Campanha do Iraque Ocidental (2017)
A Campanha do Iraque Ocidental (2017) foi uma operação militar do Exército Iraquiano contra o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EI/EIIL), no oeste da província de Ambar e, na fronteira com a Síria, com o objectivo de expulsar totalmente o EI dos seus últimos bastiões no Iraque.[1][2] AntecendetesAl-Qaim é um conhecido bastião das forças jihadistas, após a invasão do Iraque em 2003, com as forças da coligação a lançarem diversas operações militares contra os jihadistas da Al-Qaeda.[3] A localização estratégica da cidade tornou-se uma rota para combatentes estrangeiros entrarem no Iraque vindos da Síria, que foi acusada de nada fazer para travar tal situação pelo governo iraquiano[3] As cidades no oeste de Ambar foram capturadas pelo Estado Islâmico em 2014.[4] Antes desta ofensiva, as forças iraquianas tinha expulsado os islamistas de cidades fulcrais na província como Ramadi e Faluja, mas as áreas fronteiriças com a Síria e as vastas zonas rurais e desérticas da província continuavam sob o controlo do EIIL.[5] Uma operação do Exército Iraquiano foi lançada em direcção ao oeste de Avbar em janeiro de 2017, mas a operação foi suspensa para as forças iraquianas se focarem na Batalha de Mossul.[6] Em setembro de 2017, o Exército Iraquiano lançou uma ofensiva sobre o oeste da província de Avbar, capturando Akashat e Anah.[7] Após capturar a zona de Hawija, as forças iraquianas pararam com a ofensiva para se focarem no conflito com os curdos.[8] CampanhaAl-QaimO primeiro-ministro Haider al-Abadi anunciou uma ofensiva para recuperar a região fronteiriça ocidental de al-Qaim e Rawa em 26 de outubro.[9] Abadi afirmou: "As legiões heróicas estão avançando para a última cova do terrorismo no Iraque para libertar al-Qaim, Rawa e as aldeias vizinhas". As forças iraquianas eram constituídas pelo Exército Iraquiano, Polícia Iraquiana, tribos sunitas e milícias maioritariamente xiitas. Mais tarde, o tenente-general Abdul Amir Yarallah anunciou que haviam capturado a aldeia de Umm al-Waz, 55 quilómetros ao sudeste de al-Qa'im e a Base Aérea H-2 junto com a área vizinha de Husseiniyat, 120 km ao sul de Al Qaim. De acordo com as Nações Unidas, cerca de 50 mil pessoas ainda estavam em al-Qaim e Rawa.[10] Enquanto isso, Walid al-Dulaimi, um coronel do exército iraquiano, disse à Agência Anadolu que tinham tomado o cruzamento de Rawa e o distrito de Jabbab, que fica a cerca de 2 quilómetros a oeste de Rawa.[11] O Departamento de Comunicação do Exército Iraquiano anunciou em 27 de outubro que as Forças de Mobilização Popular (FMP) tomaram 43 quilómetros da estrada Akashat-al-Qaim e uma área de 301 quilómetros quadrados ao sul de Al Qa'im.[12] Também acrescentou que as FMP capturaram a fábrica de cimento de al-Qakm, as pedreiras de al-Qaom, a estação de al-Qaim e a estação de água. O exército iraquiano, entretanto, conquistou aldeias de Awani, a norte de Jabab e al-Zalla, na margem sul do Eufrates.[12] O Major-General do exército iraquiano Qasim al-Muhammadi disse à Agência Anadolu, no mesmo dia, que 25 militantes foram mortos em combates entre o exército iraquiano e o ISIL perto da área T1, 40 quilómetros de al-Qa'im.[13] Ele acrescentou que um grande número de militantes também recuaram para o centro do distrito de Al Qaim.[13] Ahmed al-Dulaimi, um capitão da polícia de Anbar, afirmou que cinco militantes e dois combatentes tribais morreram na mesma área um dia antes[13] O Comando de Operações Conjuntas (COJ) declarou, em 28 de outubro, que as forças iraquianas tomaram o controlo de grandes áreas a leste de Al Qaim, depois de expulsarem os militantes dos seus esconderijos. O COJ também afirmou que as tropas iraquianas tinham capturado diversas aldeias, uma ponte sobre o Eufrates, a estação ferroviária de Al Qaim, uma base aérea militar e o campo de gás de Akkas.[14] O COJ acrescentou que até agora, 75 militantes haviam sido mortos, enquanto 9 Carros Bomba, 10 veículos dos militantes e quatro locais de fabricação de bombas haviam sido destruídos, enquanto 378 bombas foram desarmadas ou detonadas.[14] O COJ também informou que 33 aldeias foram recuperadas ao EIIL, dois dias após a ofensiva.[15] O Ministério da Defesa iraquiano declarou, em 29 de outubro, que os aviões iraquianos lançaram milhares de folhetos nas áreas controladas pelo EIIL em Anbar, exortando os militantes a se renderem.[16] Uma fonte iraquiana afirmou, no mesmo dia, que combatentes do EIIL haviam fugido para Al-Bukamal na Síria, após muitos dos seus líderes fugirem ou morrerem em ataques aéreos. Enquanto isso, Qatari al-Samarmad, um comandante das FMP, declarou que Ra'ed al-Atouri, o líder militar do EIIL de al-Qa'im e seis dos seus companheiros haviam sido mortos por aviões de guerra iraquianos[17] Até 31 de outubro, as forças iraquianas chegaram ao limite de Al-Qaim. O COJ anunciou que as forças iraquianas, apoiadas pelos ataques aéreos dos Estados Unidos e pelos combatentes tribais sunitas, capturaram a aldeia de Al-Obeidi, acrescentando que, apesar do EI ter resistido ao avanço das tropas, a maioria recuou para o centro de al-Qaim.[18] O COJ acrescentou que as forças iraquianas também tomaram o controlo de um complexo residencial nas proximidades, nove aldeias ao redor de Obeidi, bem como grandes áreas do campo de gás de Akkas.[19] O brigadeiro-geral do exército, Numaan Abdul-Zobai, disse que também capturaram as aldeias de Rafedah e Al-Kasim a oeste de Al Qaim.[20] O ministro do petróleo do Iraque, Jabar al-Luaibi, afirmou em 2 de novembro que as forças do Iraque capturaram o campo de gás de Akkas.[21] O major-general Numaan Abd al-Zawbaei, comandante da 7.ª Divisão do exército iraquiano, disse no mesmo dia que as tropas regulares apoiadas pela FMP capturaram a área de Al-Saada e as aldeias vizinhas de Jereejib e Qunaitera, a oeste de Al-Qaim, matando vários militantes e destruindo uma série de veículos armadilhados.[22] Em 3 de novembro, o exército iraquiano capturou a fronteira de Abu Kamal-Al-Qa'im.[23] O COJ anunciou que as forças iraquianas também entraram em al-Qa'im.[24] A FMP capturou a estação de comboio da cidade, bem como o bairro de al-Karabilah durante o dia, enquanto também entrava no bairro de Gaza.[25] Mais tarde, no mesmo dia, o primeiro-ministro Haider al-Abadi anunciou que as forças do governo iraquiano capturaram Al-Qa'im.[26] As forças iraquianas também recapturaram o resto do distrito de Al-Qa'im.[27][28] Isto deixou o Estado Islâmico sem qualquer posição ao longo da Fronteira Iraque-Síria,[27] deixando Rawa como o último bastião sob o seu controlo[26] InterlúdioApós as derrotas em Al-Qaim e Deir Zor, Al-Bukamal na Síria era a última grande cidade sob o controlo do Estado Islâmico, onde era esperado que iriam fazer a sua última grande demonstração.[29] As forças do EIIL começou a mobilizar em Abu Kamal, reforçadas pelos combatentes que fugiam do Iraque.[30] A 5 de novembro, o Observatório Sírio de Direitos Humanos (SOHR/OSDH) afirmou que o EIIL tinha expulsado a FMP da zona rural de Abu Kamal.[31] Mais tarde, um porta-voz de Kata'ib Hezbollah afirmou que a FMP tinha entrado em confrontos a metros da fronteira síria e lançaram mísseis para a Síria, acrescentando que as suas forças não tinham entrado na Síria.[32] RawaO primeiro-ministro Haider al-Abadi afirmou em 11 de novembro que as forças iraquianas estavam lançando uma operação para expulsar os jihadistas de uma área no oeste do Iraque.[33] A ofensiva para recapturar Rawa foi lançada durante o dia. Duas divisões iraquianas e combatentes tribais sunitas realizaram a operação. O líder da operação militar disse que as tropas capturaram Rumana e a sua ponte, juntamente com outras 10 aldeias.[34] O coronel do Exército iraquiano, Waleed al-Dulaimi, disse à Agência Anadolu que as forças iraquianas capturaram seis aldeias em 13 de novembro. Ele acrescentou que os islamistas haviam fugido das aldeias para o noroeste do deserto da cidade de Rawa.[35] O tenente-general do exército Iraquiano Abdul Amir Yarallah declarou no dia 15 de novembro que mataram 48 jihadistas nos últimos três dias enquanto capturavam 13 aldeias.[36] Os militares iraquianos declararam, em 17 de novembro, que as forças de segurança entraram em Rawa. Yarallah do COJ afirmou que as tropas iraquianas e as forças paramilitares tinham começado o avanço no amanhecer e capturaram quatro bairros depois de algumas horas.[37] Yarallah afirmou que as tropas governamentais e as unidades paramilitares "libertaram Rawa e elevaram a bandeira iraquiana em todos os seus edifícios oficiais".[38] O primeiro-ministro al-Abadi felicitou as forças armadas e o povo iraquiano, dizendo que Rawa foi retomada em tempo recorde . Ele afirmou: "A libertação do distrito de Rawa em poucas horas reflecte a grande força e poder de nossas forças armadas heróicas e o planeamento bem-sucedido para as batalhas".[39] Um porta-voz militar declarou: "Com a libertação de Rawa, podemos dizer que todas as áreas em que Daesh está presente foram liberadas".[39] Ele acrescentou que as forças iraquianas perseguirão os militantes que fugiram para o deserto e exercem controlo sobre as fronteiras do Iraque[39] Deserto de Al-JazirahO primeiro-ministro al-Abadi declarou, em 21 de novembro, que, embora o EIIL já tenha sido derrotado de uma perspectiva militar, ele declarará a vitória final somente após os jihadistas serem derrotados nas áreas do deserto.[40] Em 23 de novembro, as forças iraquianas anunciaram o início de uma ofensiva para libertar o deserto que faz fronteira com a Síria. Exército, polícia e unidades paramilitares avançaram para as áreas das províncias de Saluhuddin, Ninveh e Ambar formando parte da região chamada al-Jazira.[41] As forças iraquianas declararam em 24 de novembro que o EIIL se estava a retirar para o deserto de forma a fugir à ofensiva.[42] A FMP afirmou que as suas forças tomaram o controlo de 77 aldeias desde o lançamento da ofensiva.[42] A FMP acrescentou que cinco militantes foram mortos ao sul de Hatra, mas, de outra forma, os militantes apresentaram pouca resistência.[42] Também afirmou ter tomado o controlo de um aeródromo na mesma área, onde descobriram armazéns subterrâneos utilizados pelos jihadistas.[42] O exército iraquiano afirmou mais tarde que as suas forças haviam capturado 45 aldeias, limpando cerca de 2.400 quilómetros quadrados em 24 de novembro[43] Os militares iraquianos declararam no dia 27 de novembro que estava enfrentando uma dura batalha contra o EIIL, em desfiladeiros profundos e outros esconderijos naturais no deserto ocidental.[44] O general Yahya Rasoul, porta-voz do COJ, declarou que a primeira fase terminou e as forças iraquianas capturaram metade dos cerca de 29 mil km2 de área do deserto.[44] As forças iraquianas anunciaram uma nova fase em 8 de dezembro contra os restantes militantes no deserto ocidental.[45] O primeiro-ministro Al-Abadi declarou a vitória final sobre o Estado Islâmico a 9 de dezembro após as forças iraquianas terem expulsados os últimos jihadistas. O exército Iraquiano afirmou que tinha capturado as últimas áreas do EIIL.[46] O Ten. Gen. Yarallah informou que as tropas iraquianas tinham capturado mais de 90 aldeias e libertado mais de 19 mil quilómetros quadrados no último dia da operação.[47] CelebraçõesA 10 de dezembro, as forças iraquianas realizaram uma parada militar em Bagdade para celebrarem a sua vitória contra o Estado Islâmico.[48] O primeiro-ministro Al-Abadi declarou que o dia 10 de dezembro iria ser um novo feriado anual no Iraque.[48] Após a vitória, as forças iraquianas esperam uma nova fase de insurgência pelos últimos combatentes do Estado Islâmico[48] Referências
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