Henrique Capriles Radonski
Henrique Capriles Radonski (Caracas, 11 de julho de 1972) é um advogado e político venezuelano, membro e fundador do partido Primeiro Justiça (PJ). Ex-prefeito do município de Baruta por 2 mandatos consecutivos entre 2000 e 2008, elegeu-se posteriormente governador do estado de Miranda, igualmente por 2 mandatos consecutivos entre 2008 e 2017. Em 2012, licenciou-se do cargo de governador para concorrer como candidato oficial da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) à eleição presidencial de 2012, onde obteve 6.591.304 votos (44,31% dos votos válidos), mas acabou sendo derrotado pelo presidente e candidato à reeleição à época Hugo Chávez, que por sua vez, obteve 8.191.132 votos (55,07% dos votos válidos).[1][2] Após a morte de Hugo Chávez em março de 2013, uma nova eleição presidencial foi realizada neste mesmo ano e Capriles novamente foi o candidato à presidência apoiado pela MUD, dessa vez tendo como concorrente o então vice-presidente e atual presidente da Venezuela Nicolás Maduro. Em uma disputa eleitoral bastante renhida, foi novamente derrotado pelo candidato governista por uma margem mínima de votos, obtendo 7.363.980 votos (49,12% dos votos válidos) frente aos 7.587.579 votos (50,61% dos votos válidos) obtidos por Maduro.[3][4] BiografiaNascido em 11 de julho de 1972, Capriles possui ascendência judaica: seu pai, Henrique Capriles Garcia, é descendente de uma família de judeus sefarditas de Curaçao e sua mãe, Mônica Cristina Radonski Bochenek, é descendente de uma família judaica russo-polonesa sobrevivente do Holocausto,que se consolidou como uma das mais poderosas da aristocracia caraquenha, estando a frente de empreendimentos na indústria de entretenimento. Sua família, juntamente com outras organizações de oposição tem o controle de 90% do público venezuelano de rádio, imprensa e televisão.[5][6][7] Apesar da origem judaica, Capriles é católico praticante, tendo até integrado a seção venezuelana da organização católica Tradição, Família e Propriedade na década de 1980.[8] Ainda naquela década, ele concluiria seus estudos básicos nos Institutos Educacionales Asociados El Peñón (IEA). Mais tarde, ingressaria no direito na Universidade Católica Andrés Bello, onde obteve o título de advogado em 1994 e especialização em direito econômico na mesma universidade, em 1997.[5] Também iniciou os estudos de pós-graduação em legislação fiscal na Universidade Central da Venezuela.[9] Foi membro da Associação Mundial de Jovens Advogados e do Conselho Fiscal da Câmara Americana de Comércio e Indústria da Venezuela e trabalhou nos escritórios de advocacia Nevett & Mezquita Abogados e Hoet, Peláez, Castillo & Duque, além de atuar nos negócios familiares, especialmente nas empresas da família materna, Radonski Bochenek.[10][11] Carreira políticaCapriles começou sua carreira na política pelo COPEI. Em 1998, se candidatou à deputado federal pelo estado de Zulia nas eleições parlamentares daquele ano. Eleito, foi nomeado presidente da Câmara dos Deputados, apesar de sua inexperiência política, convertendo-se no deputado mais jovem a dirigi-la, mas deixou o cargo após a dissolução do Congresso venezuelano pela Assembleia Constituinte Nacional em 1999.[5][12] Em 2000, ao lado do conservador Leopoldo López, fundou o partido Primero Justicia. Já naquele ano, disputou as eleições municipais de Baruta, um dos redutos da classe média-alta e alta da Região metropolitana de Caracas, tendo sido eleito prefeito com 60% dos votos.[5][13] Ainda em 2000, Capriles se aproximou-se do International Republican Institute (IRI), organização vinculada ao Partido Republicano dos Estados Unidos.[14] Desde então, passou a ser conhecido como um dos principais opositores do governo venezuelano. Em 2002, Capriles participou ativamente do Golpe de Estado contra o presidente Hugo Chávez. Acusado de ter se omitido quando partidários anti-Chávez invadiram a embaixada de Cuba, em Baruta, e espancaram Ramón Rodríguez Chacín, então Ministro do Interior e Justiça,[5][15][16] foi preso por quatro meses, de forma preventiva por escapar à justiça, e julgado em 2004, absolvido em 2006, em novembro de 2008, o processo foi reaberto e permanece em curso.[17] Em 2004, seria reeleito com quase 80% dos votos. Em 2008, disputou as eleições para o governo do estado de Miranda, tendo derrotado o candidato Diosdado Cabello. Em 2012, Capriles conquistaria um novo mandato, após derrotar o candidato Elías Jaua .Após ter anunciado sua intenção de participar nas eleições primárias da Mesa da Unidade Democrática em 12 de fevereiro de 2012, que definiria o candidato presidencial que enfrentaria Hugo Chávez nas eleições presidenciais de outubro daquele ano, Capriles superou o concorrente Pablo Perez para se tornar o candidato da oposição venezuelana.[18][19] No pleito presidencial de 2012, Capriles saiu derrotado por Hugo Chávez, por mais de 10 pontos percentuais (44,31% a 55,07%) dos votos. Apesar da derrota, foi à época, a votação mais expressiva que a oposição ao chavismo recebeu em eleições presidenciais disputadas contra Chávez.[20] Em 2013, após o anúncio de novas eleições presidenciais, em virtude da morte de Chávez em março do mesmo ano, Capriles confirmou que seria o candidato da oposição.[21] Neste pleito, o candidato governista Nicolás Maduro foi eleito com 50,66% dos votos contra 49,07% de Capriles – uma diferença de cerca de 300 mil votos numa eleição com cerca de 19 milhões de eleitores registrados.[22] A participação eleitoral foi de 78,71%.[23] ControvérsiasPosição contraditória no reconhecimento de eleiçõesNas eleições regionais de 2012, Capriles foi reconduzido ao cargo de governador do estado de Miranda com apertado resultado de 51,86% dos votos, vencendo por uma pequena diferença percentual o ex-vice presidente venezuelano Elías Jaua, que reconheceu a derrota para Capriles. Analistas, entre os quais, a jornalista e escritora Stella Calloni[24] e Salim Lamrani, doutor em Estudos Ibéricos e Latino-americanos da Universidade Sorbonne, criticaram o comportamento de Capriles após a eleição presidencial de 2013:[25]
Acusações do Ministério Público contra CaprilesEm maio de 2013, o promotor do Ministério Público venezuelano Antonio Molina solicitou uma investigação contra Capriles promover atos de violência no país durante protestos de rua convocados pela oposição contra o governo de Nicolás Maduro. Segundo o promotor, durante entrevista concedida à Venezolana de Televisión, Capriles teria supostamente convocado seus apoiadores a praticar atos qualificadas como criminoso que resultaram na morte de 8 civis e em danos à propriedade pública. Durante a jornada de protestos de 2014 convocada pela oposição, apoiadores da oposição queimaram Centros de Diagnóstico em Imagem (CDI), a sede do Produtor Alimentos e Distribuidor (PDVAL), além de vários escritórios do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).[26] Por conta disso, Capriles e outros líderes da direita venezuelana, como Leopoldo López, foram acusados de "homicídio qualificado, crime de conspiração, desobediência contra as leis e danos à propriedade pública".[27] Referências
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