A eleição municipal de São Luís em 2020 foi realizada em 15 de novembro, como parte das eleições em 5.568 municípios brasileiros. Foram eleitos um prefeito e um vice-prefeito, além de 31 vereadores para a administração da cidade. Na eleição para prefeito, o deputado federal Eduardo Braide (PODE) terminou em primeiro lugar, com 37,81% dos votos, seguido do deputado estadual Duarte Júnior (Republicanos), com 22,15%.[1] Como o primeiro colocado não atingiu mais de 50% dos votos válidos, um segundo turno foi realizado em 29 de novembro. Braide foi eleito prefeito de São Luís com 55,53% dos votos, e Duarte ficou em segundo com 44,47%.[2]
Pela Constituição, o prefeito será eleito para um mandato de quatro anos a se iniciar em 1.º de janeiro de 2021,[3] e irá suceder Edivaldo Holanda Júnior (PDT), eleito nos dois últimos pleitos, cujo mandato acabará obrigatoriamente em 31 de dezembro. Encerrado o período de registro, 12 candidaturas foram protocoladas no TSE, mas com as desistências de Adriano Sarney (PV) e Carlos Madeira (Solidariedade), 10 concorreram, igualando a eleição de 2008 em número de postulantes. Essa também foi a segunda eleição municipal desde a redemocratização do país em que um candidato do PDT ou apoiado pelo partido, caso de Neto Evangelista (DEM), não avançou para o segundo turno, fato que até então só havia acontecido com Clodomir Paz na eleição de 2008.
Contexto político
As eleições municipais de 2020 foram marcadas, antes mesmo de iniciada a campanha oficial, pela pandemia do vírus COVID-19 em todo o país. O primeiro turno estava inicialmente marcado para 4 de outubro, e o segundo turno, para 25 de outubro, mas a pandemia forçou a criação da emenda constitucional nº 107 pelo Congresso Nacional, remarcando-os para 15 de novembro e 29 de novembro, respectivamente.[4]
O Tribunal Superior Eleitoral também refez o calendário eleitoral e autorizou os partidos a realizarem convenções para escolha de candidatos aos escrutínios por meio de plataformas digitais de transmissão, evitando aglomerações que possam proliferar o vírus.[5][6] Apesar disso, alguns partidos e coligações desrespeitaram as medidas de distanciamento social e chegaram a reunir milhares de pessoas em suas convenções.[7]
Candidatos
Bira do Pindaré (PSB): Natural de Pindaré-Mirim, Bira do Pindaré é graduado em direito e tem mestrado em políticas públicas, ambos pela UFMA, exercendo a profissão de advogado, além de ter sido bancário e professor. Foi líder do DCE da UFMA, onde iniciou sua carreira política, além de dirigente sindical. Foi candidato a vereador por São Luís em 1996 e 2000, além de candidato a senador em 2006, não sendo eleito em nenhum dos pleitos. Em 2010, foi eleito deputado estadual, sendo reeleito em 2014, e em 2018 foi eleito deputado federal. Sua vice é a professora e pesquisadora universitária Letícia Cardoso, mestre em políticas públicas e comunicação social pela PUC-RS. O PSB lançou a candidatura de Bira do Pindaré em convenção realizada em 12 de setembro;[8]
Duarte Júnior (Republicanos): Natural do Rio de Janeiro, Duarte Júnior tem graduação em direito pela Universidade Ceuma, onde também foi professor, especialização em direito do consumidor pela Universidade Anhanguera e mestrado em políticas públicas pela UFMA. Exerceu também a profissão de advogado, tendo atuado como assessor jurídico da Prefeitura de São Luís e como membro da OAB-MA. Sua carreira política se iniciou em 2015, quando foi nomeado presidente do PROCON pelo governador Flávio Dino, e em 2018, foi eleito deputado estadual. Sua vice é a advogada Fabiana Vilar (PL), ex-secretária estadual de Agricultura Pecuária e Pesca no governo Flávio Dino, entre 2019 e 2020. O Republicanos lançou a candidatura de Duarte Júnior em convenção realizada em 12 de setembro;[9]
Eduardo Braide (PODE): Filho do ex-deputado estadual e secretário de governo Carlos Braide, Eduardo Braide é formado em direito pela UFMA, tendo exercido a profissão de advogado. Foi presidente da CAEMA no governo Zé Reinaldo entre 2005 e 2006, além de ter sido secretário municipal de Orçamento Participativo de São Luís entre 2009 e 2010. Foi eleito deputado estadual por dois mandatos consecutivos em 2010 e 2014, e concorreu a prefeito de São Luís em 2016, perdendo no segundo turno para o então prefeito Edivaldo Holanda Júnior. Em 2018, foi eleito deputado federal. Sua vice é Esmênia Miranda (PSD), professora do Colégio Militar Tiradentes de São Luís e policial militar. O Podemos lançou a candidatura de Eduardo Braide em convenção realizada em 14 de setembro;[10]
Hertz Dias (PSTU): Natural de São José de Ribamar, Hertz Dias é formado em história, sendo professor da rede pública municipal e estadual de ensino, além de co-fundador dos movimentos Hip-Hop Quilombo Urbano e Hip-Hop Quilombo Brasil. Em 2018, foi candidato a vice-presidente da república na chapa de Vera Lúcia Salgado, ficando em 11.º lugar. Seu vice é o operador portuário Jayro Mesquita. O PSTU lançou a candidatura de Hertz Dias em convenção realizada em 10 de setembro;[11]
Jeisael Marx (REDE): Natural de São Bento, Jeisael Marx é formado em jornalismo pela Faculdade São Luís. Atuou como radialista e apresentador de TV em diversas emissoras da cidade, passando pela Mais FM, TV Cidade, TV Difusora e Band Maranhão, afastando-se de suas funções para concorrer pela primeira vez em uma eleição. Sua vice é a pedagoga e ativista política Janicelma Fernandes, porta-voz da Rede Sustentabilidade no Maranhão. O partido lançou a candidatura de Jeisael Marx em convenção realizada em 13 de setembro;[12]
Neto Evangelista (DEM): Filho do ex-vereador de São Luís e deputado estadual João Evangelista, Neto Evangelista é formado em direito pela Universidade Ceuma, tendo exercido a profissão de advogado, além de ser empresário do setor de agronegócio. Sua carreira política se iniciou em 2010, quando foi eleito deputado estadual, sendo reeleito em 2014 e 2018. Em 2012, disputou a vice-prefeitura de São Luís na chapa de João Castelo, que foi derrotado no segundo turno pelo atual prefeito, Edivaldo Holanda Júnior. Entre 2015 e 2018, foi secretário estadual de Desenvolvimento Social no governo Flávio Dino. Sua vice é Luzimar Correa (PDT), assistente social e ativista política. O DEM lançou a candidatura de Neto Evangelista em convenção realizada em 12 de setembro;[13]
Professor Franklin (PSOL): Franklin Douglas é formado em comunicação social e direito, e mestre e doutor em políticas públicas pela UFMA, atuando como professor universitário da mesma instituição. Seu vice é José Ribamar Arouche, um dos fundadores do diretório municipal do PSOL em São Luís. O partido lançou a candidatura de Franklin Douglas em convenção realizada em 13 de setembro;[14]
Rubens Pereira Júnior (PCdoB): Filho do ex-deputado estadual e prefeito de MatõesRubens Pereira, e membro de uma família com histórica tradição política, Rubens Pereira Júnior é graduado em direito pela UFMA e mestre pelo IBDP, exercendo a função de advogado. Foi eleito deputado estadual em 2006 e 2010, e deputado federal em 2014 e 2018. Foi também secretário estadual de Cidades e Desenvolvimento Urbano no governo Flávio Dino, entre 2019 e 2020. Seu vice é Honorato Fernandes (PT), vereador do município de São Luís desde 2012. O PCdoB lançou a candidatura de Rubens Pereira Júnior em convenção realizada em 13 de setembro;[15]
Silvio Antônio (PRTB): Silvio Antônio é graduado em administração e teologia. Evangélico, é fundador e líder do Ministério Apostólico Eclesiástico Shalom, sediado na capital maranhense. Foi candidato a deputado estadual e federal nas eleições de 2010 e 2018, respectivamente, não sendo eleito em nenhum dos pleitos. Sua vice é Ana Célia, pedagoga e sargento da Polícia Militar do Estado do Maranhão. O PRTB lançou a candidatura de Silvio Antônio em convenção realizada em 17 de setembro;[16]
Yglésio Moyses (PROS): Yglésio Moyses, popularmente conhecido como Dr. Yglésio, é formado em medicina pela UFMA e doutor pela USP, tendo exercido funções de médico e professor universitário. Foi diretor do Hospital Municipal Djalma Marques (Socorrão I), ganhando notoriedade por fazer uma campanha para arrecadar alimentos e insumos para a unidade hospitalar. Antes, foi candidato a vereador em 2012, e depois candidato a deputado estadual em 2014, não sendo eleito em nenhum dos pleitos. Em 2018, candidatou-se novamente e foi eleito deputado estadual. Seu vice é o médico oftamologista Mauro César, presidente da Associação Médica do Maranhão. O PROS lançou a candidatura de Yglésio Moyses em conveção realizada em 12 de setembro.[17]
Em carta aberta divulgada em 27 de setembro, primeiro dia da campanha eleitoral, Adriano Sarney renunciou a sua candidatura alegando que teria pouco espaço para apresentar suas ideias, citando como exemplos o pouco tempo de propaganda eleitoral a que teria direito e a recusa da TV Difusora e da TV Mirante em lhe convidar para seus respectivos debates, com base nos critérios de representação partidária no Congresso Nacional.[19] Em 14 de outubro, o PV decidiu apoiar formalmente a candidatura de Eduardo Braide.[20]
Carlos Madeira anunciou sua desistência em 7 de outubro por recomendação médica, em razão de problemas de saúde decorrentes de uma infecção por COVID-19 antes do início da campanha. O Solidariedade decidiu apoiar formalmente a candidatura de Rubens Pereira Júnior.[21]
Pré-candidatos
Detinha (PL): Detinha foi prefeita do município de Centro do Guilherme entre 2009 e 2012, e em 2018 foi eleita deputada estadual, com o maior número de votos daquela eleição. Sua candidatura era vista por analistas como uma tentativa do seu marido, o deputado federal Josimar de Maranhãozinho, de ganhar espaço na política local após fracassar em criar alianças. O PL, no entanto, conseguiu fechar apoio ao candidato Duarte Júnior, indicando a vice da sua chapa, e retirou a candidatura de Detinha;[22][23]
Wellington do Curso (PSDB): Professor e ex-sargento do Exército, Carlos Wellington foi eleito deputado estadual em 2014 e 2018, e em 2016, foi candidato a prefeito de São Luís, ficando em terceiro lugar. Se declarou pré-candidato a prefeito nas eleições de 2020, mas o seu partido, PSDB, decidiu apoiar a candidatura de Eduardo Braide;[24]
Saulo Arcangeli (PSTU): Saulo Arcangeli seria o candidato a prefeito do PSTU na eleição de 2020, mas em 29 de agosto, o partido decidiu substituir a sua candidatura pela de Hertz Dias, e ele optou por se candidatar a vereador.[25]
↑1 - O candidato ainda aparece com intenções de voto porque a consulta foi realizada antes da sua desistência ↑2 - Os candidatos somaram juntos 1% das intenções de voto
Band Maranhão e TV Guará foram as únicas a convidar todos os candidatos para os debates que realizaram, enquanto as demais utilizaram critérios de representação partidária no Congresso Nacional e desempenho nas pesquisas. A Rede Meio Norte, baseada em Teresina, Piauí, realizou um debate virtual dentro do programa Jogo Aberto MN, com a participação dos candidatos através de videoconferência, ação inédita em debates eleitorais no Maranhão. Por determinação da Rede Globo, que impôs a suas emissoras que fizessem debates convidando apenas 4 candidatos para evitar aglomerações em razão da pandemia, e a impossibilidade disto ser colocado em prática, a TV Mirante foi obrigada a cancelar o seu debate eleitoral, que seria realizado em 12 de novembro. Em contrapartida, a TV Difusora marcou um segundo debate para o mesmo dia, com a temática do programa Ponto & Vírgula, sendo a única a fazer dois debates no primeiro turno. Neste último encontro, os candidatos Braide e Duarte se ausentaram, sendo que Braide preferiu cumprir atos de campanha,[26] e Duarte estava afastado dos seus compromissos após testar positivo para COVID-19.[27]
O candidato Eduardo Braide ausentou-se do debate promovido pela TV Guará em 24 de novembro, depois que a candidata a vice da sua chapa, Esmênia Miranda, testou positivo para COVID-19, e com a suspeita de contaminação, ele teve que cancelar compromissos de campanha (incluindo o debate) e realizar exames preventivos.[34] Embora fosse previsto nas regras acertadas e comunicadas aos representantes dos candidatos, que caso um deles tivesse que faltar ao debate por razões de saúde, o mesmo seria cancelado, a emissora respaldou-se em resolução jurídica do TSE,[35] e transformou o debate numa entrevista com o candidato que estava presente, Duarte Júnior.
O município de São Luís teve mais de 900 candidatos aptos a concorrer a 31 cadeiras de vereador na Câmara Municipal. Com a reforma política ocorrida em 2017, esta foi a primeira eleição em que não houve coligações proporcionais, ou seja, os candidatos representaram unicamente suas siglas e elas elegeram suas bancadas individualmente.[41][42]
↑«Resolução nº 23.610, de 18 de dezembro de 2019». TSE. Consultado em 25 de novembro de 2020. [...] Art. 46. Em qualquer hipótese, deverá ser observado o seguinte: [...] III - o horário designado para a realização de debate poderá ser destinado à entrevista de candidato, caso apenas este tenha comparecido ao evento (Ac.-TSE nº 19.433, de 25 de junho de 2002);