Clos Lucé
Construído em meados do século XV, foi adquirido em 1490 pelo rei Carlos VIII da França para a sua esposa, Ana da Bretanha. Mais tarde foi usada pelo Rei Francisco I. Em 1516, Francisco I convidou Leonardo da Vinci para visitá-lo em Amboise e emprestou-lhe Clos Lucé como um lugar para ficar e trabalhar. Leonardo, um inventor e pintor famoso, chegou com três das suas pinturas: Mona Lisa, Sant'Ana, e São João Batista. Leonardo viveu em Clos Lucé durante os últimos anos da sua vida, até à sua morte, ocorrida no dia 2 de Maio de 1519. Diz-se que o solar está ligado por uma passagem subterrânea ao Castelo de Amboise, do qual dista 500 metros, para permitir que o soberano visitasse o homem de ciência com toda a discrição. Como casa de Leonardo da Vinci, está classificado pelos Monumentos Nacionais desde 1862[1]. Actualmente, Clos Lucé pertence à família Saint Bris e alberga um museu, o qual reflete a prestigiosa história da região e inclui diversos modelos das várias maquinas desenhadas por Leonardo. HistóriaDa Idade Média ao RenascimentoO Chastelet du Cloux era um antigo feudo dependente do Castelo de Amboise. A terra de Lucé foi anexada ao clos a partir do século XIV. Por uma acta datada de 26 de Novembro de 1460, Pierre du Perche cedeu a Marc Rabouin o lieu du Cloux (lugar do Cloux) e recebeu em troca a Grange-aux-Lombards (Granja dos Lombardos). Esse domínio passou pouco tempo depois para as mãos dos religiosos do priorado de Moncé, que venderiam, por acta de 26 de Maio de 1471, a Étienne le Loup, mordomo e primeiro oficial de armas[2], depois conselheiro do Rei Luís XI e bailio de Amboise. Foram os edifícios a cair em ruína que deram a Clos Lucé o seu aspecto actual, com "a sua torre quadrada, a sua vigia, ligada à ala direita do edifício por uma galeria coberta, (...) as suas paredes logo perfuradas por janelas góticas[3]". No dia 22 de Novembro de 1490, Carlos VIII comprou Clos Lucé a Etienne Le Loup pela quantia de 3.500 escudos de ouro. O monarca mandou construir a capela. A sua esposa, Ana da Bretanha, viveu ali até à sua partida para Blois. Carlos IV d'Alençon e Margarida de Valois instalaram-se ali em 1509. Em 1515, o Duque de Alençon vendeu Clos Lucé à mãe de Francisco I, Luísa de Saboia. Leonardo da Vinci em Clos LucéEm 1516, Leonardo da Vinci deixou Roma, acompanhado por Francesco Melzi, por Salai e pelo seu criado Batista de Vilanis, para ir viver na França, aceitando assim a hospitalidade de Francisco I. O rei pôs à sua disposição o solar de Clos Lucé. No dia 15 de Outubro de 1517, Leonardo da Vinci recebeu a visita do Cardeal Luís de Aragão[4]. O seu secretário, Antonio de Beatis, relatou no seu Itinerario, "senhor Leonardo da Vinci, velho de mais de 70 anos, excelentíssimo pintor da nossa época, que mostrou três quadros à Nossa Senhoria, um duma dama florentina, feito ao natural, a pedido de fogo do Magnífico Juliano II, um outro de São João Baptista jovem e uma Virgem com o Menino, que estão sobre os joelhos de Santa Ana; os três são duma rara perfeição. É verdade que devido a uma paralisia da mão direita, não se pode esperar uma obra-prima da sua parte[5]." No dia 19 de Junho de 1518 foi organizada uma festa em Clos-Lucé, contendo algumas ideias que Leonardo da Vinci tinha utilizado para a Festa do Paraíso, em Milão, no dia 13 de Janeiro de 1490[6]. Foi montada uma tenda e instalada uma tela pintada de azul, representando os planetas, o sol, a lua e os doze signos do Zodíaco. Leonardo da Vinci morreu em Clos Lucé no dia 2 de Maio de 1519. Do Renascimento aos nossos diasDepois da morte do grande génio italiano, Luísa de Saboia retomou a posse dos lugares. Philibert Babou de la Bourdaisière e a sua esposa, apelidada de la belle Babou (uma das favoritas de Francisco I), residiram no palácio a partir de 1523. Michel de Gast, que se tornara governador de Amboise graças ao favor de Henrique III, tornou-se proprietário do domínio de Clos Lucé em 1583. Em 1636, o palácio regressou à Casa de Amboise pelo casamento de Antoine d'Amboise com a neta de Michel de Gast. O edifício manteve-se na posse da família d'Amboise até 1832, tornando-se, então, propriedade da família Saint Bris. O Conde Hubert Saint Bris (pai do jornalista e escritor Gonzague Saint Bris) decidiu abrir o palácio ao público em 1954[7].
DescriçãoO palácio está situado no interior dum parque atravessado pelo Amasse, um afluente do Loire. A fachada, em tijolos cor-de-rosa e pedras brancas, praticamente não foi modificada desde o Renascimento. No subsolo pode descobrir-se uma bela colecção de quarenta maquetes realizadas a partir de desenhos de Leonardo da Vinci. Pode ver-se, nomeadamente, um carro de combate, uma ponte transbordadora, uma escavadora, um planador ou o antepassado do helicóptero. O quarto onde morreu Leonardo da Vinci encontra-se no primeiro andar. A chaminé renascentista está decorada com as armas de França.
O parqueUm percurso cultural foi instalado no parque do solar, articulando-se em torno de cinco temas: a luz das caras, a beleza dos corpos, a mecânica da vida, as intuições técnicas e a cidade ideal. Compreende terminais de áudio, telas translúcidas representando esboços ou detalhes de quadros de Leonardo da Vinci e máquinas gigantes inspiradas nos seus esboços: carro de assalto, helicóptero, ponte transbordadora, barco com roda de pás, parafuso de Arquimedes, canhão de tiro em série.
Referências
Ligações externas
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