Mucopolissacaridose
Mucopolissacaridose ou MPS é um subgrupo das doenças de depósito lisossômicos (DDL) as quais pertencem ao ainda maior grupo de doenças genéticas do metabolismo, causadas por deficiência de enzimas. Juntas, afetam cerca de 1 em cada 25.000 nascidos vivos por ano.[1] CausaNas MPS, existe a deficiência ou falta de uma determinada enzima nos lisossomos, o que leva ao acumulo de glicosaminoglicanos (GAG), conhecida antigamente como Mucopolissacarídeos, nome que deu origem a patologia. Os glicosaminoglicanos são moléculas que possuem em sua composição açucares que se ligam a uma proteína central. Essa molécula absorve água em demasia, adquirindo uma consistência viscosa, promovendo assim a lubrificação entre os tecidos, permitindo o deslizamento na movimentação entre eles. Essa diminuição de atrito entre os tecidos permite, por exemplo, o movimento das articulações ósseas. Esse acumulo leva a disfunção na lubrificação dos órgãos causando danos progressivos.[2] Sinais e sintomasAs manifestações clínicas das MPS são normalmente multissistêmicas (afetam diversos órgãos) e muito variáveis, existindo formas leves, moderadas e graves. Podem afetar o cérebro, olhos, ouvidos, coração, fígado, ossos e articulações. GenéticaÉ estimado que 1 em cada 25.000 bebês nascidos nos Estados Unidos possuem alguma forma de Mucopolissacaridose. A maioria das MPS são de herança autossômica recessiva, ou seja, apenas indivíduos que herdam o gene defeituoso de ambos os pais são afetados. (A exceção é a MPS tipo II, conhecida também como Síndrome de Hunter, em que a mãe sozinha passa o gene defeituoso para o filho.) Quando tanto o pai, quanto a mãe possuem o gene defeituoso, cada gravidez carrega consigo uma chance de 1 em 4 de que a criança seja afetada. Os pais e os irmão de uma criança afetada podem não ter sinais da doença. Irmãos não afetados e parentes selecionados de uma criança com um dos tipos de Mucopolissacaridose podem portar o gene recessivo e transmiti-lo a seus próprios filhos.
TiposExistem doze tipos de MPS atualmente descritas, que são classificadas de acordo com o tipo de enzima deficiente na célula. A MPS Plus é o tipo mais recentemente descrito de MPS[3] e se distingue por não ser decorrente de uma deficiência enzimática.
Todas os tipos de MPS, exceto o tipo II são herdados de maneira autossômica recessiva, enquanto a tipo II tem padrão de herança ligado ao cromossomo X. Casos de Mucopolissacaridose no BrasilNo Brasil existem mais casos de Mucopolissacaridose do que se imagina, contabilizado 600 pessoas. De acordo com a Associação Paulista dos Familiares e Amigos dos Portadores de Mucopolissacaridose, no estado de São Paulo estima-se que existam 150 casos confirmados. De acordo com registros nas associações para portadores de Mucopolissacaridose, Pernambuco é o 2º estado que mais registra casos de mucopolissacaridose. Associação para Portadores de Mucopolissacaridose no BrasilNo Brasil existem duas principais Associações para portadores de Mucopolissacaridose. Essas associações servem para ajudar legal e psicologicamente os familiares e portadores de mucopolissacaridose. Dentre todas, as principais são a de São Paulo, o Instituto Vidas Raras e em Santa Catarina. TratamentoAssim como para muitas doenças genéticas raras, não existe cura para as mucopolissacaridoses, mas existem tratamentos para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Alguns tratamentos são feitos a base de fármacos, numa tentativa de realizar as funções deficientes pelas enzimas que faltam. Entre os tratamentos mais utilizados e eficazes está a Terapia de Reposição Enzimática (TRE). A TRE consiste em introduzir via venosa o fármaco deficiente nos lisossomos das células. Até o momento há produtos de terapia enzimática aprovados para administração em pacientes com MPS I, MPS II, MPS IV A, MPS VI e MPS VII. Um exemplo é a laronidase, utilizada para a Mucopolissacaridose tipo I. Além disso, o transplante de células-tronco hematopoiéticas (ou transplante de medula óssea - TMO) é outro tratamento bem estabelecido e eficaz para crianças com a forma grave de MPS I, tendo também sido utilizado com sucesso em alguns casos de MPS II, MPS IVA, MPS VI e MPS VII.[5] O objetivo do transplante é fornecer células de um doador saudável que, após se multiplicarem, produzem quantidades suficientes da enzima deficiente. Ver tambémReferências
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