Copa Rio Nota: Se procura o artigo sobre a competição internacional da década de 1950, veja Copa Rio (internacional).
Nota: Não confundir com Taça Rio.
A Copa Rio é uma competição de futebol do Rio de Janeiro organizada pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ). É por meio dela que alguns clubes do estado obtêm vagas em competições nacionais, como a Copa do Brasil ou o Campeonato Brasileiro da Série D. É considerada a segunda competição mais importante da federação, atrás do Campeonato Carioca. Disputada pela primeira vez em 1991, tinha como objetivo definir o segundo clube do Rio de Janeiro que participaria da Copa do Brasil. Contudo, por alguns anos essa finalidade ficou de lado, a começar pela edição inaugural: o Flamengo foi o primeiro vencedor da história da Copa Rio, porém não participou da copa nacional do ano seguinte. O torneio só voltou efetivamente a garantir uma vaga em competições nacionais a partir de 2007, ano em que o campeão pôde escolher entre uma vaga na Copa do Brasil ou no Campeonato Brasileiro da Série C. Com a criação de mais uma divisão no futebol brasileiro a partir de 2009, desde 2008 o campeão da Copa Rio escolhe entre a Copa do Brasil ou Campeonato Brasileiro da Série D. Ao longo dos anos, o torneio já foi disputado em diversos formatos e com número de participantes variando a cada edição. Atualmente, é jogado em sistema eliminatório, com partidas de ida e volta até a grande decisão. São aptos a participar da Copa Rio clubes das quatro primeiras divisões do escalão estadual, definidos de acordo com as posições nas respectivas competições. Em 27 edições realizadas, houve 17 clubes campeões. O Volta Redonda é o maior vencedor da Copa Rio, com cinco títulos, seguido pela Portuguesa-RJ, com três conquistas. História1991–1995: surgimentoAntes da Copa Rio, a Taça Guanabara, em edições independentes (de 1965 a 1971 e em 1980), exercia o papel de competição secundária em relação ao Campeonato Carioca no cenário do futebol do Rio de Janeiro.[1] Com essa lacuna em aberto já há alguns anos, na década de 1990 o dirigente Eduardo Viana, que presidiu a FERJ de 1984 até 2006, decidiu criar uma copa estadual, a então chamada Taça do Estado do Rio de Janeiro (ou simplesmente Taça Rio). Em agosto de 1990, o Conselho Arbitral da federação aprovou a criação da "I Taça do Estado do Rio de Janeiro", um novo torneio com a participação de times da segunda e terceira divisão estadual em uma fase inicial, com os times da primeira divisão se juntando numa fase final.[2] O propósito original da nova competição era definir um dos representantes do estado na Copa do Brasil do ano seguinte (o outro seria o campeão do Campeonato Carioca), além de manter as equipes em atividade entre o Campeonato Brasileiro e o estadual, mas a ideia não recebeu muita aceitação dos chamados clubes grandes.[3][4] Segundo o pesquisador Roberto Assaf, o certame possuía uma motivação obscura:[5] A primeira edição contou com a participação de 24 equipes, divididas entre o "Campeonato da Capital" e o "Campeonato do Interior".[3] Estes dois campeonatos anexos perdurariam até 1995, com a semifinal chaveada entre o campeão e o vice-campeão de cada um deles, a fim de decidir os finalistas da Copa Rio. Por conta do grande número de equipes, o Jornal dos Sports chegou a apelidar o torneio de "Copão".[6] Ao final da competição, o Flamengo, que jogou a maior parte da disputa com os reservas, derrotou na decisão o Americano, justamente o time de Eduardo Viana.[7] O rubro-negro não disputou a Copa do Brasil de 1992, apesar da "dobradinha" estadual (também foi o campeão do Carioca de 1991). A FERJ foi representada pelo segundo e quarto colocados da sua principal competição.[8] Nos dois anos seguintes, ocorreram as únicas duas edições que tiveram clássicos nas finais. Em 1992, o Vasco da Gama derrotou o Fluminense nas duas partidas decisivas.[9] Já em 1993, o cruz-maltino levou a melhor diante do Flamengo na decisão, em uma competição esvaziada e jogada em sua maior parte com reservas.[5] Apesar de apagada na extensa história do Vasco da Gama, a Copa Rio de 1993 foi lembrada na mídia por ser, desde então, a última vitória do Vasco sobre o Flamengo em uma final (desconsiderando turnos do estadual),[10] sucedendo a final do título do Cariocão de 1988,[nota 1] marcada pelo gol do "folclórico" jogador vascaíno Cocada.[5][12] Em 1994, o Volta Redonda tornou-se o primeiro campeão de fora da capital, ao bater o Fluminense nos pênaltis, e ficou com a taça.[9] Nessa edição, o Vasco desistiu no meio da disputa, uma vez que já estava classificado para a Copa do Brasil.[13] Já em 1995, o Voltaço sagrou-se bicampeão, em uma edição marcada por outra desistência, dessa vez do Flamengo, que se retirou da disputa alegando divergências com a FERJ. Nesse ano, os outros grandes clubes só escalaram reservas e não avançaram até à final. O vice-campeão foi o Barra Mansa, na primeira final entre dois times interioranos.[9][5] Das cinco primeiras edições, apenas uma vez o propósito da competição de classificar a equipe vencedora para a Copa do Brasil se cumpriu, quando o Volta Redonda disputou o torneio nacional em 1995, por ter vencido a Copa Rio do ano anterior. Em 1992 e 1993, o Vasco também foi campeão do Campeonato Carioca, ganhando a vaga por esta competição, enquanto o vice-campeão ocupou o outro lugar. Já a partir de 1995, a CBF começou a aplicar novos critérios de participação na Copa do Brasil, aumentando o número de representantes por estado, não contemplando mais a Copa Rio.[9] 1996–1997: as Copas do InteriorNo início de 1996, a CBF aumentou novamente o número de participantes da Copa do Brasil, incluindo não só campeão e vice cariocas do ano anterior, mas também equipes convidadas, o que contemplava todos os quatro grandes. Com isso, a Copa Rio perdeu ainda mais prestígio: sem a participação das maiores equipes do estado, os demais times da capital também não demonstraram interesse. Assim, foi disputado apenas o "Campeonato do Interior" tanto em 1996 quanto em 1997.[14] A edição de 1996 foi vencida pelo Rubro Social, agremiação de Araruama, após derrotar o Mesquita na final. Já o torneio de 1997 foi conquistado pelo Duquecaxiense, que bateu o Rodoviário de Piraí na decisão.[9] 1998–2000: tentativa de reestruturaçãoA partir de 1998, a FERJ reformulou o torneio para ter o retorno dos times da capital, porém sem garantir classificação para a Copa do Brasil. Contudo, esta empreitada durou apenas três anos. Na edição de 1998, as equipes participantes foram divididas em três grupos, dois com clubes da capital e um com agremiações do interior.[15] Flamengo e Fluminense foram as únicas equipes grandes que participaram do campeonato. Para o Tricolor, recém-rebaixado para a Série C do Campeonato Brasileiro, a Copa Rio passou a ser tratada como "salvação" da temporada.[16] Na final, o Fluminense venceu o São Cristóvão e ficou com o título.[17] Em 1999, o torneio foi disputado mais uma vez sem a presença de nenhum dos clubes grandes. Na ocasião, o Volta Redonda tornou-se o primeiro time a vencer a Copa Rio por três vezes, ao derrotar o Madureira nos dois jogos da final, garantindo desde então o posto de maior ganhador da competição.[9] Em 2000, o certame contou com a participação do Botafogo, marcando a última vez que um time do G-4 carioca disputou a Copa Rio. O título, no entanto, ficou com a Portuguesa-RJ, o primeiro time de menor investimento da capital a ser campeão.[9] 2005: a edição isoladaApós cinco anos sem ser disputada, a Copa Rio foi recriada em 2005. O novato Tigres do Brasil, fundado um ano antes na cidade de Duque de Caxias, ficou com o título, superando o Macaé.[18][19] 2007–2016: a retomada definitivaEm 2007, a competição foi retomada com novos atrativos: após muitos anos, a Copa Rio voltou a oferecer uma vaga na Copa do Brasil do ano seguinte e também passou a garantir uma vaga no Campeonato Brasileiro da Série C. Campeão da edição, o Volta Redonda optou por disputar a Copa do Brasil.[20][21] Já a vaga na Série C de 2008 ficaria com a Cabofriense, vice-campeã, que desistiu de disputar o Brasileirão.[22] Como as demais equipes mais bem colocadas não demonstraram interesse em participar, a vaga na Terceirona nacional ficou com o Duque de Caxias, sexto colocado.[23] Curiosamente, mesmo com a presença assegurada "de última hora", a equipe da Baixada Fluminense conquistou o inédito acesso para Série B de 2009 ao terminar a Série C na quarta colocação.[24] A partir de 2008, com a anunciada reformulação da Série C do Brasileirão para o ano seguinte e a criação da Série D, a Copa Rio passou a oferecer vagas para a Copa do Brasil e para a quarta divisão nacional.[25] O campeão desta edição foi o Nova Iguaçu, que se classificaria para a Copa do Brasil, enquanto o vice-campeão Americano ficaria com a vaga na Série D de 2009. Contudo, o time da Baixada Fluminense abriu mão de sua participação na copa nacional e o Americano herdou o seu lugar. Com isso, quem participou da quarta divisão do Brasileiro foi o Madureira, terceiro colocado na Copa Rio.[26][27] No ano seguinte, o Tigres do Brasil ficou com o troféu pela segunda vez na história ao bater o Madureira na grande decisão. Assim, a equipe duquecaxiense participou da Copa do Brasil de 2010, enquanto o Tricolor Suburbano disputou a Série D.[28] Classificado via Copa Rio, o Madureira conquistou o acesso na Série D do Brasileirão no ano seguinte.[29] Em 2010, o Sendas ficou com o título ao vencer na decisão o Bangu, optando por disputar a Série D em 2011 – o que faria já sob o novo nome Audax Rio.[30][31] O Bangu, por sua vez, disputou a Copa do Brasil.[32] Em 2011, o campeão foi o Madureira ficando com a classificação para a Copa do Brasil de 2012, pois a equipe já disputava a Série C do Brasileirão. O Friburguense, vice-campeão, ficou com a vaga para a Série D de 2012.[33] Na edição seguinte, o Nova Iguaçu conquistou o segundo título ao bater o Bangu.[34] Em 2013, o Duque de Caxias ficou com a taça após derrotar o Boavista-RJ na grande final.[35] Em 2014 e 2015, o Resende dominou a competição e garantiu o bicampeonato. No primeiro título, emoção até o fim: no último jogo do campeonato, o goleiro Arthur marcou o gol da vitória aos 50 minutos do segundo tempo, levando a decisão contra o Madureira para os pênaltis, vencidos pelo Gigante do Vale.[36] No outro ano, o título veio com uma goleada na final por 5–2 diante da Portuguesa-RJ.[37] Já no ano de 2016, a Copa Rio foi decidida pela primeira vez nos tribunais. Em um jogo descrito como "épico e memorável", o Friburguense foi derrotado pela Portuguesa-RJ por 4–3 no duelo de volta da final. Após abrir 2–0 e permitir a virada lusitana para 4–2, o terceiro gol da equipe serrana foi marcado no último minuto de jogo pelo goleiro Luiz Felipe, que antes já havia defendido um pênalti. Com o resultado, o título seria decidido nas penalidades, vencidas pelo Frizão.[38][39] No entanto, nada disso valeu o troféu: como havia escalado o atleta Diego Guerra de forma irregular na primeira partida da final, o Friburguense foi punido com a perda de seis pontos, o que deu o título da competição para a Portuguesa-RJ.[40] 2017–presente: torneio "mata-mata"A partir do ano de 2017, a Copa Rio mudou de formato, deixando de ter uma ou mais fases de grupos e passou a ser disputada apenas em sistema eliminatório, o popular "mata-mata", em partidas de ida e volta. A premiação também foi definida em R$ 50 mil para o campeão e R$ 25 mil para o segundo colocado.[41] O primeiro campeão nesse novo formato foi o Boavista-RJ, assegurando o título inédito na disputa por pênaltis.[42] Em 2018, pequenas mudanças no regulamento: para dar vagas também aos clubes da quarta divisão estadual (à época chamada de "Série C"), foram acrescentadas mais duas fases eliminatórias, aumentando o número de participantes de 16 para 25.[43] Outra alteração foi a extinção da regra do gol fora de casa, seguindo o exemplo da Copa do Brasil, que aboliu esse critério de desempate também a partir desta temporada.[44][45] Nessa edição, o campeão foi o Americano.[46] Na edição de 2019, houve a primeira final entre dois times da capital desde 1998, sendo a primeira entre dois times considerados "pequenos". Na ocasião, o Bonsucesso foi campeão ao derrotar a Portuguesa-RJ.[47] O rubro-anil optou por disputar a Copa do Brasil em 2020, deixando a Lusa com a vaga na Série D.[48] Contudo, sem conseguir o acesso para a elite do estadual, o Bonsucesso desfez seu planejamento e desistiu da competição nacional, e sua vaga foi repassada ao Boavista-RJ.[49] Por conta da pandemia de COVID-19, a edição de 2020 foi cancelada.[50] Na temporada seguinte, a competição foi retomada com a extinção da fase preliminar, reduzindo o número de participantes para 24.[51] O Pérolas Negras sagrou-se campeão ao derrotar o Maricá em disputa acirrada após 22 cobranças de pênaltis.[52] Em 2022, o Volta Redonda foi campeão pela quinta vez; e, em 2023, o título ficou com a Portuguesa-RJ, que logrou sua terceira conquista.[53][54] ResultadosO primeiro campeão da história da Copa Rio foi o Flamengo, uma das quatro vezes em que um clube grande do Rio de Janeiro ficou com o troféu da competição. As outras ocasiões ocorreram com o Vasco da Gama, bicampeão em 1992 e 1993, e com o Fluminense, vencedor de 1998.[55] O maior ganhador da Copa Rio é o Volta Redonda, que contabiliza cinco títulos, o último deles conquistado em 2022.[53] Na sequência, a equipe com mais triunfos é a Portuguesa-RJ, somando três taças.[54] Além do Vasco, já mencionado, mais três equipes venceram o torneio por duas vezes: Tigres do Brasil, Nova Iguaçu e Resende.[55] Encabeçada pelos quatro títulos das equipes grandes mais os títulos da Lusa, a capital carioca é a cidade mais vencedora do campeonato: somando um título do Madureira e outro do Bonsucesso, o Rio acumula nove troféus da Copa Rio. A segunda cidade mais vitoriosa é Volta Redonda, com os cinco triunfos do clube homônimo. Por sua vez, o município de Duque de Caxias têm quatro títulos com três clubes diferentes: além das conquistas do Tigres, o Duquecaxiense e o Duque de Caxias possuem um título cada.[55] Por clube
Por cidade
Técnicos campeõesA Copa Rio já foi conquistada por diversos técnicos, mas apenas três deles conseguiram o título em mais de uma ocasião. Wilton Xavier foi três vezes campeão comandando o Volta Redonda e é o maior vencedor da história do torneio.[56] Já Manoel Neto foi campeão duas vezes, uma com o Rubro Social e outra com a Portuguesa-RJ.[57] Edson Souza também levou duas equipes diferentes à glória, primeiro o Nova Iguaçu e depois o Resende.[58][59] Curiosamente, Edson já havia sido campeão da Copa Rio também como jogador, atuando pelo Vasco da Gama na edição de 1992. Outro nome que levantou o troféu da competição tanto como atleta quanto como treinador é Ailton Ferraz: comandante do Resende em 2015, ele fazia parte do elenco do Flamengo na edição inaugural, em 1991. Foi justamente na primeira Copa Rio da história que o título ficou com técnico de maior renome da lista: à época em começo de carreira, Vanderlei Luxemburgo era o treinador do Flamengo no título de 1991 e, posteriormente, foi cinco vezes campeão brasileiro, uma vez campeão da Série B e chegou a treinar a Seleção Brasileira. O folclórico Joel Santana é outro comandante vencedor da Copa Rio que depois se tornaria campeão da Série A do Brasileirão, ao conquistar a Copa João Havelange em 2000. Outros treinadores com uma Copa Rio no currículo e que já venceram divisões do Campeonato Brasileiro são Léo Condé (campeão da Série B de 2023 com o Vitória), Josué Teixeira e Rogério Corrêa (campeões da Série C em 2014 e 2024, com Macaé e Volta Redonda, respectivamente). ArtilhariaComo a Copa Rio contava com pouca cobertura da imprensa em seus anos iniciais, em especial na década de 1990, a listagem abaixo contempla os artilheiros da competição a partir de sua retomada, em 2007. Considerando apenas este recorte, o maior artilheiro de uma única edição é Daniel (também conhecido como Daniel Marins), que anotou 16 gols em 2009. Ainda nesse cenário, Tiago Amaral se destaca por ter sido o goleador de duas edições, ambas defendendo o Volta Redonda, em 2013 e 2015.
Notas e referênciasNotas
Referências
Ver também |