Caio Salústio Crispo Passieno Nota: Para outros significados, veja Salústio (desambiguação).
Caio Salústio Passieno Crispo (em latim: Gaius Sallustius Passienus Crispus;[a] m. 47) foi um proeminente senador romano da gente Salústia nomeado cônsul sufecto em 27 com Públio Cornélio Lêntulo e eleito cônsul ordinário em 44 a.C. com Tito Estacílio Tauro. Era herdeiro do famoso historiador Salústio e padrasto do futuro imperador Nero. OrigemSuetônio relata que Passieno nasceu em Visélio (em latim: Visellium), uma cidade obscura de localização indeterminada.[1] Ele era neto de Lúcio Passieno Rufo, cônsul em 4 a.C.. Seu pai, que morreu em 21, era sobrinho-neto do historiador Salústio ("Caio Salústio Crispo"). Como Salústio não tinha filhos biológicos, ele adotou o pai de Crispo, neto de sua irmã, como herdeiro. Como era o costume na época ele adotou o nome da nova família e passou-o para seus próprios filhos.[2][3] Primeiros anosPassieno era membro da corte dos centúviros que se reunia na Basílica Júlia e Suetônio menciona que existia ali uma estátua dele. Seu primeiro discurso no Senado Romano foi realizado no reinado de Tibério e foi elogioso ao imperador, em cujas graças ele caiu apesar de Suetônio afirmar que o imperador não estava sendo sincero.[1] Poucos anos depois, em 27, Passieno foi cônsul pela primeira vez ao ser nomeado cônsul sufecto a partir das calendas de julho com Públio Cornélio Lêntulo.[4] A despeito de seu status social e riqueza, Passieno preferia se mostrar como uma pessoa humilde para não despertar a atenção dos imperadores. Durante o reinado de Calígula, acompanhou o imperador em suas viagens, seguindo-o a pé como sinal de subserviência. Segundo Suetônio, Calígula teria perguntado-lhe uma vez, privadamente, se Passieno já havia tido relações sexuais com sua própria irmã "como ele próprio havia tido". Percebendo que a resposta seria perigosa, afirmativa ou nega, Passieno respondeu simplesmente "ainda não", escapando inteligentemente da possível irritação do imperador.[1] Ligações com a família imperialA esposa de Passieno, Domícia, era irmã de Cneu Domício Enobarbo (pai do Nero) e, portanto, cunhada de Agripina (irmã de Calígula e mãe do Nero). O primeiro marido dela, Décimo Hatério Agripa, cônsul em 22, havia sido morto em 32 depois de pedir a condenação de Lúcio Fulcínio Trião e Públio Mêmio Régulo, os dois cônsules em conflito do outono anterior, o que atraiu a raiva da população contra si próprio.[5] Passieno se casou com a viúva no ano seguinte, tornando-se padrasto do filho dela, Quinto Hatério Antonino, que tornar-se-ia cônsul em 53, já na época de Cláudio.[6] Logo depois de sua ascensão, em 41, Cláudio pediu que Passieno se divorciasse de Domícia para se casar com Agripina, que era sua sobrinha e cujo marido havia acado falecer.[1] O finado marido de Agripina, que era irmã de Calígula, tinha uma reputação de crueldade e só escapou de ser condenado à morte por Tibério por que o imperador morreu antes.[7] Ela própria havia sido exilada por Calígula em 39 por seu suposto envolvimento numa conspiração para matar o imperador com seu suposto amante (e cunhado) Marco Emílio Lépido.[8][9] Depois da morte de Cneu, Calígula confiscou a herança que era por direito do jovem filho de Agripina, Lúcio (futuro Nero). Ele foi assassinado logo depois e o tio dele (e seu sucessor), Cláudio, ansioso para restaurar a aparência de normalidade e respeitabilidade da família imperial, reconvocou Agripina do exílio, restituiu a herança de Lúcio e esperava conseguir para ela um bom marido. A esposa de Passieno, Domícia, também era prima do imperador, mas naquele momento era mais importante restaurar a imagem de Agripina e, por isso, Passieno cedeu aos desejos do imperador: ele se divorciou de Domícia e se casou com Agripina, tornando-se padrasto do futuro imperador Nero.[10][11] Queda e legadoEm 44, Passieno foi eleito cônsul pela segunda vez, agora com Tito Estacílio Tauro.[12] Seu segundo consulado era uma honra especial, mas parcialmente simbólica, pois esperava-se que Passieno renunciasse rapidamente, o que ele provavelmente fez já nos idos de janeiro. Ele foi sucedido por Públio Pompônio Segundo, que terminou seu mandato com Tauro até as calendas de julho.[13] Depois do segundo consulado, Passieno era um homem muito próspero: duas vezes cônsul, neto de um cônsul, herdeiro de Salústio e casado com um membro importante da família imperial. Sua fortuna foi avaliada em 200 milhões de sestércios, uma quantia enorme. A ambiciosa Agripina então sugeriu que ele a nomeasse como sua herdeira, o que ele fez, o seu erro fatal. Em 47, Passieno morreu, provavelmente envenenado pela esposa.[1] Contudo, este não seria o último ato de Agripina, que se tornou uma viúva riquíssima. A imperatriz Messalina, esposa de Cláudio, corretamente percebendo o risco tentou assassinar Lúcio (Nero) para assegurar a ascensão de Britânico, seu filho com o imperador. A tentativa fracassou e Agripina passou a tramar a queda de Messalina. Ela seduziu Cláudio, que era seu tio, e se tornou sua esposa; em seguida, convenceu-o a adotar Lúcio, nomeando-o herdeiro preferencial adiante de seu próprio filho. Logo depois, Agripina tramou a morte de Cláudio e conseguiu que Lúcio, agora o imperador Nero, chegasse ao trono. Imediatamente ele se livrou de Britânico.[14][15][16] A própria Agripina teve uma morte violenta e terminou assassinada em 59 por ordem de Nero.[17][18] Domícia também morreu em 59 e rumores circularam afirmando que Nero havia sido o responsável.[19][20] Segundo Tácito, Caio Passieno Crispo era uma pessoa inteligente, humilde e espirituosa, famoso por um epigrama que ele criou em referência aos imperadores Calígula e Tibério: "o mundo jamais conheceu um escravo melhor e nem um mestre pior".[21] Ver também
Notas
Referências
Bibliografia
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