Era o segundo avião mais pesado a operar embarcado, imediatamente a seguir à aeronave substituída, iniciou a sua carreira operacional em Junho de 1961 e realizou o seu primeiro cruzeiro a bordo do USS Enterprise (CVN-65) em Fevereiro de 1962. Empregue na sua função original (como bombardeiro) durante um curto período de tempo, desempenhou outras funções como plataforma de guerra electrónica e foi talvez a mais eficaz e bem sucedida aeronave de reconhecimento aéreo dedicado, na história da aviação naval.
Tal como a maioria da aeronaves militares contemporâneas, foi também envolvido extensivamente na guerra do Vietname na função de reconhecimento aéreo táctico, inicialmente apenas na metade sul do Vietname, devido ao receio norte-americano de perder unidades militares recheadas de tecnologia avançada, posteriormente foi também utilizado na metade norte onde e apesar do muito útil e excelente desempenho, foi a aeronave com a maior taxa de perdas da US Navy durante o conflito vietnamita.
Retirado oficialmente desde 20 de Novembro de 1979, permanece como uma das aeronaves mais elegantes e impressionantes, que operou quotidianamente no convés dos porta-aviões norte-americanos ao longo de quase duas décadas. Devido à sua versatilidade, sofisticação tecnológica e mecânica, continuaria (se operacional) a ser um avião extraordinário, mesmo pelos padrões actuais.
Origens
A génese do A-5 Vigilante surgiu da determinação da Marinha dos Estados Unidos em adquirir capacidade de ataque nuclear, utilizando o North American AJ Savage e o A-3 Skywarrior os quais rapidamente se tornaram obsoletos para as missões para as quais foram originalmente concebidos.
A North American em Novembro de 1953 iniciou um programa de desenvolvimento por iniciativa própria, liderado por Frank G. Compton, destinado a construir uma aeronave de características avançadas para a missão de bombardeamento nuclear.
A nova aeronave foi originalmente conhecida como NAGPAW (General Purpose Attack Weapon)[nota 1] e posteriormente recebeu a designação da empresa NA-233.[1]
Projecto e desenvolvimento
O projecto foi apresentado como um bimotor, monolugar dotado de aviónicos de combate avançados, desempenho ao nível de mach 2 em altitude e um inovador compartimento para transporte de uma arma nuclear, na parte traseira da fuselagem, sob a cauda e entre os exaustores dos motores, aumentando assim as hipóteses de sobrevivência à explosão atómica, no mesmo sentido foi ainda proposto pelos projectistas a adopção de um foguete alimentado pelo combustível do avião, ao qual era misturado peróxido de hidrogénio para se obter um acréscimo de velocidade instantânea sob a área do alvo logo após o lançamento da arma nuclear, o que de imediato foi posto de lado, devido a ser demasiado perigoso transportar e manusear a bordo de um navio uma substância desagradável, reactivo e instável.
Dado o interesse da Marinha dos Estados Unidos, foram alteradas no entanto pelo BuAer[nota 2] as especificações do projecto, passando a ser uma aeronave de penetração a baixa altitude, obedecendo aos seguintes critérios:
Capacidade de atingir velocidade supersónica equivalente ou superior a mach 2
Capacidade para descolar do convés de voo de um porta-aviões, assistido por catapulta, com o máximo de combustível e armamento, em condições de vento nulo.
Se estes dois critérios não eram insuperáveis, concilia-los numa única fuselagem era uma missão quase impossível, devido à incompatibilidade da baixa área alar, requerida para uso e parqueamento em porta-aviões e benéfica em velocidade supersónica e a área alar necessariamente maior, para produzir o efeito de sustentação suficiente em condições de vento nulo e optimizar o comportamento a baixa velocidade.[2]
Tudo teria sido diferente com a utilização de uma asa de geometria variável, solução que no entanto foi descartada logo no início , devido à falta de experiência e uma base de trabalho viável, o que se tornou num elemento crítico obrigando à adopção de uma asa de geometria fixa, que esteticamente agradável, era significativamente menos eficiente, ficando muito aquém dos objectivos requeridos.[3]
Face aos resultados apresentados, as regras foram novamente alteradas, passando a ser requerido uma aeronave com a missão primária, de penetração em velocidade supersónica a grande altitude e penetração a baixa altitude como missão secundária. Em face dos novos requisitos uma proposta revista, foi rapidamente apresentada ao BuAer no início de Abril de 1955, decorrendo daí a assinatura de uma carta de intenções a 29 de Junho de 1956 para a construção de dois protótipos, oficialmente designados YA3J-1, tendo a North American proposto o nome Vigilante para a nova aeronave.[4]
Inovação
Sob todos os aspectos o Vigilante foi um avião inovador introduzindo novas tecnologias ao nível aerodinâmico, estrutural e electrónico, algumas das quais só foram novamente aplicadas em aviões de produção, passadas quase duas décadas.
Cobertura da estrutura alar revestida em uma só peça em liga de alumínio e lítio.
Uso de nitrogénio em estado puro, substituindo o fluido hidráulico.
Canopy construída em acrílico à prova de colisão de aves
Revestimento em folha de ouro nos compartimentos do motor para reflectir o calor.
Electrónica
Primeira utilização do sistema de controlo de voo fly-by-wire em avião de produção não experimental.
Computador digital de navegação e bombardeamento.
Utilização operacional pela primeira vez do dispositivo HUD.[nota 3]
sistema automático de bombardeamento por navegação inercial auto-acoplado ao radar e câmara de televisão para verificação de coordenadas, previamente inseridas.
Primeira utilização de radar monopulso para seguimento do terreno, evitando obstáculos.
Pouco tempo depois de iniciada a actividade operacional embarcada, a estratégia da US Navy para o bombardeamento nuclear foi assumida pelos submarinos nucleares da classe Polaris. Após esta decisão os A-5 foram rapidamente relegados para missões de treino e retirados do activo como avião de ataque nuclear, até à entrada em serviço do versão de reconhecimento RA-5C.
Variantes
YA3J-1 / YA-5A, dois protótipos construídos, voou pela primeira vez a 31 de Agosto de 1958, com o chefe dos pilotos de teste da North AmericanDick Wenzel aos comandos.
A3J-l / A·5A, bombardeiro de ataque nuclear, em todas as condições meteorológicas dia e noite, baseado em porta-aviões, iniciou a actividade operacional a bordo do USS Enterprise (CVN-65) em Agosto de 1962. Construídos 57 exemplares.
A3J-2 / A-5B similar ao A3J-l / A·5A, mas incorporando um depósito central de combustível maior, e FLAPS de bordo de ataque,[nota 4] para aumentar a sustentação e estabilidade em baixa e muito baixa velocidade. Dezoito unidades encomendadas, mas devido à mudança, entretanto ocorrida, da missão atribuída ao Vigilante, a qual passou de ataque nuclear para reconhecimento estratégico, a produção foi mudada para a variante RA-5C e todos foram convertidos, dos quais os quatro primeiros serviram de protótipos (YRA-5C).
A3J-3 / RA-5C versão embarcada de reconhecimento estratégico, inicialmente produzidos 43 aeronaves, posteriormente encomendados mais 36, para reposição das perdas no conflito do Vietname bem como ao reconhecimento por parte da US Navy da sua indispensável actuação.
Produção
Detalhes da produção: A-5A e RA-5C Vigilante[6][7]
N.ºs de seríe
Quantidade
YA3J-1 / YA-5A
145157-145158
2
A3J-l / A·5A
146694-146702
147850-147863
148924-148933
149276-149299
9
14
10
24
A3J-2 / A-5B
149300-149317
18
A3J-3 / RA-5C
150823-150842
151615-151634
151726-151728
156608-156643
20
20
3
36
Total construído
156
Conversões
A-5A para RA-5C
43 modicados
A-5B para RA-5C
14 modicados
A-5B para YA-5C
4 modicados
YA-5C to RA-5C
4 modicados
Total convertido
65
Durante o período de serviço activo, foram perdidos no total 73 aeronaves de todas as versões, 18 devido a acções de combate, seis no decorrer de voos de teste ou de desenvolvimento e as restantes por falhas mecânicas ou acidentes operacionais ou ainda causas desconhecidas.
Todos os Vigilante sobreviventes foram sendo retirados gradualmente de serviço entre 1979 e 1980, quando o último dos 156 RA-5C construídos, foi retirado a 7 de Janeiro.
História operacional
O RA-5C iniciou o seu envolvimento no Sudeste Asiático em Agosto de 1964 e apenas na parte Sul do Vietname, devido aos receios Norte-Americanos de perderem aviões sofisticados, sobre o Vietname do Norte.[8] A evolução do conflito ditou no entanto, o seu uso sobre o Vietname do Norte, o que tornou o Vigilante a aeronave da Marinha dos Estados Unidos com a maior taxa de perdas. Ao todo, dezanove RA-5C Vigilante foram perdidos em combate de um total de 26 durante a guerra do Vietname.[9]
1 perdido em local não divulgado, também por caudas desconhecidas.
7 por causas não directamente relacionadas com acções de combate.
Trinta e uma comissões de serviço foram executadas pelos esquadrões de RA-5C Vigilante na Indochina. No início das operações os esquadrões eram constituídos por seis aeronaves, progressivamente esse número foi diminuindo, primeiramente para cinco, depois para quatro e finalmente no período 1974/1975 para três aviões por esquadrão.
J79-GE-4 - Nos A3J-1/A-5A de produção interina, na qual foi utilizado aço em substituição da liga de magnésio nos exaustores de escape e nas molduras frontais das tomadas de ar;
1× Bomba nuclear de queda livre Mark 27 ou B28 ou B43 em compartimento interno.
Notas
↑Acrónimo em Inglês de: Arma ofensiva de uso generalizado da North American.
↑Departamento da US Navy responsável, pelos projectos aeronáuticos, sua implementação e desenvolvimento bem como do armamento adjacente ao projecto. Em 1960 foi substituído temporariamente pelo BuWeps - Departamento de armas navais, que deu origem em 1966 ao SYSCOMs e finalmente ao actual NAVAIR
↑Painel transparente colocado sobre o painel de intrumentos do avião, ao nível dos olhos evitando que o piloto desvie o olhar, onde são apresentados dados relativos à condição de voo e ou situação táctica de combate.
↑A denominação mais comum (em aeronáutica) actualmente usada é: SLATS
↑Michael Grove e Jay Miller (1989). North American Rockwell A3J/A·5 Vigilante. [S.l.]: Midland Counties Publications. 48 páginas. ISBN0942548140
↑Robert Powell (1994). RA-5C Vigilante Units in Combat. [S.l.]: Osprey publishing. 17 páginas. ISBN1841767492
↑Robert Powell (1994). RA-5C Vigilante Units in Combat. [S.l.]: Osprey publishing. 74 páginas. ISBN1841767492
↑Robert Powell (1994). RA-5C Vigilante Units in Combat. [S.l.]: Osprey publishing. 87 páginas. ISBN1841767492
↑Michael Grove e Jay Miller (1989). North American Rockwell A3J/A·5 Vigilante. [S.l.]: Midland Counties Publications. pp. 21 e 22. ISBN0942548140
↑Michael Grove e Jay Miller (1989). North American Rockwell A3J/A·5 Vigilante. [S.l.]: Midland Counties Publications. 34 páginas. ISBN0942548140
Fontes e bibliografia
Grove, Michael (1989). North American Rockwell A3J/A·5 Vigilante (em inglês). Leicester, GB: Midland Counties Publications. ISBN0942548140
Love, Terry (1995). North American A/RA-5 Vigilante (em inglês). Carrellton, Texas, USA: Squadron/Signal Publications. ISBN0897473290 Verifique |isbn= (ajuda)