Iracema Nota: Para outros significados, veja Iracema (desambiguação).
Iracema (originalmente: Iracema - Lenda do Ceará) é um romance brasileiro publicado em 1865 e escrito por José de Alencar, fazendo parte da trilogia indianista do autor. Os outros dois romances pertencentes à trilogia são O Guarani e Ubirajara. Etimologia"Iracema" é um termo tupi que significa "saída de mel, saída de abelhas, enxame" (ira, mel, abelha + semu, saída). Em contradição com a etimologia popular de que o nome "Iracema" se trata de um anagrama da palavra "América", o autor José de Alencar explica que o nome é um termo originário da língua tupi que significa "lábios de mel". Porém, segundo o tupinólogo Eduardo de Almeida Navarro, tal etimologia não é correta.[1] SinopseEm Iracema, Alencar criou uma explicação poética para as origens de sua terra natal, daí o subtítulo da obra – "Lenda do Ceará". A "virgem dos lábios de mel" tornou-se símbolo do Ceará, e seu filho, Moacir, nascido de seus amores com o colonizador português Martim, representa o primeiro cearense, fruto da união das duas raças.[2] A história é uma representação do que aconteceu com a América na época de colonização europeia. Personagens
Gênero literárioPara José de Alencar, como explicita o subtítulo de seu romance, Iracema é uma "Lenda do Ceará". É também, segundo diferentes críticos e historiadores, um poema em prosa, um romance poemático, um exemplo de prosa poética, um romance histórico-indianista, uma narrativa épico-lírica ou mitopoética. Cada uma dessas definições põe em relevo um aspecto da obra e nenhuma a esgota: a lenda, a narrativa, a poesia, o heroísmo, o lirismo, a história, o mito. O encontro da natureza (Iracema) e da civilização (Martim) projeta-se na duplicidade da marcação temporal. Há, em Iracema, um tempo poético marcado pelos ritmos da natureza e pela percepção sensorial de sua passagem (as estações, a Lua, o Sol, a brisa), que predomina no corpo da narrativa, e um tempo histórico, cronológico. O tempo histórico situa-se nos primeiros anos do século XVII, quando Portugal ainda estava sob o domínio espanhol (União Ibérica), e, por forças da união das coroas ibéricas, a dinastia castelhana ou filipina reinava em Portugal e em suas colônias ultramarinas. A ação inicia-se entre 1603 e o começo de 1604, e prolonga-se até 1611. O episódio amoroso entre Martim e Iracema, do encontro à morte da protagonista, dá-se em 1604 e ocupa quase todo o romance, do capítulo II ao XXXII. A valorização da cor local, do típico, do exótico, inscreve-se na intenção nacionalista de embelezar a terra natal por meio de metáforas e comparações que ampliam as imagens de um Nordeste paradisíaco, primitivo. É o Nordeste das praias e das serras (Ibiapaba), dos rios (Parnaíba e Jaguaribe) e da Bica do Ipu ou "bica". AdaptaçõesArtes plásticasA personagem que dá nome ao livro é tema de várias pinturas e esculturas no Brasil.
Histórias em quadrinhosEm 1951, pela Editora Brasil-América Limitada, André Le Blanc ilustrou uma adaptação de Iracema.[8] Em 1957, Gedeone Malagola adaptou o romance para a revista Vida Juvenil da editora Vida Doméstica,[9] para a mesma revista também adaptou O Guarani e Ubirajara.[10][11][12] Literatura de cordelA história foi transformada em poesia de cordel por Alfredo Pessoa Lima[13] e Stelio Torquato Lima.[14] FilmeO romance foi adaptado em 1917 como um filme mudo dirigido por Vittorio Capellaro e estrelado por Iracema de Alencar, e em 1949 como um filme dirigido por Vittorio Cardineli e Gino Talamo, estrelado por Ilka Soares. Em 1979, lançou-se o filme Iracema, a Virgem dos Lábios de Mel, dirigido pelo cineasta Carlos Coimbra. Enredo de Escola de SambaEm 2017, a escola de samba Beija-Flor apresentou o enredo "A Virgem dos lábios de mel - Iracema", baseado no livro.[15] TraduçõesA obra foi traduzida para alguns idiomas:
Referências
Ligações externas
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