Igreja Matriz de Nossa Senhora da Alva
A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Alva, também conhecida como Igreja Paroquial ou Igreja Matriz de Aljezur, é um monumento religioso na vila de Aljezur, na região do Algarve, em Portugal. Foi inaugurada em 1809,[1] para substituir a antiga Antiga Igreja Matriz, destruída pelo Sismo de 1755.[2] DescriçãoEste imóvel situa-se no centro de Aljezur, confrontando com a Rua da Igreja e o Largo Primeiro de Maio.[3] Integra-se predominantemente no estilo neoclássico.[4] A igreja é dedicada a Nossa Senhora da Alva, uma invocação mariana que é considerada a padroeira de Aljezur, e que está ligada a uma lenda, segundo a qual o Castelo de Aljezur teria sido conquistado aos mouros durante o amanhecer, ao romper da alva.[1] O interior está organizado de forma semelhante à de uma pequena catedral, com três naves, transepto e uma capela-mor absidal, ladeada por duas capelas colaterais de planta rectangular, e por capelas laterais que também possuem uma ábside.[4] A cobertura da nave central está decorada com uma estrela, suportada por uma coroa circular em tons dourados, com a inscrição Stella Matutina.[3] O retábulo do altar-mor, com talha dourada no estilo neoclássico,[3] terá sido fabricado pelo mestre José da Costa, de Faro, e instalado entre 1808 e 1809, apresentando várias semelhanças com o da Igreja de São Luís, situada naquela cidade algarvia.[4] Possui um frontão triangular com uma imagem barroca de Nossa Senhora da Alva, esculpida em madeira pintada e dourada, e com o Menino Jesus ao colo.[4] Esta imagem terá sido benzida pelo bispo D. Francisco Gomes de Avelar alguns dias antes da igreja ter sido sagrada.[4] É ladeada por duas estátuas do século XVII.[5] As capelas laterais possuem retábulos dos séculos XVII e XVIII.[5] No seu interior destaca-se igualmente uma pia baptismal, no estilo Manuelino.[5] A igreja está associada à Lenda das Santas Cabeças, segundo a qual duas caveiras, colocadas numa caixa no interior do edifício, pertenceram a dois lavradores da zona de Aljezur, João Galego e o seu filho Pedro, que viveram durante o reinado de D. Manuel, e que tinham poderes milagrosos de curar os doentes.[2] Depois de mortos, as suas caveiras terão continuado a ter poderes curativos, pelo que durante muitos anos a igreja foi o local de romagem para enfermos, especialmente aqueles que tinham sido mordidos por cães e outros animais, problemas cardíacos, e dores de cabeça e de dentes.[2] HistóriaAntecedentesO local onde se situa a igreja foi ocupado desde a pré-história, tendo sido encontrados vestígios do neolítico e calcolítico junto à porta lateral do edifício, e no Largo Primeiro de Maio.[6][7] ConstruçãoA igreja foi construída por ordem do Bispo do Algarve, D. Francisco Gomes do Avelar, que pretendia criar um novo núcleo urbano num local mais plano e sadio, uma vez que a antiga vila tinha sido quase totalmente destruída pelo Sismo de 1755.[2] Para a localização do novo centro urbano escolheu o Sítio da Barrada, que era considerado um ponto arejado, seguro e saudável.[1] O novo templo iria substituir a antiga igreja paroquial do século XIII, que ficou em ruínas devido ao sismo.[3] Porém, a população resistiu à relocalização do centro de Aljezur, pelo que só nos finais do século é que se começou a desenvolver o novo pólo habitacional, que ficou conhecido como Igreja Nova.[2] A cerimónia de lançamento da primeira pedra do edifício teve lugar em 21 de Setembro de 1795,[3] por D. Gomes do Avelar, que também foi responsável pelos esboços para as fundações e os volumes da futura igreja.[1] A igreja foi planeada pelo arquitecto italiano Francisco Xavier Fabri.[1] A igreja foi oficialmente inaugurada em Setembro de 1809, com uma cerimónia de sagração que contou com a presença de D. Gomes do Avelar.[1] O retábulo-mor da igreja foi elaborado ainda nesse ano.[3] No seu interior foram preservadas imagens originárias de outros templos em Aljezur que foram destruídos pelo Sismo de 1755, como uma de São Sebastião, que veio da ermida com o mesmo nome, de Santa Luzia, que fazia parte da antiga Igreja Matriz, e outra de Santo António, que estava na Igreja com o mesmo nome.[1] Séculos XX e XXIEm 9 de Julho de 1943 ocorreu uma batalha aérea perto de Aljezur, durante a qual foi abatido um avião alemão, provocando a morte aos sete tripulantes.[8] As cerimónias fúnebres foram realizadas na Igreja Matriz, com a presença das autoridades portuguesas e alemãs, tendo depois sido organizado um cortejo até ao cemitério municipal, onde foram sepultados os aviadores alemães.[8] Durante a segunda metade da década de 1960, a igreja foi alvo de várias intervenções, durante as quais perdeu o púlpito, o cadeiral, as grades de madeira que estavam a resguardar a capela-mor, a capela do Santíssimo, e o batistério.[1] Foi muito atingida pelo Sismo de 1969, tendo sido necessário reconstruir e modificar as abóbadas das naves laterais, parte da torre sineira, e reforçar as colunas de alvenaria entre as três naves.[1] Devido ao avançado estado de ruína em que ficou o edifício, alegadamente chegou a avançar-se a hipótese de o demolir, ideia à qual se opôs o então Bispo do Algarve, Júlio Tavares Rebimbas.[1] Em 2003, a Diocese de Faro fez o inventário do património da igreja, que constava em noventa e uma peças, incluindo esculturas, pinturas, ouriversaria, paramentaria e mobiliário.[1] Este inventário é muito inferior ao que foi feito em 1764, que contava com cerca de trezentas e quinze peças.[1] Os itens que se conservaram foram as imagens do Senhor Morto, Virgem com o Menino, Senhor Crucificado, São Francisco de Assis, Santa Luzia, São Sebastião, e de Santo António.[1] Em 11 de Novembro de 2017, a igreja foi palco de um espectáculo, como parte de um programa de homenagem ao Infante Dom Henrique, organizado pela Associação Terras do Infante.[9] Em 31 de Janeiro de 2021, a Lenda das Santas Cabeças foi investigada no programa Lendas & Mistérios, do canal TVI.[10] Ver também
Referências
Bibliografia
Ligações externas
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