O Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros, autodenominado pelos seus integrantes como Cansei,[1] foi um efêmero movimento criado após o acidente com o voo 3054 da TAM, que se denominou como não político com o intuito de homenager as familias das vitímas e protestar contra o caos áereo. Apesar de ser criado por opositores ao então Governo Lula, o evento conseguiu convencer celebridades a participaram sob a justificativa de não ter viés oposicionista. "Não entraria em nada com cunho político... Não somos anti-Lula." afirmou Luiz Flávio Borges D'Urso.[2][3][4][5] Ele surgiu e ganhou fama por algumas semanas no Brasil em 2007.[6][7][8]
Em 17 de agosto de 2007, o movimento realizou seu maior ato em São Paulo, que reuniu cerca de 5 mil pessoas para homenager as vitímas do acidente e protestar contra o "caos aéreo", "a corrupção aérea" e "a falta de segurança", além de fazerem 1 minuto de silêncio em respeito.[9][15][16] A manifestação na Praça da Sé ficou marcado pelos gritos de "Fora Lula" que começaram a ser puxados pelo público que assista, os quais fizeram com que os artistas deixassem o evento, pela homenagem ter se tornando algo politíco o qual não estava combinado,[15] além da falta de sensibilidade dos organizadores, que não permitiram que parentes das vítimas do acidente do Airbus da TAM subissem ao palco para discursar, no dia em que o acidente completava um mês.[16]
Embora seus idealizadores afirmassem que o "Cansei" era uma iniciativa "apartidária" e "cívica",[10][17] o movimento ficou identificado como uma expressão do antilulismo por parte de setores da elite brasileira, notadamente a paulista, e por isso mesmo acabou fracassando e sendo alvo fácil de chacotas.[7][18][19][20][21][22]
O presidente da OAB do Rio de Janeiro e futuro deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores, Wadih Damous, chegou a chamar o Cansei de "golpista" e ligado "às elites paulistas e setores conservadores da sociedade".[4][23] O ex-governador de São PauloClaudio Lembo compartilhou a mesma posição, afirmando que o movimento tinha "figuras conhecidas que sempre possuíram e possuem uma visão elitista do país e da sociedade" e ironizando o termo "Cansei" como algo "muito usado por dondocas enfadadas em algum momento das vidas enfadonhas que vivem".[5][24]
Em um comunicado expedido a Washington, D.C. no dia 18 de setembro de 2007, que acabou sendo, mais tarde, divulgado pelo Wikileaks, o então cônsul-geral dos Estados Unidos em São Paulo, Thomas White, relatou que ""os líderes do movimento, por toda sinceridade e seriedade tornaram-se alvos fáceis para a caricatura" e que o ex-presidenteFernando Henrique Cardoso havia lhe ironizado o termo "Cansei" como "não é um lema que Martin Luther King, Jr., teria escolhido para inspirar seus seguidores."[3]
O próprio movimento criou polêmica após uma declaração de Paulo Zottolo, então presidente da Philips no Brasil, de que "não se pode pensar que o país [o Brasil] é um Piauí, no sentido de que tanto faz quanto tanto fez. Se o Piauí deixar de existir ninguém vai ficar chateado".[25] A declaração lhe rendeu o título de persona non grata no estado.[26] Mesmo que tenha se desculpado e insistido que sua observação tinha sido tirada do contexto, o fato ficou consumado como uma imagem negativa do "Cansei".[3]
↑Embora o movimento tenha surgido, entre outros motivos, como forma de protesto contra o "caos aéreo", que teria levado à queda do avião da TAM Linhas Aéreas, informações contidas na caixa-preta do avião vieram a indicar que o acidente foi provocado por falha da aeronave ou dos pilotos, o que tornaria nula a ligação entre o acidente e uma suposta crise do setor aéreo brasileiro.