praça XV.[4] Além de novos espaços culturais, a orla também ganhou infraestrutura para adaptar-se à missão de área turística, recebendo a instalação de 206 postes de iluminação de LED, a colocação de 153 bancos e o plantio de 463 árvores, além da instalação de trilhos elétricos para a alocação de quatro paradas do VLT Carioca: Utopia AquaRio, Parada dos Navios/Valongo, Parada dos Museus e Praça XV.[5] O nome da orla é uma homenagem a Luiz Paulo Conde, ex-prefeito da cidade do Rio de Janeiro e ex-vice-governador do estado do Rio de Janeiro.[6] O prefeito do Rio de Janeiro na época do batismo, Eduardo Paes escolheu o nome para o boulevard devido ao fato de Conde ser, para Paes, o grande inspirador das transformações urbanas que ocorreram durante os seus dois primeiros mandatos como prefeito carioca.[7] HistóriaPouco tempo após assumir o cargo de prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes planejara, em 2010, demolir parte do Elevado da Perimetral, substituindo-o por um mergulhão, como parte das obras do Porto Maravilha.[8] Todavia, no dia 24 de novembro de 2011, o prefeito anunciou que o elevado seria demolido em sua totalidade e não apenas um trecho dele.[9] Para substituir o Elevado da Perimetral, foram construídas duas vias de trânsito: a Via Binário do Porto e o Túnel Prefeito Marcello Alencar. Originalmente, em grande parte da área antes sob o Elevado da Perimetral, previa-se a construção de um passeio público com 2,6 km de extensão e 61 mil m² de área. O novo parque seria arborizado, contaria com uma ciclovia e permitiria a passagem de composições do VLT Carioca.[10] Em 19 de agosto de 2015, o então prefeito Eduardo Paes anunciou que o novo logradouro receberia o nome de Luiz Paulo Conde, ex-prefeito da cidade do Rio de Janeiro.[6] O parque linear foi aberto por trechos: em 6 de setembro de 2015, foi entregue uma parte da Praça Mauá reurbanizada;[11] no dia 3 de abril de 2016, o trecho que margeia o 1º Distrito Naval foi aberto;[12] em 7 de maio de 2016, um antigo trecho da Avenida Rodrigues Alves foi incorporado à orla;[13] 22 dias depois, passaram a fazer parte do boulevard a Praça XV, o Largo da Misericórdia e a Praça Marechal Âncora;[14] entre julho e agosto do mesmo ano, a Praça Muhammad Ali e o Largo da Candelária foram entregues à população;[15][1] e em 2017, a Praça Barão de Ladário foi reaberta e incorporada ao passeio.[16] Em novembro de 2017, um trecho de 319 metros da orla, nas proximidades do 1º Distrito Naval, recebeu um guarda-corpo feito de aço galvanizado. O guarda-corpo, que custou R$ 104.724,69 à Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (CDURP), possui 1,1 metro de altura e foi pintado com tinta epóxi cinza.[17] Anteriormente, a Marinha do Brasil havia instalado grades de ferro no trecho a fim de garantir a segurança de quem frequenta o boulevard, medida que gerou repercussão negativa.[18] Em janeiro de 2022, foram iniciadas obras de recuperação da Orla Conde ao longo de toda a sua extensão, com previsão original de duração de quatro meses. A CDURP, para tal finalidade, contratou empresa especializada para reparação dos danos. As obras visaram a recuperação de calçadas, praças e vias de serviço do boulevard, a recomposição de seu paisagismo e a instalação de 300 novos balizadores para coibir a circulação de veículos na Orla, causadores de danos no piso. A manutenção da Orla havia sido retomada em 2021 pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro após anos de desleixo.[19] TrechosPraça MauáO primeiro trecho da Orla Conde foi aberto no dia 6 de setembro de 2015, com a reabertura da Praça Mauá que, além de ser revitalizada, teve sua área ampliada, de 4 mil m² anteriormente para 25 mil m². Revitalizada após a demolição do Elevado da Perimetral, a praça passou a contar com 5 canteiros de flores, 80 bancos, 58 árvores e 50 postes de iluminação.[11] A Praça Mauá é cruzada por um trecho de 560 metros de trilhos por onde circulam as composições do VLT Carioca.[11] No centro da praça, está localizada a estátua de Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá. A estátua, obra do escultor brasileiro Rodolfo Bernardelli, tem 2,6 metros de altura, possui uma massa de 800 kg e é sustentada por uma coluna de 4,5 metros de altura.[20] Em seus arredores, situam-se: o Museu do Amanhã, um museu projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava e situado no Píer Mauá; o Museu de Arte do Rio (MAR), composto por dois prédios ligados por uma passarela suspensa; o Edifício Joseph Gire, antiga sede do jornal vespertino A Noite; a Parada dos Museus, que permite o embarque e o desembarque de passageiros das composições do VLT Carioca; dentre outras edificações. Contorno do 1º Distrito NavalNo dia 3 de abril de 2016, um trecho de 600 metros e 23.627 m² de área que contorna o 1º Distrito Naval foi aberto, permitindo a circulação livre, antes restrita a militares, entre a Praça Mauá e a Praça Barão de Ladário. A criação do passeio foi possível após um acordo celebrado entre a prefeitura do Rio de Janeiro e o comando do 1º Distrito Naval.[12] O trecho ganhou um mobiliário urbano e um paisagismo diferenciado do resto da orla, de modo que é possível encontrar exemplares de pata-de-vaca, ipê amarelo, pau-brasil e pitanga em seus jardins. O trajeto também conta com uma passagem de madeira em forma de bumerangue de 70 metros sob a ponte que dá acesso à Ilha das Cobras.[12] O Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, situado na Ilha das Cobras e principal centro de manutenção da Marinha do Brasil, e o Mosteiro de São Bento, um dos principais monumentos de arte colonial da cidade, podem ser contemplados por quem contorna o 1º Distrito Naval. O Museu do Amanhã também ganha destaque neste trecho da orla.[21] Avenida Rodrigues AlvesUm antigo trecho da Avenida Rodrigues Alves, entre os armazéns 1 e 6 do Porto do Rio de Janeiro, foi incorporado à orla no dia 7 de maio de 2016. Com 1 km de extensão e 57 mil m² de área, tornou-se um parque arborizado, passando a contar com 460 árvores, 51 canteiros e alguns deques. Em parte do calçadão, ficam os trilhos por onde circulam composições do VLT Carioca.[21] Em seus arredores, situam-se: o Mural Etnias, um painel de 2.500 m² pintado pelo artista Eduardo Kobra;[22] a Estação Marítima de Passageiros do Porto do Rio de Janeiro, que recebe turistas durante a temporada de navios de cruzeiro; a Parada dos Navios/Valongo, que permite o embarque e o desembarque de passageiros das composições do VLT Carioca; dentre outros pontos de interesse. Praça XVVer artigos principais: Praça XV (Rio de Janeiro), Praça Marechal Âncora e Largo da Misericórdia (Rio de Janeiro)
A Praça XV, junto com a Praça Marechal Âncora e o Largo da Misericórdia, foram incorporadas ao passeio público em 29 de maio de 2016 após serem revitalizadas por um projeto urbanístico que homenageia o antigo Mercado de Peixes da Praça XV. Somando 77.978 m² e 777 metros de extensão, as praças contam com um total de 360 m² em deques de madeira e 50 mil m² de granito, incluindo ainda 161 bancos e 27 lixeiras.[14] Em seus arredores, situam-se: o Ancoramar, um restaurante cuja culinária é especializada em peixes e frutos do mar; o Paço Imperial, um edifício colonial que foi a residência dos governadores da Capitania do Rio de Janeiro entre 1743 e 1763; o Museu Histórico Nacional, um museu cujo acervo é constituído por cerca de 300 mil peças utilizadas no estudo, preservação e divulgação da História do Brasil; a Parada Praça XV, que permite o embarque e o desembarque de passageiros das composições do VLT Carioca; dentre outras edificações. Praça Muhammad AliVer artigo principal: Praça Muhammad Ali
Situando-se entre os armazéns 6 e 8 do Cais da Gamboa, a Praça Muhammad Ali foi inaugurada no dia 17 de julho de 2016, somando 21.861 m² e 416 metros de extensão à orla.[15] A praça conta, desde janeiro de 2017, com um parquinho moderno, que oferece uma opção a mais de entretenimento a jovens e crianças que passam pela área.[23] Em seus arredores, situam-se: o AquaRio, um aquário público que conta com 4 milhões de litros de água salgada e 8 mil animais marinhos de 350 espécies diferentes; o Armazém da Utopia, um centro cultural localizado no Armazém 6 do Cais da Gamboa; e a Parada Utopia AquaRio, que permite o embarque e o desembarque de passageiros das composições do VLT Carioca. Largo da CandeláriaVer artigo principal: Largo da Candelária
O Largo da Candelária, onde se situa uma das piras que recebeu a Chama Olímpica durante os Jogos Olímpicos de Verão de 2016, foi reaberto ao público em 5 de agosto de 2016. Com 42.463 m², foi o último trecho da Orla Conde a ser aberto em 2016, tornando possível a circulação, a pé ou de bicicleta, entre o Aterro do Flamengo e o Armazém 8 do Cais da Gamboa.[1] Em seus arredores, situam-se: a Igreja da Candelária, um templo católico palco do Comício da Candelária e da Chacina da Candelária; a Casa França-Brasil, um pólo de difusão de cultura e referência em arte contemporânea;[24] o Centro Cultural Banco do Brasil, um centro cultural gerido pelo Banco do Brasil; o Espaço Cultural da Marinha, que abriga parte do acerco da Marinha do Brasil; e o Centro Cultural dos Correios, um centro cultural gerido pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Praça Barão de LadárioVer artigo principal: Praça Barão de Ladário
No dia 20 de março de 2017, a Praça Barão de Ladário, antes fechada em virtude das obras do Túnel Prefeito Marcello Alencar e do Túnel Rio450, foi reaberta e incorporada à orla. Ocupando 2.150 m² de área, a praça conta com uma vegetação composta de Bromélia Imperial, Orquídea-Bambu e Ipê Amarelo, além de capim. O piso de mosaico é composto por granito, pedras, paralelepípedos e grama.[16] A praça, originalmente inaugurada em 1936, recebeu seu nome em homenagem a José da Costa Azevedo, o Barão de Ladário, que foi o último ministro da Marinha do Segundo reinado. Ao longo de sua vida, também desempenhou as funções de deputado geral e de senador da República. Equipamentos culturaisNa Orla Conde estão situados diversos centros culturais e espaços de interesse público, tanto históricos quanto modernos, da Zona Central da cidade do Rio de Janeiro. Outros equipamentos situam-se nas proximidades do passeio público, dos quais todos são históricos.[25] A lista destes equipamentos está a seguir:
Jogos Olímpicos de Verão de 2016Em virtude dos Jogos Olímpicos de Verão de 2016, a orla recebeu uma das piras olímpicas que foram acendidas no dia 5 de agosto de 2016. Após a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Verão de 2016, ocorrida no Estádio do Maracanã, a Chama Olímpica foi levada, por um garoto de 14 anos, até a pira, situada no Largo da Candelária.[26] A pira, que se movimenta com o vento, foi criada pelo artista norte-americano Anthony Howe, conhecido por suas esculturas cinéticas cheias de efeitos visuais produzidos através dos movimentos de sua obra.[27] Foi apelidada de "Pira do Povo" por ser a primeira pira a estar situada fora de um Estádio Olímpico e ser mais acessível ao público. A Orla Conde, nessa época, contou com três palcos, onde grandes nomes da música brasileira realizavam shows dos mais variados ritmos: o Palco de Encontros, na Praça Mauá; o Palco Tendências, na Praça XV; e o Palco Amanhã, no trecho da Avenida Rodrigues Alves incorporado ao boulevard. O passeio público também contou com telões em alta definição, onde o público podia acompanhar as transmissões ao vivo das competições em curso.[28] Planos futurosQuiosquesA prefeitura do Rio de Janeiro pretendia, durante a gestão do prefeito Marcelo Crivella, instalar cerca de 26 quiosques na Orla Conde, que atuariam como estruturas definitivas para alimentação e venda de souvenir ao longo do passeio público. O objetivo dos quiosques seria complementar a revitalização da região e consolidar a vocação turística do Boulevard Olímpico. A implementação destes 26 quiosques tinha previsão de ser iniciada no segundo semestre de 2017 e concluída no primeiro semestre de 2018.[29] Outros 27 quiosques estavam planejados para serem erguidos em uma fase posterior, somando no final 53 quiosques que seriam instalados aproximadamente a cada 65 metros.[30] Junto, estava prevista a criação de áreas de uso comum destinadas a alimentação e lazer, que contariam com mesas, cadeiras e ombrelones. Em editorial, o jornal O Globo criticou os planos de implementação dos quiosques. Segundo o jornal, os quiosques seriam um desincentivo a futuros empreendedores das proximidades do passeio público, que sofreriam a concorrência direta desses pontos de venda, além de desestimularem a ocupação dos imóveis degradados da região. O editorial destacou ainda a poluição visual e o risco de desordem pública que seriam acarretados com o excesso de quiosques na Orla Conde.[31] ExpansãoA prefeitura do Rio de Janeiro, sob a gestão do prefeito Marcelo Crivella, pretendia expandir o Boulevard Olímpico do AquaRio até a altura da Rodoviária Novo Rio. O novo trecho, de cerca de 2,5 km, seria feito em parte do Cais da Gamboa, na porção que margeia a Avenida Rodrigues Alves, e tornaria a Orla Conde "o maior boulevard do mundo", com aproximadamente 6,0 km de extensão. Para que isso fosse feito, o ex-ministro dos Transportes Maurício Quintella, quando era o titular da pasta, havia criado um grupo de trabalho a fim de preparar a municipalização de todo o Cais da Gamboa, incluindo o Terminal de Cruzeiros.[32] Pretendia-se, entre outras coisas, realizar a instalação de museus, de restaurantes e de bares na nova área da Orla Conde. O projeto de municipalização do Porto do Rio de Janeiro, que contempla o Cais da Gamboa, foi apresentado no dia 31 de março de 2017 pelo prefeito Marcelo Crivella. Segundo o projeto, o município passaria a ser a Autoridade Portuária Municipal, assumindo a articulação e a supervisão das atividades portuárias.[33] A municipalização seria baseada na experiência do Porto de Roterdã, o mais importante em atividade econômica na Europa. No Porto de Roterdã, a autoridade é formada por diversas empresas que, em pool, tem uma administração central: a Agência Portuária. Essas empresas administram o porto, propriedade da cidade de Roterdã, porém a gestão é feita por terceiros por intermédio de concessão. Caso o Porto do Rio de Janeiro fosse municipalizado, seria esse o modelo a ser adotado.[34] Ver tambémReferências
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