Laurent Nkunda
Laurent Nkunda, Laurent Nkundabatware ou Laurent Nkunda Batware (nascido em 2 de fevereiro de 1967) é um ex-general das Forças Armadas da República Democrática do Congo, e é o ex-líder da facção rebelde que opera na província de Nord-Kivu, solidário aos Tutsis congoleses e ao governo dominado pelos Tutsis de Ruanda. Nkunda comandou as 81ª e 83ª brigadas das tropas das Forças Armadas da República Democrática do Congo. Ele domina as línguas inglês, francês, swahili e kinyarwanda.[1] No início de 2009, Nkunda foi capturado durante uma operação conjunta entre as Forças Armadas da RDC e de Ruanda.[2] Vida pessoalNkunda tem seis filhos, sendo o mais velho com 18 anos de idade. Antes de se juntar à carreira militar, Nkunda estudou psicologia na Universidade de Kisangani,[3] e então começou a lecionar numa escola na cidade de Kichanga. Diz-se que ele admirava líderes como Mahatma Gandhi e George W. Bush.[4] Crenças religiosasNkunda foi ordenado como pregador[5] e ministro cristão.[5] Segundo ele, a maior parte de suas tropas converteu-se ao Cristianismo.[6] No documentário Blood Coltan, sobre o real custos de telefones celulares, Nkunda mostra orgulhosamente um botom que ele usa, onde está escrito "Rebeldes de Cristo". Segundo o próprio Nkunda, ele é um pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Também diz que recebe ajuda e conselhos do grupo religioso americano "Rebeldes de Cristo", que visita regularmente o país pregando o Cristianismo Pentecostal.[7] No entanto, a Igreja Adventista do Sétimo Dia nega que Nkunda esteja ligado à igreja.[8] Carreira política e militarGenocídio em Ruanda (1994–1995)Durante o Genocídio do Ruanda, o ex-estudante de psicologia viajou para Ruanda, juntando-se à Frente Patriótica Tutsi Ruandense, que estava lutando contra as Forças Armadas da Ruanda, as forças armadas responsáveis pelo genocídio, liderado pelo governo controlado pelos Hutus.[9] Primeira Guerra do Congo (1997–1998)Após a vitória da Frente Patriótica da Ruanda, que se tornou o novo governo do Ruanda, Nkunda retornou à República Popular do Congo. Durante a Primeira Guerra do Congo, ele combateu juntamente com Laurent-Désiré Kabila, que derrotou com sucesso Mobutu.[9] Segunda Guerra do Congo (2000–2003)Durante o início da Segunda Guerra do Congo, Nkunda juntou-se, e tornou-se um major no Reagrupamento Congolês para a Democracia, e lutou ao lado das forças de Ruanda, Uganda, Burundi, e de outras forças militares Tutsis. Carreira no Exército e rebelião (2007)Em 2003, com o término oficial da guerra, Nkunda juntou-se ao novo exército nacional integrado do governo de transição da República Democrática do Congo como Coronel, e em 2004, foi promovido a General. No entanto, logo rejeitou a autoridade governamental, e retirou-se com algumas tropas RCD e de Goma para as florestas de Masisi, na província de Nord-Kivu,[10] onde ele instalou um foco de rebelião contra o governo de Joseph Kabila. Nkunda disse estar defendendo os interesses da minoria Tutsi no leste da República Democrática do Congo, que estavam sujeitos a ataques Hutus, que tinham fugido após o seu envolvimento com o Genocídio do Ruanda. Esta guerra ficou conhecida como Conflito de Kivu. Formando um governoEm agosto de 2007, a área sob o controle de Nkunda cobria os territórios ao norte do Lago Kivu, na província de Nord-Kivu, nos territórios de Masisi e Rutsuru. Nesta área, Nkunda estabeleceu seu quartel-general, construindo a infraestrutura necessária e desenvolvendo instituições de ordem. Nkunda estabeleceu uma organização política conhecida como Congresso Nacional para a Defesa do Povo. Conflitos em Nord-Kivu (2008)Na guerra, que começou em 27 de outubro de 2008, conhecida como a Guerra do Nord-Kivu, Nkunda liderava os rebeldes Tutsis que estavam se opondo ao Exército da República Democrática do Congo e às forças das Nações Unidas, que tem um contingente de mais de 17.000 soldados no país. Relata-se que Nkunda estava avançando com suas tropas numa tentativa de capturar a cidade de Goma, e o Exército da RDC diz que Nkunda estava recebendo ajuda de Ruanda.[11] A guerra causou a retirada de 200.000 civis, trazendo o total de pessoas afetadas pelo Conflito de Kivu para mais de 2 milhões de pessoas,[12] causando grande mal-estar civil[13] e fome.[12] As Nações Unidas chamam o conflito como "uma crise humanitária de dimensões catastróficas".[14] Numa entrevista ao BBC em 10 de novembro de 2008, Nkunda ameaçou atingir o governo da República Democrática do Congo se o presidente, Joseph Kabila, continuar a evitar negociações diretas.[15] Direitos humanosCom o passar dos anos, Nkunda esteve sob investigação e foi acusado por várias organizações de cometer abusos aos direitos humanos. Nkunda foi indiciado por crimes de guerra em setembro de 2008, e está sob investigação da Corte Penal Internacional.[10] De acordo com observadores dos direitos humanos, tais como a Refugees International, alega-se que as tropas de Nkunda cometeram assassinatos, estupros e saques nas povoações civis controladas pelos rebeldes; uma responsabilidade que Nkunda nega.[16] A Anistia Internacional diz que suas tropas usaram crianças menores de 12 anos para servirem como soldados-criança.[17] Em maio de 2002, Nkunda foi acusado de massacrar 160 pessoas em Kisangani, levando ao Comissária dos Direitos Humanos das Nações Unidas, Mary Robinson, a pedir sua prisão após o sequestro e o linchamento de dois investigadores das Nações Unidas, realizados pelas tropas de Nkunda.[10] Nkunda diz que as Nações Unidos ignoraram os ataques gerais contra Tutsis na região durante o Genocídio do Ruanda em 1994. Soldados-criançaNkunda refuta veementemente as acusações que declaram que ele recruta soldados-criança e dizem que ele usou mais de 2.500 "jovens soldados e que ainda está fazendo isso, que seria "ridículo" recrutar mais soldados. O contingente total das tropas de Nkunda é estimado entre 7 e 8 mil homens. Possível usurpaçãoNkunda já foi usurpado na sua liderança pelo seu ex-amigo Bosco Ntaganda, que se tornou o novo representante do grupo. Os dois devem ter tido uma briga devido a um massacre realizado pelas tropas de Ntaganda.[18] Captura e prisãoNkunda foi capturado em 22 de janeiro após ter cruzado a fronteira com a Ruanda. Após tentativas malsucedidas de derrotar as tropas do Congresso Nacional para a Defesa do Povo, o Presidente da República Democrática do Congo, Kabila, realizou uma negociação com o Presidente do Ruanda, Kagame, para permitir que soldados ruandenses entrem na República Democrática do Congo para remover militantes FDLR em troca da extradição de Nkunda.[19] As autoridades ruandenses ainda tem que dizer se Nkunda será extraditado para a República Democrática do Congo, que emitiu uma garantia internacional para a sua prisão.[2] Um porta-voz militar da Ruanda disse que Nkunda foi preso após enviar três batalhões para repelir o avanço das tropas conjuntas das Forças Armadas da República Democrática do Congo e da Ruanda.[20] As forças foram parte de uma operação conjunta entre as Forças Armadas da República Democrática do Congo e da Ruanda para caçar homens pertencentes a milícias Hutus que operam na RD do Congo.[21] Nkunda esta atualmente sendo mantido destrancado num local não divulgado pelas autoridades ruandenses.[22] Um porta-voz militar de Ruanda disse, no entanto, que Nkunda está sendo mantido em Gisenyi, uma cidade no distrito de Rubavu, Província do Oeste.[23][24] Referências
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