Filho do conde[4]Frederico Guilherme von Hoonholtz (oficial do Exército Brasileiro, de origem prussiana, recrutado no Primeiro Reinado) e da condessa[5] Joana Cristina van Engel Alt von Hoonholtz, ingressou aos quinze anos de idade na Academia de Marinha. Assentou Praça de Aspirante a Guarda-Marinha em 1852 e, durante os anos de formação militar-naval na Academia de Marinha, realizou viagem de instrução a bordo da Corveta Bahiana. Foi nomeado guarda-marinha em 1854.
Foi promovido ao posto de Segundo-Tenente no ano de 1857, e exerceu seu primeiro comando, já como Primeiro-Tenente, em 1861, a bordo da Canhoneira Ativa. Oficial de destacada inteligência e notório interesse por questões afetas à ciência, em especial à hidrografia e astronomia, destacou-se em sua carreira tanto no aspecto militar-naval quanto na qualidade de hidrógrafo.
Como Primeiro-Tenente, comandou a Canhoneira Araguari, recebendo a tarefa de realizar o levantamento hidrográfico da Ilha de Santa Catarina, localidade considerada estratégica à época, devido à possibilidade de converter-se em local de apoio para eventuais ações no Rio da Prata. A bordo dela, von Hoonholtz se notabilizaria pelas ações empreendidas na Guerra do Paraguai, sobretudo na batalha naval do Riachuelo.
Por ocasião da Campanha da Guerra da Tríplice Aliança, em 1865, ainda na condição de comandante da Araguari, passou a integrar a Esquadra comandada pelo Almirante Francisco Manoel Barroso da Silva, a fim de atuar contra as forças paraguaias nas águas do Rio Paraná. Nessa campanha, cumpre ressaltar sua atuação à frente da Araguari: em Corrientes, nos combates em Riachuelo, nas passagens de Mercedes e Cuevas e, ainda, nas ações em Curuzu e Curupaiti. No ano de 1866, em Passo da Pátria, teve importante participação ao empregar seus conhecimentos hidrográficos para, junto a Arthur Silveira da Mota e Manoel Ricardo da Cunha Couto, sondar o Rio Paraná até Itati, a fim de subsidiar as decisões quanto ao melhor ponto para o desembarque das tropas aliadas em território paraguaio. Ocasião em que enfrentou o fogo da artilharia inimiga vinda do Forte de Itapiru.
Ainda no quadro das ações contra o governo paraguaio, ao comando do Encouraçado Bahia, rompeu, junto ao Monitor Alagoas, uma paliçada de madeira e ferro que bloqueava o Rio Paraguai diante da foz do Rio Tebiquari sob a proteção de 16 canhões inimigos postados às margens, em junho de 1867. E, ainda no Rio Tebiquari, bombardeou baterias paraguaias em apoio à entrada de monitores naquelas águas. Findas as hostilidades e já de volta ao Rio de Janeiro, receberia as insígnias de capitão-de-fragata em 1869.
Após, aproximadamente, quatro anos de combate, feita a paz, foi incumbido da árdua missão de demarcar a linha fronteiriça com o Peru, nas nascentes dos Rios Japurá e Javari. Foram cerca de três anos de trabalho que vitimaram dezenas de membros da expedição chefiada por Hoonholtz, inclusive seu irmão mais velho. As nascentes dos referidos rios foram reconhecidas e o Brasil assegurou uma significativa extensão territorial. Ao retornar à Corte, em 1873, já como capitão de fragata, foi agraciado com o título título nobiliárquico de Barão de Tefé em 11 de junho, título nunca antes concedido a um capitão-de-fragata.[6] Posteriormente recebeu o segundo baronato, este com honras de grandeza,[7] e o título de grande do Império.Três anos mais tarde, foi designado como o primeiro diretor da Repartição Hidrográfica. Pela sua atuação recebeu a medalha de prata do Riachuelo, a medalha do mérito militar e a medalha da campanha geral do Paraguai.
Promovido ao posto de Capitão de Mar e Guerra, em 1878, liderou o grupo de hidrógrafos brasileiros que observou a passagem de Vênus pelo disco solar na Ilha de São Tomás, no Caribe, em 1882. Realizando um trabalho reconhecido até os dias atuais por sua precisão. Em 1880, foi nomeado, por Aviso Ministerial do Império, do dia 20 de dezembro desse ano, Membro da Seção de História Civil, Eclesiástica e Militar da Comissão Organizadora da Primeira Sessão de Conferências de História e Geografia do Brasil. Almirante (chefe de divisão), em 1883, foi nomeado Veador da Casa Imperial no ano de 1886 e, em 1889, foi aceito como Membro da Academia de Ciências Francesa, na seção de Geografia e Navegação, por seu trabalho realizado no Alto Amazonas que definiu os limites fronteiriços entre Brasil e Peru. Primeiro sul-americano, além do próprio Imperador D. Pedro II, a receber tal reconhecimento. Recebeu a promoção a vice-almirante em 1891, quando foi transferido para a reserva. Em 1912, foi reformado no mesmo posto tornando-se almirante. Entre os anos de 1913 e 1915, cumpriu suas funções como Senador pelo Amazonas.
Logo nos primeiros meses após a Proclamação da República transferiu-se para a reserva da Marinha e, já no primeiro governo republicano, foi convidado para ocupar o cargo de Ministro Plenipotenciário de Primeira Classe do Brasil (Embaixador) na Bélgica, Itália e Áustria.
Foi o fundador e diretor do Serviço Hidrográfico do Império, e durante sua vida, exerceu os cargos públicos de diretor da hidrografia da marinha brasileira, membro do conselho diretor da Sociedade de Imigração, de chefe da comissão de demarcação de fronteiras com o Peru, de ministro plenipotenciário do Brasil na Bélgica, na Itália e na Áustria,[8] e foi eleito senador do Brasil pelo Amazonas.[9]
O barão de Tefé viveu os últimos anos de sua vida em Petrópolis, em um dos solares da rua Silva Jardim. Faleceu em 1931, pouco antes de completar 94 anos.
Praça de Aspirante a Guarda-Marinha: 18 de fevereiro de 1852
Guarda-Marinha: 16 de novembro de 1854
Segundo-Tenente: 22 de setembro de 1857
Primeiro-Tenente: 02 de dezembro de 1860
Capitão-Tenente: 21 de janeiro de 1867
Capitão de Fragata: 02 de dezembro de 1869
Capitão de Mar e Guerra: 07 de dezembro de 1878
Chefe de Divisão: 09 de julho de 1883
Vice-Almirante (reformado): 23 de maio de 1891
Almirante (reformado): 07 de dezembro de 1912
Transferência para Reserva: 01 de maio de 1890
Reforma: 23 de maio de 1891
Comissões
Corveta Bahiana
Corveta Viamão
Vapor Camaquã
Corveta Bahiana
Brigue-Escuna Fidelidade
Corveta Dona Isabel
Canhoneira Campista
Brigue Maranhão
Canhoneira Iguatemi
Corveta Bahiana
Canhoneira Belmonte
Canhoneira Araguari
Brigue-Escuna Tonelero
Corveta D. Pedro II
Corveta Recife
Escola Prática de Artilharia
Medalhas e Condecorações
Real Ordem Espanhola de Isabel a Católica (Comendador)
Ordem Imperial do Cruzeiro (Oficial)
Ordem de São Bento de Aviz (Grã-Cruz)
Imperial Ordem da Rosa (Oficial)
Medalha de Bronze do Mérito Militar
Medalha de Prata do Combate Naval do Riachuelo
Medalha de Bronze da Campanha do Paraguai
Medalha de Ouro da Campanha Oriental
Medalha de Prata de Campanha do Combate em Corrientes – Confederação Argentina
Vida Política
Colocado à disposição do Ministério dos Negócios Estrangeiros por Aviso do Ministro da Marinha de 18/01/1871 – Nomeado Chefe da Comissão de Limites com o Peru, em 21/01/1871.
Agraciado com o título nobiliárquico de Barão de Teffé por Decreto de 11/06/1873.
Incumbido, por Aviso do Ministério da Agricultura de 02/05/1877, de proceder estudos no Porto de Antonina e de propor meios para desobstruí-lo.
Nomeado, por Aviso da Secretaria de Estado dos Negócios da Marinha de 20/06/1879 para a comissão solicitada pelo Ministério da Agricultura para verificar a procedência das alegações da United States and Brazil Mail Line sobre a impossibilidade da entrada no Porto do Maranhão de vapores com grande tonelagem.
Baronato com Honras de Grandeza pelo Decreto de 10/03/1883, pelos distintos serviços que prestou a ciência nos trabalhos de observação da passagem de Vênus pelo disco solar.
Nomeado Veador da Casa Imperial por título de 14/03/1886.
Nomeado Embaixador (Ministro Plenipotenciário de Primeira Classe) do Brasil na Bélgica, Itália e Áustria.
Senador federal pelo Estado do Amazonas.
Obras Publicadas
TEFFÉ, Antônio Luiz von Hoonholtz, Barão de. Arrasamento da laje submarina existente na entrada do Porto de Santos, Província de S. Paulo. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1877.
TEFFÉ, Antônio Luiz von Hoonholtz, Barão de. Memórias do Almirante Barão de Teffé a Batalha Naval do Riachuelo: contada à família em carta íntima poucos dias depois d'esse feito pelo 1° Tenente Antônio Luiz von Hoonholtz. Rio de Janeiro: Garnier Irmãos, 1865.
TEFFÉ, Antônio Luiz von Hoonholtz, Barão de. Brasil berço da Sciencia Aeronáutica. London: Mary Frear Keeler, 1924.
TEFFÉ, Antônio Luiz von Hoonholtz. Barão de. Compendio de hydrographia: approvado e adoptado pelo Conselho de Instrucção da Escola de Marinha, com approvação do governo. Rio de Janeiro: Typographia Perseverança, 1864.
TEFFÉ, Antônio Luiz von Hoonholtz, Barão de..Defeza do Barão de Teffé na questão Cirne Lima. Manaus: Tipografia de Gregorio Joze de Moraes, 1874.
TEFFÉ, Antônio Luiz von Hoonholtz, Barão de. Em Terra e no Mar. 1912.
TEFFÉ, Antônio Luiz von Hoonholtz, Barão de. Grande data a comemorar: 24 de julho de 1868. Petrópolis: Vozes, 1921.
TEFFÉ, Antônio Luiz von Hoonholtz, Barão de. REBOUÇAS, André Pinto et HARGREAVES, Henrique Edmundo. Província do Paraná: demonstração da superioridade do caminho de ferro de Antonina a Curitiba perante o Instituto Polytechnico Brasileiro. Rio de Janeiro: Tipografia de G. Leuzinger & Filhos, 1879.
TEFFÉ, Antônio Luiz von Hoonholtz, Barão de. Questão da abertura da Barra de Cabo Frio. Rio de Janeiro: J. De Oliveira, 1881.
TEFFÉ, Antônio Luiz von Hoonholtz, Barão de. Relatorio dos trabalhos e estudos realizados na Bahia de Antonina. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1877.
Casamento e descendência
Casou-se aos 28 de março de 1868 com Maria Luísa Dodsworth, filha do inglês George John Dodsworth[10] e de Maria Leocádia do Nascimento Lobo. Maria Luísa Dodsworth era irmã do 2.º barão de Javari,[11] tia da condessa de Frontin, D. Maria Leocádia Dodsworth de Frontin, casada com o engenheiro Paulo de Frontin, conde de Frontin;[12] e tia-avó de Henrique Dodsworth. Baronesa Maria Luísa pertencia a uma família tradicional do Rio de Janeiro. Tiveram quatro filhos:
Seu neto, Manuel de Teffé,[21][22][23] filho de Oscar de Teffé, foi embaixador do Brasil e piloto de corrida de carros. Quando regressou da Europa, onde teve alguns êxitos neste esporte, teve a ideia de trazer para o Brasil o circuito de corridas de automóvel, a fim de promover o evento internacionalmente. A ideia foi aceita e levada ao então presidente da República, Getúlio Vargas, que prometeu todo o apoio. Na temporada oficial de turismo de 1933, o Automóvel Clube do Brasil promoveu o circuito Niemeyer–Gávea, com o título "1.º Prêmio Cidade do Rio de Janeiro", no domingo 1.º de outubro, que contou com a participação do piloto Chico Landi.[24]
↑O decreto conferindo as honras de grandeza do seu segundo baronato de Tefé não foram localizadas, segundo Carlos Rheingantz – Anuário da Nobreza Brasileira, Rio de Janeiro, 1960, páginas 112 a 121. Embora as honras de grandeza do segundo baronato sejam amplamente reconhecidas em vários sites e obras brasileiras e européias.[carece de fontes?]
↑O decreto conferindo as honras de grandeza do seu segundo baronato de Tefé não foram localizadas, segundo Carlos Rheingantz – Anuário da Nobreza Brasileira, Rio de Janeiro, 1960, páginas 112 a 121. Embora as honras de grandeza do segundo baronato sejam amplamente reconhecidas em vários sites e obras brasileiras e europeias.[carece de fontes?]
↑Rouchou, Joëlle; Velloso, Monica Pimenta; Simioni, Ana Paula Cavalcanti; Oliveira, Cláudia de (1 de dezembro de 2014). Criações Compartilhada. [S.l.]: Mauad Editora Ltda
↑Barão de Teffé, militar e cientista, Biografia do Almirante Antônio Luís von Hoonholtz. Editado e publicado pelo Serviço de Documentação Geral da Marinha Brasileira em 1977. Escrito pela nora do barão, Tetra de Tefé. O livro foi elogiado por um importante Almirante da Marinha do Brasil.