O Batalhão de Operações Especiais- BOPE é uma divisão da Polícia Militar do estado do Paraná, no Brasil. Trata-se de uma corporação especializada em operações especiais, capacitada a operar em todo o país.[1]
Antecedentes
Na década de 1950, o Paraná era uma nova fronteira agrícola e vivia conflitos pela posse de terras. Na Guerra de Porecatu, em 1950, o Partido Comunista colocou em teste suas teorias de guerrilha rural, por meio das chamadas ligas camponesas.[2][3] Em 1957 ocorreu a Revolta dos Posseiros, na região Sudoeste do Estado, confirmando condições propícias ao surgimento de um movimento de insurreição armada. Isso despertou na Polícia Militar a necessidade em dispor de uma tropa treinada neste tipo de confronto, criando-se assim o "Batalhão de Guardas", atual 12º Batalhão de Polícia Militar.[4] Três de suas companhias foram classificadas como Polícia de Choque.
No Paraná, o representante norte-americano no Brasil, Lauren D. Mullins, repassou dez viaturas (camionetes e jipesWillys), rádios portáteis e outros equipamentos, e pessoalmente indicou o capitão Goro Yassumoto para realizar curso de especialização no Fort Bragg, na Carolina do Norte.
Em julho de 1964, o capitão Goro recebeu a missão do comando geral de criar uma unidade de operações especiais na Polícia Militar do Paraná. O capitão então escolheu como seus auxiliares e comandantes de pelotão, os tenentes Douglas Villatore, Sony Martins e Dirceu Rubens Hatschbach. A Companhia de Operações Especiais foi oficialmente instituída em outubro de 1964, como 5ª Cia. do Batalhão de Guardas.[5]
Em 4 de julho de 1965, o COE adquiriu autonomia e passou a subordinar-se diretamente ao Comando Geral.
Em 5 de setembro de 1967, o COE foi transformada em Corpo de Operações Especiais, composto por três companhias.[6]
Na origem, o COE foi essencialmente uma unidade de contraguerrilha, mas também foi onde surgiu alguns policiamentos especializados que permanecem até os dias de hoje.
Reforço de policiamento no litoral do Estado devido ao aumento de população na temporada de veraneio. Atualmente, em 2010, esse policiamento é denominado Operação Verão e se estende a todo o Estado.
A RONE foi criada na década de 1970 para atuar no combate a grupos criminosos fortemente armados; bem como em apoio aos demais Batalhões de Polícia Militar. Após a transferência do COE para o Regimento de Polícia Montada, esse policiamento permaneceu atuando até a criação do Policiamento Modular; sendo então designado como Patrulhamento Tático Móvel (PATAMO). Em 1992 essa atividade voltou a receber sua antiga denominação, RONE, na Companhia de Polícia de Choque. Porém, com o significado de: Rondas Ostensivas de Natureza Especial.
Policiamento Cinotécnico
O Núcleo de Cinofilia da PMPR foi implantado em 14 de dezembro de 1971, anexo à 3ª Companhia do COE.
Patrulha Disciplinar (PD)
A Patrulha Disciplinar foi oficializada na década de 1970, pelo então comandante-geral da PMPR, César "Tasso" Saldanha Lemos.[9] Esse policiamento era voltado para o efetivo interno, semelhante ao serviço executado pela Polícia do Exército. Permaneceu na Cia P Choque e posteriormente foi extinto ao final do Governo Militar.
Base Operacional de Canavieiras
Em 1972 foi concedido à PMPR seiscentos alqueires na Serra do Mar, para a construção de uma Base Operacional do COE. Ela estava situada no Município de Guaratuba, na confluência dos rios Caçadas e Panela, a 89 km de Curitiba. Essa base tornou-se uma excelente base de treinamento, pois a região era de difícil acesso, com mata fechada e montanhosa, e alta taxa de pluviosidade.
Em 1980 o efetivo passou ao controle do Batalhão de Polícia Florestal, mas a base permaneceu usada para treinamento nos cursos de operações especiais. Em 2005 foi definitivamente desativada, passando ao controle do IBAMA.
Em 1973 o COE sofreu uma remodelação, visando sua transformação em Batalhão de Polícia de Choque; composto pela soma de seu efetivo com um esquadrão de polícia montada.
O Canil, a Base Operacional de Canavieiras e restante do efetivo da 3ª Cia COE, também passaram ao controle do Regimento de Polícia Montada.
Essa fusão de unidades, COE e RPMon, ficou internamente conhecida como "o casamento que não deu certo", pois as Unidades possuíam fortes rivalidades e se hostilizavam mutuamente.
Companhia de Polícia de Choque
Brasão da Cia P Chq.
Em 1976 foi determinada a criação da Companhia de Polícia de Choque (Cia P Chq) com a 1ª Companhia do Corpo de Operações Especiais,[11] subordinada administrativamente ao Batalhão de Guardas e operacionalmente ao Comando de Policiamento da Capital. A OPM foi ativada em dezembro de 1976, tendo como primeiro comandante o primeiro-tenente Eugênio Semmer.[12]
Em 1977, a Companhia foi reforçada com o Canil, até então subordinado ao Regimento de Polícia Montada.[13]
A unidade foi oficialmente constituída em 19 de abril de 1977, data a partir da qual se passou a comemorar o seu aniversário de criação.[14]
Missão da Cia P Choque
A missão da Cia P Choque eram as ações de controle de distúrbios civis e repressão a rebeliões ou motins em presídios, mas também realizava operações preventivas em áreas críticas e dava apoio ao policiamento básico. Seu efetivo estava subdividido em pelotões, os quais permaneciam aquartelados em prontidão, vinte e quatro horas por dia.
Estrutura operacional
Efetivo administrativo
P/1 (Seção de Pessoal); P/2 (Seção de Informações); P/3 (Seção de Operações); e P/4 (Seção de Logística)
Cada pelotão era comandado por um tenente, e estava subdividido em três Grupos de Polícia de Choque (GPC) comandados por sargentos.
Canil
Subdividido em administração, veterinária e cinófilos (treinadores dos cães).
Organização da Cia P Chq
A partir de 1988, por iniciativa do seu comandante, o Major Valter Wiltemburg Pontes, a Cia P Chq passou a ser remodelada para se transformar em Batalhão de Polícia de Choque; sendo seu efetivo reforçado com dois novos pelotões a serem redistribuídos em três companhias.
1ª Companhia de Polícia de Choque
Patrulhamento Tático Móvel
2ª Companhia de Polícia de Choque
Operações Especiais - COE
3ª Companhia de Polícia de Choque
Policiamento com Cães - Canil
Tático MóvelErro de citação: Elemento de fecho </ref> em falta para o elemento <ref> no qual foi estabelecido que o Canil da Cia P Choque seria o difusor de doutrinas de treinamento e centro de criação de cães, de todos os canis da corporação.
Atualmente (2017), a Companhia de Operações com Cães (COC) conta com 162 cães policiais em todo o Estado. A raça pastor belga Malinois é a mais numerosa, por serem bons nas três funções, mas a companhia conta também com animais da raça Bloodhound, Rotweiller, Pastor-alemão, Pitbull e Labrador[16].
Cães para buscas de drogas e explosivos
Cães treinados para identificar diferentes substâncias químicas. Em outros países, os animais são considerados instrumentos de perícia, devido ao seu faro extremamente aguçado. Por isso, muitas bandas internacionais só se apresentam em cidades que contam com unidades como a COC para fazer a vistoria nestes espaços.
Cães especializados em busca de pessoas
Cães especializados em busca de pessoas são usados não só para encontrar criminosos em fuga, mas também crianças e adultos perdidos, principalmente em regiões de mata. Cães da raça Bloodhound conseguem rastrear o odor de pessoas desaparecidas no solo, no ar e até na água.
Cães de patrulha
Os cães de patrulha participam de abordagens e atuam na prevenção e controle de distúrbios, em manifestações, jogos de futebol, shows e rebeliões em presídios. São mais ferozes que os farejadores e também mais obedientes.
Batalhão de Operações Especiais
Sede administrativa do BOPE da PMPR.Portão de viaturas.Pelotão de CDC/BOPE.
A Companhia de Polícia de Choque somente foi transformada em Batalhão de Operações Especiais em outubro de 2010,[17] pelo Governador Orlando Pessuti.
Polícia ostensiva de segurança específica, de preservação e restauração da ordem pública pelo emprego da força, mediante ações e operações de polícia de choque, particularmente quando a ordem pública estiver ameaçada ou já rompida e requeira intervenção pronta e enérgica da tropa especialmente instruída e treinada;
Em situações de distúrbios, resgates, sequestros com reféns, controle de rebeliões em estabelecimentos penais, ações antitumultos, antiterrorismo, desativação de artefatos explosivos e similares, escoltas especiais, defesa de pontos sensíveis e retomada de locais ou áreas ocupadas;
Encarregado também de ações em situações de grave comprometimento da ordem pública;
Operações de patrulhamento tático com vistas a combater as ações do crime organizado e de alta periculosidade e operações especiais diversas, conforme diretrizes do Comandante-Geral.
O primeiro curso oficializado no COE foi o Curso de Guerra Não Convencional (Guerra de Guerrilha), em novembro de 1967.[18] Entretanto o distintivo já havia sido autorizado em junho de 1966,[19] devido o curso estar ocorrendo sem regulamentação oficial. Posteriormente, em junho de 1981 foi criado o Curso de Operações Especiais,[20] cujo distintivo foi instituído em setembro do mesmo ano.[21]
O Curso de Controle de Tumultos ocorreu primeiramente em 1963, mas somente foi oficializado em 1967.[18] No ano 2000 o curso foi readequado para Curso de Controle de Distúrbios Civis,[22] tendo sido adaptado o seu currículo devido este estar vinculado ao período de Guerra Fria.
Guerra de Guerrilhas 1967
Controle de Tumultos 1967
Operações Especiais 1981
Controle de Distúrbios Civis 2000
Referências
↑«BOPE». POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ. Consultado em 26 de agosto de 2022
↑Boletim do Comando Geral n° 197, de 5 de setembro de 1967. Decreto n° 6.387 (Diário Oficial 152, de 2 de setembro de 1967).
↑De 1970 a 1972 a Operação Praias foi feita com efetivo do COE. A partir dessa data passou a ser realizada por efetivo do Comando de Policiamento do Interior.