Ela teve duas irmãs: Anne, cujo segundo marido Mervyn Tuchet, 2.º Conde de Castlehaven, foi sentenciado à morte devido ao crime de cumplicidade no estrupo da esposa, e Elizabeth, escritora, casada com Henry Hastings, 5.º Conde de Huntingdon. Numa dedicação de um livro, em 1610, Thomas Gainsford descreveu Alice e suas três filhas como "se movendo juntas como belos planetas em orbes conspícuos".[4]
Biografia
Alguns anos após a morte do pai de Frances, em 1594, a mãe dela, Alice, se casou com Thomas Egerton, 1.º Visconde Brackley, em 1600. Em 1601, Alice arranjou o casamento entre a filha e seu enteado, John Egerton, filho de Thomas com a primeira esposa, Elizabeth Ravenscroft. Eles se casaram no dia 27 de junho de 1602, quando Frances tinha 19 anos, e John tinha 22 ou 23. A partir da união, Alice e Thomas se tornaram um dos maiores proprietários de terras em Midlands, além de possuírem terras em Hertfordshire, Buckinghamshire e Northamptonshire.[5]
Em 15 de março de 1617, o pai de John faleceu, e ele foi sucedido pelo filho nos títulos de visconde Brackley e barão Ellesmere, em Shropshire. O relacionamento entre Alice e John que já era hostil, após a morte de Thomas, piorou, e a única coisa que tinham em comum era a sua admiração por Frances. O novo visconde herdou a maior parte das propriedades do pai, avaliadas, na época, em £12.000 por ano. Assim, ao combinar a herança de John com a herança de Frances, o casal se tornou um dos mais ricos da Inglaterra.[5]
Em 27 de maio de 1617, o rei Jaime VI da Escócia e I de Inglaterra promoveu John à posição de conde de Bridgewater. Em 1626, ele foi nomeado Conselheiro Privado; o conde também serviu em diferentes períodos como Lorde Tenente na Inglaterra e no País de Gales.[6]
Frances era considerada uma mulher culta, altamente devota e bem versada em escritura religiosa pelos seus contemporâneos.[5] Ela possuía uma coleção de livros significativa, os quais foram catalogados em 1627, e totalizados em 241 itens. A maioria dos livros estava em inglês, porém, dezoito livros estavam escritos em francês, mas nenhum em latim ou grego.[7] Aproximadamente 15% dos livros eram traduções como Vidas Paralelas de Plutarco, Anais de Tácito, A Consolação da Filosofia por Boécio, Godofredo de Bolonha por Torquato Tasso, Dom Quixote de Miguel de Cervantes, e o Decamerão de Giovanni Boccaccio.[8] O catálogo original dos livros de Frances, datado de 27 de outubro de 1627, está presente na coleção de manuscritos de Ellesmere, em Londres.[9] Além da listagem original, houve duas atualizações ao inventário, uma em 1631, e outra em 1632.[5]
Muitos dos livros possuem as inicias dela, F.B (F de Frances, e B de Bridgewater), carimbadas em ouro.[10] Assim como outras mulheres do início da Idade Moderna, ela não deixou marginália em seus livros.[5] Muitas das obras eram devocionais cristãos por autores como William Perkins, Joseph Hall e Francis Rous.[3] Também havia livros de História, literatura, e de viagens,[11] tais como as Fábulas de Esopo, A Rainha das Fadas, além de peças de William Shakespeare[12]; outros títulos incluíam Of prayer and meditation por Richard Hopkins,[13] a edição de 1619 de História Eclesiástica por Eusébio de Cesareia,[14] e The New Covenant, Or The Saints Portion por John Preston (um presente da irmã, Elizabeth),[15] etc. Essa era a coleção pessoal da condessa, guardada separadamente a de biblioteca maior do marido, mas, que foi incorporada àquela após a sua morte. Aumentada ao longo das gerações, a coleção da casa ficou conhecida como a Biblioteca de Bridgewater, cuja maior parte da coleção, hoje, faz parte da Biblioteca Huntington, na Califórnia.[3] Também existem cartas sobreviventes escritas por Frances, como uma endereçada a Anne Newdigate.[16]
Apesar de sua enorme coleção, provavelmente era Frances Wolfreston, uma contemporânea, quem possuía mais títulos do que a condessa de Bridgewater, tendo ela, talvez, possuído 200 títulos a mais do que Stanley.[17]
Tanto Frances quanto a irmã, Elizabeth, costumavam ler livros por Andrewes, Hall e Bayly. Outros membros da família também compartilhavam livros entre si.[15]
Sabe-se que os Egerton, ou, pelo menos, alguns membros do agregado familiar. praticavam astrologia. Segundo a autora Heidi Brayman Hackel:[5]
"a Condessa também possuía várias livros com conexões marianas ou recusantes: A Right Godly Rule (um livro de orações baseado numa edição mariana), um Iesus Psalter (um popular livro de devoção católico), e várias obras pelo poeta recusante, Robert Southwell. O arquivamento de A Right Godly Rule, ao lado de uma edição por Southwell, impressa pela imprensa católica secreta, confirma que a Condessa estava, de fato, ciente das influências marianas e recusantes em sua biblioteca."
A condessa conhecia muitos autores proeminentes, tais como John Donne (quem, provavelmente, conhecia Frances desde seu nascimento)[10] e John Milton. Ela possuía 123 poemas escritos por Donne, além de um punhado de poemas de outros autores.[18] Já a mascarada de Milton, Comus, escrita para homenagear a ascensão de John ao cargo de Lorde Presidente de Gales, foi apresentada no Castelo de Ludlow, em 1634, e contou com a participação dos três filhos mais novos do casal, John, Thomas e Alice, nos papéis principais.[19]
Frances, a mãe e as irmãs foram o tema da dedicação do verso de The Holly Roode de John Davies de Hereford.[20] Thomas Newton dedicou sua obra Atropoïon Delion, Or The Death of Delia à mãe dela, Alice, além de versos acrósticos à Frances e Às irmãs. Já John Attey dedicou seu livro, The First Book of Ayres of 4 Parts With Tabletorie for the Lute, à Frances e ao marido.[19]
A condessa também se interessava por música, assim como a família Egerton no geral, e Frances e John se orgulhavam muito e apreciavam as conquistas musicais dos filhos.[21] Muits anos antes de se casar, Frances esteva presente em New Park, em outubro de 1588, quando a trupe de atores, Queen Elizabeth's Men, fez uma apresentação. Ela, provavelmente, também esteava presente quando Queen's Men e outros grupos, Essex's Men, Leicester's Men e Lord Strange's Man (companhia do pai dela) fizeram apresentações para a família Stanley. [11]
O casal empregava diversos instrutores para garantir a educação adequada aos filhos. O professor de francês era um francês chamado Sr. Aronell, o professor de alaúde era o Sr. Newport, e a senhora Heard ensinava dança, canto e música. Mais tarde, eles contrataram Henry Lawes, um compositor, para ensinar as crianças mais jovens.[5]
Em 1633, o conde a condessa de Bridgewater encomendaram um epicedium, composto por vários epitalâmios e versos acrósticos, para celebrar o casamento da filha, Magdalen, com Sir Gervase Cutler. A obra incluí dois brasões pintados nas cores apropriadas e folheados a ouro, um emblema de arqueiros em aquarela com a legenda Omnia vincit amor,além duma árvore genealógica, pintada e decorada, da família Egerton; a obra possuí 29 páginas, e está escrita em inglês e latim.[22]
A condessa faleceu em 11 de março de 1635, aos 52 anos, e foi enterrada no cemitério da Igreja de São Pedro e São Paulo, na vila de Little Gaddesden,[23] em Hertfordshire.[24] A morte dele serviu como tema para um poema funerário por Robert Codrington.
Descendência
Frances Egerton (c. 1603 – 27 de novembro de 1664), foi a segunda esposa de Sir John Hobart, 2.º Baronete Hobart de Intwood, com quem teve uma filha, Philippa;
Elizabeth Egerton (c. 1604 – 20 de março de 1687/88), foi casada com David Cecil, 3.º Conde de Exeter, com quem teve três filhos;
Mary Egerton (1606 – 1659), foi casada com Richard Herbert, 2nd Barão Herbert de Chirbury, com quem teve doze filhos;
Penelope Egerton (1610 – antes de 16 de julho de 1658), foi casada com Sir Robert Napier, 2.º Baronete Napier de Luton Hoo, com quem teve três filhos;
Magdalen Egerton (c. 1615 - 24 de setembro de 1664), foi a segunda esposa de Sir Gervase Cutler, mas não teve filhos;
James Egerton (21 de setembro de 1616 - dezembro de 1620), visconde Brackley;
Charles Egerton (c. 1617 - abril de 1623), visconde Brackley;
↑Garrett Sullivan, Linda Neiberg, Susan Zimmerman, ed. (2007). «Cosmopolitan and Foreign Books in Early Modern England». Shakespeare Studies. [S.l.]: Fairleigh Dickinson University Press. p. 59. 313 páginas !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de editores (link)