Etimologia popular, pseudoetimologia ou ainda paretimologia[1] é uma interpretação popular equivocada da origem de uma determinada palavra, por vezes de divulgação muito mais comum que a real formação etimológica, normalmente disseminada pela facilidade em sua explicação pelo uso de alegorias e história simplificadas.
Exemplos de palavras modificadas pela etimologia popular
derivado do imperador Júlio César, que teria sido o precursor da prática
do caedo -is, cecidi, caesum, caedere, também presente na palavra francesa ciseaux (tesoura), e na inglesa scissors (tesoura).[2] Outra evidência é o uso do procedimento de parto antes mesmo da época de Júlio César. Assim teria vindo à luz Cipião, o Africano.[3]
Cuspido e escarrado
corruptela de "esculpido em carrara" ou "esculpido e encarnado"
O registro mais antigo da expressão é na língua francesa desde o século XV no Trésor de la Langue como tout craché (todo cuspido) sob a explicação de que provavelmente a ação de cuspir pode simbolizar o ato da geração. Em inglês, é registrada como spit and image (cuspe e imagem) no Oxford Dictionary of English desde o século XVII e, a partir do século XVII como spitting image (imagem que cospe) sob a explicação que "um foi gerado do cuspe do outro". A falsa etimologia tem origem em Duarte Nunes de Leão no seu livro Origem da Língua Portuguesa.[4][5]
Enfezar (verbo)
ato de tirar alguém do sério; fazer raiva; enfezá-lo
do latiminfensare, "opor-se a alguma coisa com vigor, hostilizar".[6]
do tupi-guarani "coisa feia" ou do bascomáite (="amor")
hipocorístico do prenome composto Maria Teresa, tais como Maju para Maria Júlia, Malu (ou Milu) para Maria Lúcia (Maria Luísa ou Maria de Lurdes), Mafê para Maria Fernanda, Mitó para Maria Antónia (ou Maria Antônia) e Mazé (ou Mizé) para Maria José.[8]
↑ abERNOUT, Alfred; MEILLET, Antoine (1967), Dictionnaire étymologique de la langue latine [Dicionário etimológico da língua latina] (em francês), Paris: Klincksieck.
↑NASCENTES, Antenor, Dicionário etimológico da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1932.
↑Augusto Carvalho, José (5 de junho de 2006). «Por que cuspido e escarrado». Recanto das Letras. Consultado em 28 de abril de 2021
↑ abHouaiss, Antônio, Dicionário da Língua Portuguesa.
↑FAURE SABATER, Roberto (2004), Diccionario de nombres geográficos y étnicos del mundo [Dicionário de nomes geográficos e étnicos do mundo] (em espanhol), Madrid: Espasa.
↑FAURE SABATER, Roberto (2002), Diccionario de nombres propios [Dicionário de nomes próprios] (em espanhol), Madrid: Espasa.
↑COROMINES, Joan (1954), Diccionario crítico etimológico de la lengua castellana [Dicionário crítico etimológico da língua castelhana] (reimpressão) (em espanhol), Madrid: Gredos.
Bibliografia
ROOM, Adrian (1986), Dictionary of True Etymologies [Dicionário de etimologias verdadeiras], ISBN0-7102-0340-3 (em inglês), Routledge & Kegan Paul.
WILTON, David (2004), Word Myths: Debunking Linguistic Urban Legends [Mitos de palavras: desmontando lendas urbanas lingüísticas], ISBN0-19-517284-1 (em inglês), Oxford University Press.