Érika Mialik Marena (Apucarana, 1975) é uma delegada da Polícia Federal, conhecida pela atuação na Operação Lava Jato.[1][2][3][4][5] Ela também atuou como delegada na divisão de repressão a crimes financeiros em São Paulo e Curitiba, além da divisão de combate à corrupção e desvio de verbas públicas em Santa Catarina.[6]
Biografia
Após atuar por quatro anos na Operação Lava Jato,[7] Erika foi convidada a chefiar a área de combate à corrupção e desvio de verbas públicas da Superintendência da PF em Santa Catarina.[8][9] Em 2016, foi a mais votada de uma lista tríplice para concorrer à diretoria geral do comando da PF.[10]
Operação Ouvidos Moucos
Em 2017, foi a responsável pela controversa Operação Ouvidos Moucos, que resultou na prisão do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier de Olivo, acusado de tentativa de obstrução de justiça.[7] Motivada por denúncias do então corregedor da UFSC, bem como, de outros membros do corpo docente da Universidade, a operação teve como objetivo investigar o desvio de recursos ao longo de diversas gestões. Após ter pedido de prisão representado pela Polícia Federal, Cancellier foi preso e afastado do cargo e da universidade, numa operação que contou com 115 policiais federais. Cancellier não tinha antecedentes criminais. Após ser liberado com um habeas-corpus, apenas condicionado a sua não ida ao campus, cometeu suicídio.[11] O relatório final do inquérito não apresentou qualquer prova contra o reitor.[12][13][14][15][16][17] Em julho de 2023, o TCU (Tribunal de Contas da União), em documento assinado pelo diretor da Unidade de Auditoria Especializada em Educação, Cultura, Esporte e Direitos Humanos, Leandro Santos de Brum, indicou ainda que a denúncia de irregularidade no programa "Universidade Aberta do Brasil", que foi o alvo principal da operação Ouvidos Moucos, era improcedente.[18]
A delegada foi designada para a ocupar a Superintendência Regional de Polícia Federal no Estado de Sergipe em dezembro de 2017, dois meses depois da morte do reitor. O Ministério da Justiça investigou sua participação no caso, e após três pareceres concordantes decidiu arquivar a sindicância contra ela, por falta de provas.[19][20][21]
Porém, após o relatório do TCU em 2023 apontar que toda a operação foi baseada em acusações improcedentes, o Ministro da Justiça do terceiro Governo Lula, Flávio Dino, decidiu encaminhar o documento para o Diretor-Geral da Polícia Federal para que fosse instaurado Processo Administrativo Disciplinar a fim de novamente investigar a conduta dos policiais, o que inclui a delegada Erika Marena, para averiguar possíveis ações realizadas de maneira irregular. A ação de Marena, quem determinou a ação contra os suspeitos a partir de convicções suas, e que levou à prisão por acusação de formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro seis funcionários da UFSC e ao indiciamento de outras 23 pessoas deveria, nas palavras do ministro, ser novamente investigada pela Polícia Federal.[22]
Atuação no Ministério da Justiça
Após as polêmicas ocorridas em razão da Operação Ouvidos Moucos, ao final de 2018, foi escolhida por Sergio Moro para chefiar o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional.[23]
Em 2020, foi exonerada do cargo pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça.[24]
Operação Spoofing
Em 2021, após a divulgação da operação Spoofing, foi acusada pela defesa do então ex-presidente Lula de forjar depoimentos. De acordo com mensagens atribuídas ao então coordenador da força-tarefa da Lava-jato, Deltan Dallagnol, a delegada "lavrou termo de depoimento como se tivesse ouvido o cara, com escrivão e tudo, quando não ouviu nada ... dá no mínimo falsidade".[25]
Na cultura popular
Em 2017, Erika foi interpretada no cinema brasileiro pela atriz Flavia Alessandra no filme Polícia Federal: A Lei É para Todos.[26]
Em 2018, a personagem Verena Cardoni da série da Netflix, O Mecanismo, foi inspirada em Erika e foi interpretada pela atriz Carol Abras.[27]
Referências
- ↑ «Procuradores da Lava Jato lamentam saída da delegada Érika Marena». G1. Globo. Consultado em 30 de agosto de 2017
- ↑ «Entenda o Caso». Caso Lava Jato. Ministério Público Federal. Consultado em 30 de agosto de 2017
- ↑ «Os dois anos da operação Lava jato». Globo News. Globo. 18 de março de 2016. Consultado em 30 de agosto de 2017
- ↑ Souza, Nivaldo (1 de agosto de 2017). «Posto que deu origem à operação Lava Jato deve mais de R$ 8 milhões à União». Uol. Consultado em 30 de agosto de 2017
- ↑ Brasil de Fato (20 de outubro de 2017). «Ex-Lava Jato que prendeu reitor em SC já processou jornal, blogueiro e até o Facebook»
- ↑ «Delegada que batizou Operação Lava-Jato é exonerada do Ministério da Justiça». GZH. 26 de junho de 2020. Consultado em 3 de abril de 2021
- ↑ a b Nunes, Wálter (10 de maio de 2018). «PF liga ex-reitor da UFSC a desvio, mas não apresenta provas em 817 páginas». Folha de S.Paulo. Consultado em 10 de maio de 2018. Cópia arquivada em 10 de maio de 2018
- ↑ Vargas, Diogo (25 de fevereiro de 2017). «Ex-coordenadora da Lava-Jato é transferida para a PF em SC». DC. RBS. Consultado em 30 de agosto de 2017
- ↑ «Procuradores da Lava Jato lamentam saída da delegada Érika Marena». Época. Globo. 9 de dezembro de 2016. Consultado em 30 de agosto de 2017
- ↑ «Delegada pode ser primeira mulher da história a comandar PF». Cidade verde. Consultado em 30 de agosto de 2017
- ↑ Carvalho, Luiz Maklouf (3 de dezembro de 2017). «Suicídio de reitor da Universidade Federal da Santa Catarina põe PF sob suspeita». Estadão. O Estado de São Paulo. Consultado em 3 de dezembro de 2017
- ↑ Mundo, Diario do Centro do (23 de fevereiro de 2021). «Delegada da Polícia Federal e lavajatistas podem responder por diversos crimes». Diário do Centro do Mundo. Consultado em 3 de abril de 2021
- ↑ Fernando Martines (12 de julho de 2019). «MPF denuncia filho de reitor que se suicidou sem provar o que ele fez de ilegal». Conjur. Consultado em 6 de abril de 2021
- ↑ Hara Flaeschen e Vilma Reis (23 de outubro de 2018). «Sem provas PF encerra inquérito que levou Reitor Cancellier ao suicídio». Abrasco. Consultado em 6 de abril de 2021
- ↑ João Filho (12 de maio de 2018). «"Polícia Federal — A lei é para todos". Só que não.». The Intercept Brasil. Consultado em 6 de abril de 2021
- ↑ «Relatório final da PF sobre supostas irregularidades na UFSC pede indiciamento de 23 pessoas, mas não aponta valor total de desvios». G1. 10 de maio de 2018. Consultado em 6 de abril de 2021
- ↑ Walter Nunes (10 de maio de 2018). «PF liga ex-reitor da UFSC a desvio, mas não apresenta provas em 817 páginas». Folha de S.Paulo. Consultado em 6 de abril de 2021
- ↑ «TCU descarta irregularidade em programa da UFSC que motivou prisão e morte do reitor Cancellier». NSC Total. Consultado em 9 de julho de 2023
- ↑ «PF de SC substitui superintendente e transfere delegada da Operação Ouvidos Moucos». G1-SC. Globo. 1 de dezembro de 2017. Consultado em 3 de dezembro de 2017
- ↑ «Assessor produziu parecer para eximir delegada da PF em sindicância». Folha de S.Paulo. 1 de fevereiro de 2018. Arquivado do original em 25 de fevereiro de 2019
- ↑ «Delegada que batizou a Lava Jato assume o comando da Polícia Federal em Sergipe»
- ↑ «Chico Alves - Flávio Dino determina hoje investigação na PF sobre caso Cancellier». noticias.uol.com.br. Consultado em 10 de julho de 2023
- ↑ Alba Valéria Mendonça (23 de novembro de 2018). «Em evento no Rio, Érika Marena afirma que 'ainda tem muita gente disposta a roubar este país'». G1. Globo.com. Consultado em 25 de novembro de 2018
- ↑ «Governo exonera delegada que integrou e deu o nome a Operação Lava-Jato». ISTOÉ Independente. 26 de junho de 2020. Consultado em 22 de fevereiro de 2021
- ↑ «Defesa de Lula acusa Lava Jato de forjar depoimentos - Migalhas». migalhas.uol.com.br. 23 de fevereiro de 2021. Consultado em 25 de fevereiro de 2021
- ↑ «Moro, Bretas, Dallagnol e delegados da PF assistem à "Lei é Para Todos" na terra da Lava Jato». Estadão. O Estado de São Paulo. Consultado em 30 de agosto de 2017
- ↑ Guilherme Dearo (21 de novembro de 2018). «Quem é Erika Marena, delegada escolhida por Moro para integrar sua equipe». Exame-com. Consultado em 10 de julho de 2023
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