Culinária de Goa ou culinária indo-portuguesa são designações da culinária das regiões indianas de Goa, Damão e Diu, outrora pertencentes ao Estado Português da Índia. Com 5 séculos de existência e evolução, esta culinária apresenta a particularidade de fundir elementos da culinária de Portugal com elementos da culinária da Índia, constituindo uma culinária autónoma por direito próprio[1].
Para além das influências naturais das artes culinárias de Portugal e da Índia, Goa absorveu também produtos oriundos de outras partes do mundo de língua portuguesa, como, por exemplo, o quiabo, oriundo da África e muito usado em Angola[2].
Antes da chegada dos portugueses, não havia qualquer sopa em qualquer das regiões da Índia, pelo que esta constitui um bom exemplo da assimilação local dos hábitos culinários portugueses[2]. Algumas das sopas goesas mais conhecidas são a chamada sopa de cabeça de peixe e a canja de Goa.
No campo dos vegetais, para além do quiabo, que é utilizado em algumas receitas de caril, a culinária de Goa faz também uso do repolho, do feijão-verde, da couve-flor, do espinafre e da beringela, entre outros, com a particularidade de muito frequentemente serem cozidos em leite de coco, dada a abundância de coqueiros do sudeste asiático[2]. Existem também pratos vegetarianos, como o samarém.
No que diz respeito aos temperos, distingue-se da culinária de Portugal pelo uso de temperos mais fortes, como o picante, e pelo uso abundante das especiarias, que conferem aos pratos em que são utilizadas um cheiro intenso e agradável[1].
Relativamente às carnes, a culinária de Goa distingue-se da culinária indiana em geral pela utilização de carne de porco e de vaca. Para além da questão religiosa ancestral, existe atualmente também uma razão económica para a sua utilização, dado que é mais barata que, por exemplo, a carne de carneiro, que não é produzida em Goa, tendo que ser importada de outras partes da Índia[2]. Alguns dos pratos mais emblemáticos utilizando carne de porco são o vindalho, o balchão e o sarapatel. A chamuça, um pastel local, é também um bom exemplo de uma receita à base de carne de porco. Utiliza-se também carne de galinha, como por exemplo no chacuti, de influência hindu, preparado com coco e especiarias,[1][3] no caldinho e no caril de frango.[4][5][6]
A utilização de carne de porco deu também origem ao chamado chouriço goês, com algumas semelhanças com os chouriços portugueses, mas significativamente mais picante[2].
No que diz respeito aos acompanhamentos, para além do arroz branco, destacam-se também as apas, os paparis e os chapatis. O tempero pode ser ajustado ao gosto dos comensais com os chamados achares, de teor picante.
A doçaria apresenta também elementos de origem portuguesa, mais concretamente na doçaria conventual. A utilização abundante de ovos é uma prova desta influência[1], como, por exemplo, no caso da conhecida bebinca. Por outro lado, o chetnim doce de manga apresenta elementos da culinária indiana.