Joseph Kabila
Joseph Kabila Kabange (Hewa Bora, 4 de junho de 1971) é um politólogo, militar e político quinxassa-congolês. Foi presidente da República Democrática do Congo de 2001 até 2019. Em 2006 Joseph Kabila entrou para a história como o primeiro presidente eleito após 40 anos naquele país (inclusive o primeiro pelo voto direto), sendo o primeiro a concluir um mandato presidencial constitucional em 2019. BiografiaJoseph Kabila Kabange e sua irmã gêmea Jaynet Kabila nasceram em 4 de junho de 1971.[1] Os gêmeos nasceram em Hewa Bora, uma pequena vila no território de Fizi, na província de Quivu do Sul, no leste da República Democrática do Congo.[1] Seu pai era o político Laurent-Désiré Kabila e sua mãe Sifa Mahanya.[2] Dado a posição de seu pai, como inimigo político de Mobutu Sese Seko, a infância de Joseph Kabila ocorreu em grande isolamento.[1] Frequentou uma escola primária nos territórios rebeldes controlados pela oposição a Mobutu no leste quinxassa-congolês antes de se mudar para a Tanzânia, onde concluiu o ensino primário e o secundário.[1] Joseph Kabila precisou adotar uma identidade tanzaniana em seus anos escolares para evitar a detecção por agentes de inteligência zairenses.[1] Juventude, estudos e vida militarApós a conclusão do ensino secundário, Joseph Kabila seguiu um currículo militar básico na Tanzânia e depois na Universidade Makerere em Uganda.[1] Em outubro de 1996, Laurent-Désiré Kabila lançou a campanha no Zaire para derrubar o regime de Mobutu com a sua coalizão político-militar recém-formada, a Aliança das Forças Democráticas para a Libertação do Congo (AFDL).[1] Joseph Kabila tornou-se o comandante de uma unidade da AFDL que desempenhou um papel fundamental em grandes batalhas para tomadas das vias de acesso à Quinxassa, estando particularmente presente na libertação de Quissangane.[3] Após a vitória da AFDL e a ascensão de Laurent-Désiré Kabila à presidência, Joseph Kabila passou a receber treinamento adicional na Universidade de Defesa Nacional do Exército de Libertação Popular, em Pequim, China.[4] Quando regressou da China, Joseph Kabila foi promovido ao posto de major-general e nomeado vice-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da República Democrática do Congo, em 1998. Mais tarde, em 2000, foi nomeado chefe do Estado-Maior das Forças Terrestres, cargo que ocupou até o assassinato de seu pai e presidente Laurent-Désiré Kabila, em janeiro de 2001.[5] Como chefe do Estado-Maior, foi um dos principais líderes militares responsáveis pelas tropas governamentais durante a Segunda Guerra do Congo (1998-2003).[1] PresidênciaJoseph Kabila assumiu a presidência em 26 de janeiro de 2001 após o assassinato de seu pai. Naquela época, com 29 anos, era considerado muito jovem e inexperiente. Tentou pôr fim à guerra civil que assolava o país e retirar as tropas estrangeiras, com algum êxito. Um acordo de paz foi assinado em Sun City, África do Sul em 2002, pondo fim à Segunda Guerra do Congo. Em 28 de março de 2004, fracassou uma tentativa de golpe de Estado próximo à capital, Quinxassa, tentativa conduzida por Eric Lenge e por ex-membros da guarda de Mobutu Sese Seko, ditador do país que fora deposto em 1997 por seu pai, Laurent Kabila.[6] Em 11 de junho do mesmo ano, ocorreu outra tentativa de golpe, desta vez liderada pelo major Eric Lenge. Os golpistas chegaram a anunciar na rádio estatal que o governo de transição estava suspenso, mas foram derrotados por tropas leais a Kabila.[7][8] Em dezembro de 2005 um referendo aprovou uma nova constituição, e em 30 de julho de 2006 ocorreu uma eleição presidencial, que inicialmente estava prevista para o mês de junho mas fora adiada.[9] A nova constituição reduziu a idade mínima para candidatar-se à presidência de 35 para 30 anos. Kabila completara 35 pouco antes da eleição. Em março de 2006 ele registrou-se candidato.[10] De acordo com resultados parciais anunciados a 20 de agosto, Kabila teve 45% dos votos, contra 20% do líder oposicionista Jean-Pierre Bemba. Kabila teve bom desempenho no leste do país, onde a língua suaíli é falada.[11] Em dezembro de 2011, Kabila foi reeleito para um segundo mandato como presidente. Após os resultados terem sido anunciados em 9 de dezembro, houve distúrbios violentos em Quinxassa e Buchimaie, onde as contagens oficiais mostraram que o candidato da oposição Étienne Tshisekedi havia tido vantagem.[12] Em 20 de dezembro, Kabila foi empossado para um segundo mandato, prometendo investir em infraestrutura e serviços públicos.[13] Em 17 de janeiro de 2015, a Assembleia Nacional aprovou uma lei eleitoral exigindo um censo antes das próximas eleições.[14][15] Em 19 de janeiro, protestos liderados por estudantes da Universidade de Quinxassa eclodiram.[14] Os protestos começaram após o anúncio de uma proposta de lei que permitiria que Kabila permanecesse no poder até que um censo nacional pudesse ser realizado (as eleições estavam planejadas para 2016). O Senado respondeu aos protestos eliminando a exigência do censo da sua lei.[16][17] Embora as forças de Kabila tenham obtido uma importante vitória contra um grande grupo rebelde, o M23, em 2013, muitos outros grupos armados dividiram-se em movimentos perigosos.[18] De acordo com a Constituição da República Democrática do Congo, o Presidente Kabila não teria permissão para servir mais de dois mandatos. Em 19 de setembro de 2016, protestos massivos abalaram Quinxassa pedindo que ele renunciasse, conforme legalmente exigido.[19] As eleições para determinar um sucessor de Kabila foram originalmente programadas para 27 de novembro de 2016. Em 29 de setembro de 2016, a autoridade eleitoral do país anunciou que a eleição não seria realizada até o início de 2018. De acordo com o vice-presidente da comissão eleitoral, a comissão "não convocou eleições em 2016 porque o número de eleitores não é conhecido". No entanto, a oposição alegava que Kabila havia intencionalmente atrasado a eleição para permanecer no poder.[20] Em 23 de dezembro de 2016 foi proposto um acordo entre o principal grupo da oposição e o governo de Kabila, segundo o qual este último concordou em não alterar a constituição e em deixar o cargo após o resultado das eleições.[21] Ao abrigo do acordo, o líder da oposição Étienne Tshisekedi supervisionou a implementação dos termos.[21] Em 30 de dezembro de 2018, foram realizadas as eleições presidenciais para determinar o sucessor de Kabila. Kabila apoiou Emmanuel Ramazani Shadary, seu antigo ministro do Interior.[22] Em 10 de janeiro de 2019, a comissão eleitoral anunciou o candidato da oposição Félix Tshisekedi como o vencedor da votação.[23] Pós-presidênciaDesde que deixou a presidência, Kabila fez da fazenda Kingakati sua residência principal. A propriedade, localizada 50 km a leste de Quinxassa, foi sua segunda casa enquanto ele ainda estava no poder.[24] Ver também
Referências
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