Este Conde de Monsanto pertencia a uma das mais antigas e ilustres linhagens ibéricas: este título, cuja criação remonta a 1460, correspondia a um dos mais antigos condados de Portugal, e a linhagem tinha origens nos Condes de Lemos, da Galiza, considerada uma das Casas mais ilustres de Castela, e descendentes por varonia legítima dos Reis de Leão. Sempre a partir de 1643 estiveram os dois títulos associados; no entanto, já desde o primeiro Conde de Monsanto esteve a vila de Cascais sempre associada ao condado, como se explica infra.
Também António Caetano de Sousa, nas Memorias Historicas e Genealogicas dos Grandes de Portugal, dedicou um capítulo às origens e genealogias destes títulos, ainda que o 4.º Marquês de Cascais e 11.º Conde de Monsanto à data da terceira edição da obra em 1755 já tivesse falecido sem descendência dez anos antes.[2]
Condes de Monsanto (1460)
O condado de Monsanto fora criado em 21 de Maio de 1460 por D. Afonso V de Portugal a favor de D. Álvaro de Castro, bisneto do conde e condestável D. Álvaro Pires de Castro já mencionado.
Assim vemos que, através desta sua mulher, que entre outros herdara o senhorio de Cascais de seu pai, sempre esteve o senhorio da vila de Cascais ― elevada a vila por D. Pedro I ― associado aos Condes de Monsanto, que por isso mesmo foram feitos Marqueses desta vila mais tarde.
De destacar ainda a existência em Portugal de dois ramos distintos dos Castros, com armas diferentes:
Os descendentes de D. Álvaro Pires de Castro (1310-1384), filho bastardo do grande nobre galego D. Pedro Fernandes de Castro, o da Guerra. D. Álvaro era meio-irmão bastardo de D. Fernando Rodrigues de Castro, chamado Toda a Lealdade de Espanha, e ainda de D. Inês de Castro. Foi conde e condestável de Portugal. Estes são os Castro ditos de seis arruelas, de que descendem os Condes de Monsanto e Marqueses de Cascais.
Os descendentes de um sobrinho homónimo de D. Álvaro Pires de Castro, filho do supra citado D. Fernando Rodrigues de Castro, Toda a Lealdade de Espanha. Estes são os Castro ditos de treze arruelas, a quem Braamcamp Freire também dedica um capítulo da sua obra.[3]
Como ficou explicado, o 6.º Conde de Monsanto foi feito Marquês de Cascais em 1643, durante a Guerra da Restauração contra Espanha, por ocasião de ser nomeado embaixador a Paris esse mesmo ano.
O 4.º Marquês de Cascais e 11.º Conde de Monsanto e 8.° Conde da Castanheira morreu sem descendência, o que levou a que o uso do título não fosse reclamado e a Casa revertesse para a Coroa.
Quanto ao Timbre dos Castros, Braamcamp Freire descreve várias variantes existentes:
uma "roda de navalhas de Santa Caterina, a roda de sua côr, as navalhas de prata", que são as que se podem ver na Sala de Sintra, e que era o timbre dos senhores do morgado de Penha Verde, adoptado por um filho de D. João de Castro, Vice-rei da Índia (1545-1548).
"um lião nascente, ou de oiro, ou de prata, e umas vezes carregado com os móveis do escudo, outras não", que é o comum.
"um caranguejo de prata, carregado das seis arruelas do escudo", que é o geralmente dado à Casa de Monsanto, em alusão ao marisco existente em Cascais, o qual, inclusivamente, deu o nome à terra.
No entanto, António Caetano de Sousa nas suas Memorias Historicas e Genealogicas dos Grandes de Portugal esclarece ser o timbre dos Marqueses de Cascais "meyo Leaõ de ouro."
Para esclarecimento, as armas dos Castros ditos de treze arruelas eram: de ouro, com treze arruelas de azul, alinhadas em três palas, 4, 5, e 4.[6]Timbre: lião nascente de oiro, armado e linguado de vermelho, nas palavras de Braamcamp Freire. Estas armas também se encontram em todas as obras mencionadas supra.
Após a queda da Monarquia
Com a queda da Monarquia e a implantação da República Portuguesa em 1910 foram os titulares à data da implantação da República autorizados a manter e usar os seus títulos até à morte. No entanto, nunca entretanto tinham estes títulos sido renovados, excepto o de Cascais como Conde de Cascais.
↑ abDescrição heráldica in ACADEMIA PORTUGUESA DA HISTÓRIA: Livro do Armeiro-Mor (1509), p. XLVI.
Bibliografia
Livro do Armeiro-Mor (1509). 2.ª edição. Prefácio de Joaquim Veríssimo Serrão; Apresentação de Vasco Graça Moura; Introdução, Breve História, Descrição e Análise de José Calvão Borges. Academia Portuguesa da História/Edições Inapa, 2007.
Livro da Nobreza e Perfeiçam das Armas (António Godinho, Séc. XVI). Fac-simile do MS. 164 da Casa Forte do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Introdução e Notas de Martim Albuquerque e João Paulo de Abreu e Lima. Edições Inapa, 1987.
BRAAMCAMP FREIRE, Anselmo: Brasões da Sala de Sintra. 3 Vols. 3ª Edição, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1996.
CAETANO DE SOUSA, António: Memorias Historicas e Genealogicas dos Grandes de Portugal. 3.ª Edição, 1755.