O gambá-de-orelha-preta (Didelphis aurita), também conhecido como saruê,[2]sariguê,[3]micurê,[4]mucura,[5] ou timbu,[6] é uma espécie de gambá que habita o Brasil, Argentina e Paraguai.[7]
Esta espécie, que por algum tempo foi considerada uma população de gambá-comum (D. marsupialis), foi originalmente descrita como D. azarae por Coenraad Jacob Temminck em 1824, mas esse nome foi dado incorretamente ao gambá-de-orelha-branca (D. albiventris) por mais de 160 anos. Como tal, o nome azarae foi abandonado.[8]
Etimologia
O nome gambá possui origem na língua tupi,[9] podendo advir de gã'bá (seio oco) ou gua (seio, ventre) + ambá/embá (vazio, oco).[10] As designações sariguê (e seu feminimo sarigueia) e saruê advém do tupi sari'gwe,[3] enquanto micurê também tem origem indígena, mas sua etimologia é desconhecida.[4] Outro de seus nomes, mucura, originou-se no tupi mu'kura, que significa gambá.[5]
Descrição
O gambá-de-orelha-preta, em média, possui 37 centímetros de comprimento no corpo, e outros 33 centímetros em sua cauda. Por esse motivo, é uma das maiores espécies de marsupais no Brasil. Pesam entre 1,3 e 1,5 kg, com as fêmeas sendo ligeiramente mais leves e menores.
Sua coloração é cinza ou preta, com uma camada de sobre-pelos com pontas brancas. Seu rosto é marcado por três estrias escuras, uma junto a cada olho e uma ao longo da linha mediana do rosto. As fêmeas apresentam, em média, nove mamilos protegidos pelo marsúpio.[11] Possui uma glândula que exala odor desagradável na região posterior do corpo que é liberado quando o animal se sente ameaçado e é obrigado a se fingir de morto.[12]
Sua área de vida varia entre 1,3 e 9,5 hectares, mas num dia varia entre 0,5 e 2,7 hectares. As fêmeas costumam movimentar-se menos, sobretudo em busca de recursos, e possuem território mais estável. Os machos, por sua vez, alteram seu padrão de deslocamento durante o período de acasalamento. Sua locomoção, em grosso modo, é terrestre; é capaz de utilizar todos os estratos da floresta, porém utiliza predominantemente o solo para seu deslocamento.
O gambá-de-orelha-preta é solitário e notívago; o período de maior atividade da espécie se concentra do pôr-do-sol até a meia noite. Em cativeiro, vivem até quatro anos, já sendo capazes de se reproduzir a partir dos cinco meses. Normalmente acasalam duas vezes ao ano, gerando prole entre a metade da estação seca e o fim da estação chuvosa. Em média, cada ninhada gera de 6,5 a 8,6 filhotes.[11]
Habitat
Esta espécie é encontrada nas Matas Atlântica e Araucária,[11] vivendo em matas primárias e secundárias. Também é encontrado em florestas que foram fragmentadas pelo desenvolvimento urbano e pelo desmatamento.[7]
Conservação
Esta espécie está listada como pouco preocupante devido à sua ampla distribuição, presumivelmente grande população, tolerância à modificação do habitat, ocorrência em diversas áreas protegidas (como o Parque Estadual Serra do Mar[11]) e porque é improvável que esteja diminuindo próximo à taxa necessária para se qualificar para listagem em uma categoria ameaçada. Não há grandes ameaças conhecidas, embora o desmatamento afete algumas subpopulações. Apesar de ser caçada ou capturada localmente para alimentação, recreação, como predadora de aves e para o comércio de peles, esta espécie não parece ter sido fortemente afetada pela colonização humana.[7]