Mafrense
Nota: Este artigo é sobre a histórica empresa rodoviária de Mafra, Portugal. Para o desbravador do Piauí, veja Domingos Afonso Mafrense. Para o clube brasileiro historicamente chamado Operários Mafrenses, veja Esporte Clube Operário de Mafra. Para o bairro Mafrense em Teresina, Brasil, veja Lista de bairros de Teresina § Zona Norte.
A Mafrense é uma empresa de transportes rodóviários de passageiros, sediada em Mafra, Portugal. Remonta aos anos 1920, quando foi fundada como Empresa Viação Mafrense (EVM; por vezes apresentada anacronicamente como Empreza Viação Mafrense), fazendo parte do Grupo Barraqueiro desde 1996. Em dados de 2020, a Mafrense operava 33 carreiras regulares de autocarro no concelho de Mafra (e, liminarmente, alguns concelhos próximos: Sintra, Torres Vedras, Loures, e Lisboa), com 360 circulações diárias e 90 viaturas a elas adstritas,[1] e dedicando-se também ao aluguer de autocarros, tanto em regime fixo como ocasional,[2] para o que dispunha de 70 viaturas adicionais, com capacidades entre 15 e 101 lugares.[1] É uma das 4 marcas pertencentes à Barraqueiro Transportes, em conjunto com a Barraqueiro Oeste, Boa Viagem e Ribatejana. Esteve prevista a sua supressão e absorção para a Rodoviária de Lisboa para julho de 2022 aquando da implementação da Carris Metropolitana[3], por ser esta empresa a concessionária exclusiva para a área de operação da Mafrense, o que só "veio a ocorrer" em janeiro de 2023.[4] HistóriaJoão Sardinha Dias, que viria a fundar a empresa, operava um serviço de passageiros a tração animal (diligências) em finais da década de 1910,[5] que, já no início da década seguinte, ligava em carreiras regulares Mafra a Sintra e a Mafra-Gare.[1] Tais trajetos existiam já em 1913, pelo menos,[6] mas Sardinha Dias foi pioneiro na transição para a tecnologia automóvel, introduzindo autocarros em meados da década de 1920,[5] alargando o raio de acção da empresa.[1] Em 1929 é criada a carreira Mafra ⇆ Lisboa[1] (mais tarde[quando?] designada por 208), logo estendida à Ericeira, e é aberto um escritório na capital, no Martim Moniz.[5] A ligação a Mafra-Gare (sem equivalente direto à data de extinção da empresa) é relançada em autocarro em Agosto de 1930, em coordenação com os horários da Linha do Oeste, seguindo-se a ligação Mafra ⇆ Sintra (220), em Julho de 1937.[5] Inicia-se um período de expansão nas décadas seguintes, com a criação de novas carreiras que servem cada vez mais densamente o concelho e o interligam aos concelhos limítrofes (Torres Vedras e Sintra), e a ampliação e renovação da frota.[1] Em 1941 é inaugurada a estação-garagem da Rua da Madeira — até então a empresa tinha instalações na Rua Almirante Reis.[5] Em 1954 a Empresa Viação Mafrense torna-se na João Sardinha Dias, L.da, uma sociedade por quotas; e em 26 de Agosto de 1959 abre uma central de camionagem em Mafra (na atual Av. 25 de Abril),[1] com capacidade para 60 autocarros (numa altura em que a empresa tinha uma frota de 35 veículos, usados em catorze carreiras), instalações de apoio ao passageiro, e espaços comerciais anexos.[5] João Sardinha Dias falece em Novembro de 1963, após ter passado a gerência da empresa para o genro, Joaquim Silveira Lima Costa.[5] Apesar de não ter sido incorporada na Rodoviária Nacional em 1975[5], fruto da sua reduzida dimensão (menos de 100 viaturas)[7] o crescimento que sofreu na década seguinte ditou a sua absorção pelo Grupo Barraqueiro (aquisição formalizada a 19 de Fevereiro de 1996),[1] que manteve a marca "Mafrense"[5] como uma das suas Zonas Operacionais.[1] Nesta, às operações já detidas pela firma João Sardinha Dias, L.da foram adicionadas também as carreiras nos concelhos de Sintra e Mafra da Rodoviária da Estremadura, também adquirida pelo Grupo Barraqueiro.[1] No último dia de 1998 dá-se a dissolução formal da João Sardinha Dias, L.da na Rodoviária da Estremadura, S.A., que por sua vez em 16 de Novembro de 2001 se funde a várias outras empresas para formar a Barraqueiro Transportes, S.A.[1] Recentemente[quando?], as instalações da Mafrense foram transferidas da histórica central de camionagem para o Núcleo Empresarial de Mafra, mais desafogado[1] e afastado do centro da localidade. A empresa criou também um balcão de atendimento ao público na praça fonteira ao Convento de Mafra.[1] Em 2015 a Mafrense lançou, em colaboração com a Câmara Municipal de Mafra e das juntas de freguesia da Ericeira e da Carvoeira, uma nova carreira sazonal especializada que liga Mafra às praias da Foz do Lizandro e de Ribeira d’Ilhas — a Ericeira Beach Bus (248), assegurada por veículos de tipo minibus, com janelas panorâmicas e equipados com atrelados de carga vocacionados para o transporte de pranchas de surf; este serviço tem um tarifário próprio (1,00 € por viagem, com desconto para assinaturas e pré-comprados) e não se integra na bilhética das demais carreiras. Na sequência da criação do passe Navegante em abril de 2019, foi noticiada a preocupação de passageiros da Mafrense com uma possível rotura da oferta da empresa, face ao aumento esperado da procura.[8] Em Outubro a empresa registava efetivamente aumentos significativos na procura, com as carreiras diretas para Lisboa (200, 207, 209, e 229) a necessitar de desdobramentos para dar vazão a mais do dobro da média de passageiros dos anos anteriores.[9] Em junho de 2019, foi lançado experimentalmente pela Câmara Municipal de Mafra um serviço de transporte rodoviário a pedido nas freguesias de Igreja Nova e Cheleiros, o MOBUS[10], com a colaboração da Mafrense, que fornece a frota e a infraestrutura.[11] O mesmo durou até 2022, quando a Mafrense deixou de fazer serviços em Mafra. Em meados de 2022, anunciou-se que a 1 de Julho de 2022, na sequência da implantação da Carris Metropolitana, a identidade própria da Mafrense cessaria de existir separadamente, e que os seus serviços passariam a ser feitos pela Rodoviária de Lisboa (R.L.), sendo as carreiras renumeradas de acordo com o novo sistema (de quatro algarismos, neste área iniciados por "2"), com ajustes de horário e beneficiação de frota, e extintas as marcas diferenciadas; o Grupo Barraqueiro, como concessonário, manteria a operação destas carreiras, mas toda a sinalética, librés, e bilhética ficaria sob a alçada unificadora da Carris Metropolitana.[12] Dado o fiasco do lançamento das áreas 3 (Almada, Seixal e Sesimbra) e 4 (Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal) da nova operadora, manteve-se o status quo até 2023.[3] No entanto, para correção dessas informações, a Mafrense manteve serviços (todos no concelho de Torres Vedras, com ligações a outros locais próximos, incluíndo Encarnação) até 2024, quando esses serviços passaram para a Barraqueiro Oeste. Carreiras
Várias destas persistiram na rede existente até 2023, algumas exatamente, outras aproximadamente; excetuam-se percursos que deixaram de ser servidos por carreiras diretas, mas passíveis de percorrer com recurso a transbordo, nomeadamente Mafra ⇆ Mafra-Gare e Azenha Velha ⇆ Coutada, e os percursos destinados a Santa Cruz, Livramento, e Turcifal, já que estes destinos deixaram de ser servidos pela Mafrense. As carreiras da Mafrense distingiam-se em dois tipos — um vocacionado para o serviço das áreas rurais, com paragens mais interdistantes e cadências de passagem mais esparsas, outro adaptado ao serviço urbano em vilas e cidades, com cadências elevadas e paragens concentradas.[2] Em dados de 2023, a Mafrense operava as seguintes carreiras:[1]
Em 2023, com a implementação da Carris Metropolitana em Mafra sob a nova operação da Rodoviária de Lisboa, a Mafrense viu o seu elenco de carreiras a ser dissiminado na sua quase totalidade, maioria passando à Carris Metropolitana, mas também com ligações (neste caso) da Ericeira (204), Mafra (221) e Assenta (240) a Torres Vedras passarem à operação da Barraqueiro Oeste, mantendo apenas as linhas escolares para a Freiria.[13] A partir de Setembro de 2024, essas linhas escolares passaram para a Barraqueiro Oeste, terminando assim definitivamente a operação da Mafrense.[14] Referências
Ligações externas
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