As eleições legislativas na Itália de 2022 foram realizadas a 25 de setembro para eleger os 400 membros da Câmara dos Deputados e os 200 membros do Senado.
Estas eleições foram antecipadas em virtude da crise política que eclodiu no verão de 2022, quando o Movimento 5 Estrelas, Liga Norte e Força Itália retiraram o seu apoio ao governo de unidade nacional liderado por Mario Draghi.[1][2] Como consequência desta situação, o presidente da república Sergio Mattarella dissolveu o parlamento e convocou eleições para setembro, com Draghi a manter-se como primeiro-ministro até à realização do pleito.[3][4][5]
Fruto do referendo constitucional realizado em 2020, o tamanho do Parlamento será reduzido em comparação com eleições anteriores. Com as alterações aprovadas no referendo, a Câmara dos Deputados terá 400 membros e o Senado terá 200 membros, uma redução em relação de 630 e 315 membros, respetivamente. A juntar a esta alteração, após aprovação da lei constitucional em 2021, a idade de votação para o Senado foi reduzida dos 25 anos para os 18 anos, o que faz com que esta eleição seja a primeira em que o número de votantes será o mesmo para as duas câmaras.[6]
Nas eleições com a participação mais baixa da história[7][8], os resultados deram a vitória à Coligação de Centro-direita liderada pelos Irmãos de Itália, partido radical de direita com raízes neofascistas, conquistando a maioria absoluta na Câmara e no Senado[9][10]. O partido de Giorgia Meloni obteve 26% dos votos, tornando-se o maior partido do parlamento italiano e, fruto de um acordo pré-eleitoral na coligação de centro-direita, será provavelmente a nova primeira-ministra italiana, sendo a primeira mulher a ocupar tal cargo[7][11]. Este novo governo de Itália será o governo mais de Direita desde 1945 e o primeiro governo nacionalista em Itália desde da instauração da República[12][13].
Contexto
Nas eleições legislativas de 2018, os resultados deram um parlamento fraturado em três blocos: a coligação de Centro-direita, a coligação de Centro-esquerda e o Movimento 5 Estrelas. Após meses de negociação, o Movimento 5 Estrelas (M5S) formou um governo de coligação com a Liga Norte (LN) com Giuseppe Conte, um político independente nomeado pelo M5S,[14] a ser escolhido para primeiro-ministro, e com a imprensa europeia a descrever esta coligação governativa como o "primeiro governo totalmente populista na Europa Ocidental".[15][16] A coligação seria marcada por instabilidade, com vários membros do Movimento a saírem do partido e por uma forte rivalidade entre Conte e Matteo Salvini, líder da Liga Norte.[17][18][19] Após as eleições europeias de 2019, que deram uma vitória histórica à Liga, Salvini apresentou uma moção de censura contra o governo, rompendo a coligação com o M5S e com Conte a acusá-lo de "ter causado uma crise política para servir os seus interesses pessoais."[20][21][22]
Após o romper da coligação governativa com a Liga Norte, o Movimento 5 Estrelas abriu negociações com o Partido Democrático (PD) com ambos os partidos a chegarem a acordo em setembro de 2019, formando um governo baseado nos valores do Europeísmo, Economia verde, Desenvolvimento sustentável, combate contra Desigualdade econômica e uma nova política de imigração.[23] Giuseppe Conte era reconduzido no cargo de primeiro-ministro com o governo a incluir também o partido Livres e Iguais e a Italia Viva (IV), partido formado pelo antigo líder do PD e ex-primeiro-ministro Matteo Renzi.[24][25][26]
O país iria passar por uma nova crise governativa quando, em janeiro de 2021, a Italia Viva de Renzi decidia romper com a coligação governativa e Conte demitia-se do cargo de primeiro-ministro após perder a maioria no Senado.[34][35] Após Conte não conseguir formar uma nova coligação governativa, o presidente Mattarela decidiu convidar o antigo presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, para formar um governo de unidade nacional que iria juntar tecnocratas e políticos da Liga, M5S, PD, Força Itália (FI), Italia Viva e Livres e Iguais, com apenas os nacionalistas dos Irmãos de Itália a ficarem de fora.[36][37]
Sergio Mattarella, apesar de não se recandidatar para um segundo mandado, foi reeleito presidente de Itália nas eleições de 2022, após os partidos do governo terem pedido que se mantivesse no cargo em virtude de não haver um outro candidato viável ao cargo.[38][39][40]
Durante o ano de 2022, começaram a crescer os rumores de que o Movimento 5 Estrelas iria romper com o governo de unidade nacional, incluindo alegações de que Draghi teria atacado Conte em privado e pedido a Beppe Grillo, fundador do Movimento, para o substituir.[41][42] O eclodir da Guerra Russo-Ucraniana e a forte crise económica e energética tornaram o governo de unidade cada mais vez instável, com Conte, líder do M5S, a atacar fortemente o envio de armas à Ucrânia e a introdução de sanções contra a Rússia por parte do governo italiano.[43] Estas posições de Conte levaram a uma divisão no M5S, com Luigi Di Maio, ministro dos Negócios Estrangeiros, a romper com o movimento e a criar um novo partido, de linha pró-europeísta: Juntos pelo Futuro.[44]
Em julho de 2022, o M5S retiraria o seu apoio ao governo de unidade nacional, com a Liga Norte e a Força Itália a juntarem-se e não votarem numa moção de confiança no Senado, provocando a queda do governo Draghi.[45] O presidente Mattarella aceitou o pedido de demissão de Mario Draghi, convocando eleições para 25 de setembro de 2022.[4][46]
Partidos concorrentes
A lista apresentada é a dos partidos mais relevantes e que detinham representação parlamentar aquando da sua dissolução:[47]
↑«Elezioni trasparenti. Politiche 2022». Dipartimento per gli affari interni e territoriali (em italiano). 25 de julho de 2022. Consultado em 24 de setembro de 2022
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