Caracol-lobo-rosado
Caracol-lobo-rosado[3] ou caracol-canibal[4] (nome científico: Euglandina rosea) é uma espécie de molusco gastrópode terrestre de respiração aérea predador, de tamanho médio a grande, pertencente à família dos espiraxídeos (Spiraxidae) e classificada por Férussac no ano de 1821.[1][2] É um predador rápido e voraz, caçando e comendo outros caracóis e lesmas.[5] Encontrada originalmente no sudeste dos Estados Unidos,[6] tornou-se espécie invasora na Ásia, Oceania, Polinésia e leste da África[7] por seu suposto combate ao caracol caramujo-gigante-africano (Achatina fulica).[8] No Havaí, onde foi introduzido em 1955,[9] provocou a extinção de oito espécies nativas de caracóis.[2] Consta em trigésimo quinto na lista das 100 das espécies exóticas invasoras mais daninhas do mundo da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN)[10] DescriçãoO caracol-lobo-rosado vive cerca de 24 meses.[2] Leva de 30 a 40 dias para eclodir e é considerado jovem (antes da maturidade sexual). A maturidade sexual começa entre 4 e 16 meses após a eclosão. Se movimenta relativamente rápido a uma velocidade de cerca de 8 milímetros por segundo.[2] Quando adulto, seu comprimento varia de seis[6] a pouco mais de oito centímetros.[11][12][13] Tem corpo cinza claro ou marrom.[2] O corpo é longo e delgado,[14] mas consegue se retrair para dentro da concha.[15] Seus lábios, que são alongados e se projetam como tentáculos abaixo de seus quatro tentáculos superiores, contém quimioceptores que são usados para rastrear em sua caça seguindo as trilhas de suas presas.[14] A casca tem dimensões usuais de 76 milímetros de comprimento e 27,5 milímetros de diâmetro.[2] Sua concha é alongada e com espiral moderadamente alta, sem umbílico.[6] A forma da concha afunila para um ponto em ambas as extremidades (fusiforme) com uma abertura estreita oval a crescente e um eixo encurtado da concha espiral perto da abertura (columela truncada).[2] Possuem em sua superfície lamelas de crescimento visíveis e um ápice (parte inicial da espiral) arredondado. Lábio externo fino e arredondado, por vezes reto em sua porção mediana.[15] A coloração da concha varia do amarelado pálido ao rosado,[11] com os indivíduos jovens de um rosa brilhante.[6] EcologiaO caracol-lobo-rosado é uma espécie nativa dos Estados Unidos, ocupando a sua porção sudeste; na Flórida, Carolina do Sul, Geórgia, Alabama, Mississípi, Luisiana e sudeste do Texas.[2] Geralmente habita florestas de madeira e jardins urbanos.[16] É um predador rápido e voraz, caçando e comendo outros caracóis e lesmas. A observação de seu comportamento alimentar demonstra que prefere caracóis menores, especialmente se as conchas puderem ser engolidas inteiras, o que sugere que um componente do seu comportamento alimentar é ditado pelas exigências de cálcio.[14] Espécies maiores são deglutidas em suas partes moles, expostas.[17][18] Também não hesita em praticar canibalismo,[14] o que lhe rendeu o apelido de caracol-canibal. No entanto, isso só foi observado em populações cativas e parece ser uma ocorrência rara.[9] Os caracóis rosados usam trilhas de lodo para rastrear suas presas e parceiros em potencial, resultando em caracóis-lobos-rosados seguindo essas trilhas mais de 80% do tempo em que estão vivos.[5] Prefere consumir caracóis menores porque são mais rápidos e fáceis de comer.[17] O caracol-lobo-rosado é especializado à carnivoria, com sua massa bucal sendo totalmente contida dentro dum rostro em forma de bico que pode ser estendido, permitindo assim que a rádula dentada seja ejetada pela boca e na presa do caracol. A rádula é aumentada e tem dentes especializados em cones alongados. Os quatro principais predadores mamíferos do caracol-lobo-rosado são ratos, tenrecídeos, porcos e herpestídeos. Os ratos consomem o caracol mastigando a parte superior da casca; os tenrecídeos quebram a concha em pedaços grandes; os porcos têm a tendência de esmagar completamente a casca; e os herpestídeos atacam o corpo do caracol. As doenças também afetam a sobrevivência do caracol-lobo-rosado. Uma doença conhecida por afetar o caracol é causada pela bactéria pseudomona Aeromonas hydrophila. A infecção ocorre pela ingestão da bactéria, se ela contaminar o alimento do caracol, ou pelo contato com outro indivíduo infectado. Isso causa redução da função digestiva, resultando em emagrecimento mesmo quando a comida é abundante.[9] O caracol-lobo-rosado é hermafrodita e ovíparo.[9] Os rituais de acasalamento começam com um caracol seguindo o rastro de outro. O caracol perseguidor então monta a parte traseira da concha do caracol que estava seguindo. Após essa montagem, segue-se uma exibição de aceno de cabeça, onde o caracol perseguidor balança vigorosamente a cabeça por 15 minutos. Isso acaba por terminar com um curto período de inatividade, onde o caracol montado vira a cabeça para enfrentar sua própria concha.[19] Em seguida, ocorre a cópula, com um caracol ainda montado na concha do outro, as duas cabeças são aproximadas e depois torcidas em torno do pescoço um do outro, permitindo o contato genital. Essa cópula dura até quatro horas. Um caracol adulto põe de 25 a 35 ovos numa bolsa rasa de solo e os ovos eclodem após 30 a 40 dias.[2] Esse caracol é conhecido por entrar em hibernação durante o inverno e emergir em abril/maio.[9] Espécie invasoraO caracol-lobo-rosado tornou-se espécie invasora em muitas áreas fora de sua área nativa, inclusive no Havaí. Esses caracóis predadores foram originalmente introduzidos no Havaí na tentativa de eliminar outra espécie invasora, o caracol-gigante-africano (Achatina fulica). A introdução ocorreu em 1955, quando espécimes foram coletados da Flórida e enviados ao Havaí. Durante o mesmo ano, 616 indivíduos foram libertados em Oahu pelo Departamento de Agricultura do Estado do Havaí.[9] Em 1958, 12 mil indivíduos foram colhidos à liberação em outras ilhas havaianas, na Nova Guiné, em Oquinaua, Palau e Filipinas.[2][14][8] Isso, no entanto, não reduziu as populações de A. fulica, mas causou declínio nas populações de caracóis nativos.[9] Os espécimes introduzidos atacaram vigorosamente o caracol endêmico Achatinella. Como resultado, muitas espécies de caracóis de árvore foram caçadas até a extinção no primeiro ano. Estes caracóis predadores continuam a representar ameaça à fauna de caracóis local. De todas as extinções de moluscos conhecidas desde 1500, cerca de 70% são de ilhas, e estima-se que um terço delas foram causadas pelo caracol-lobo-rosado.[20] Esses caracóis presas estavam em maior risco de extinção causada pela predação devido às suas taxas de reprodução extremamente baixas.[21] Essa espécie causou a extinção de cerca de oito espécies nativas de caracóis no Havaí.[2] Mesmo sem ter comprovada a sua ação na diminuição das populações de caramujo-gigante-africano, ainda continuou sendo introduzido em diversas outras regiões.[14] Tornou-se espécie invasora nas Baamas, Bermudas, Guame, Havaí, Honcongue, Índia, Indonésia, Japão, Quiribati, Madagáscar, Marianas, Maurícia, Maiote, Nova Caledônia, Palau, Papua-Nova Guiné, Polinésia Francesa, Reunião, ilhas Salomão, Samoa Americana, Seicheles, Seri Lanca, Taiuã, Vanuatu e em Wallis e Futuna.[7] Tal introdução acabou impactando principalmente as populações de moluscos das ilhas da Oceania, onde um terço dos caracóis Partula da Polinésia Francesa, desde a década de 1970[22] (mais precisamente em 1974, no Taiti, com sua introdução em 1977, em outras ilhas, também os ameaçando)[23], e caracóis achatinelídeos (Achatinellidae) do Havaí, desde a década de 1950, tiveram sua provável extinção causada pela introdução deste predador.[22] Apenas no arquipélago da Sociedade, no ano de 2003, cinco das 61 espécies originais de caracóis terrestres permaneciam extantes.[24] Estratégias de controleO caracol-lobo-rosado agora é legalmente considerado "espécie nociva na Polinésia Francesa". Isso significa que indivíduos vivos não podem ser trazidos às ilhas.[25] Uma estratégia para proteger os caracóis nativos tem sido criar os caracóis de árvores nativas em cativeiro e, em seguida, introduzir a pequena população num pedaço de floresta à prova de predadores. Esta mancha florestal é constituída por uma barreira de ferro galvanizado; na base da barreira de ferro, uma calha de plástico foi fixada e preenchida com sal e, em seguida, um par de fios elétricos conectados a uma bateria. Isso criou um gabinete protegido com defesas químicas e elétricas.[26] Outras formas de controle para o caracol-lobo-rosado foram investigadas. Os três principais métodos de controle usados ou discutidos são a coleta e o controle químico e biológico. O uso da coleção não tem sido amplamente utilizado porque é muito trabalhoso e demorado. A intoxicação química tem sido amplamente utilizada em muitas áreas, embora não seja muito eficaz no controle. O controle biológico tem sido uma opção preferida.[9] Referências
|
Portal di Ensiklopedia Dunia