Henrique Fleiuss

 Nota: Se procura o militar e ministro da Aeronáutica no governo Juscelino Kubitschek, veja Henrique Fleiuss (militar).

Henrique Fleiuss ou Heinrich Fleiuss (Colônia, 28 de agosto de 1823Rio de Janeiro, 15 de novembro de 1882) foi um pintor de aquarelas, desenhista e caricaturista alemão radicado no Brasil.

Biografia

Estudou arte na sua cidade natal e em Dusseldorf, e Ciências Naturais e Música em Munique.

Veio para o Brasil em 1858, a conselho de Von Martius, percorrendo, logo ao chegar, várias províncias da região Nordeste, cuja paisagem e costumes fixou em aquarelas, veículo em que se expressava de forma superior.

Em 1859, já no Rio de Janeiro, fundou uma oficina tipo-litográfica ao lado do irmão Carlos Fleiuss e do pintor, seu compatriota, Carlos Linde. Essa oficina tornar-se-ia em 1863 o Instituto Artístico Imperial por decreto de Pedro II do Brasil (1840-1889).

Henrique Fleuiss deve ao seu trabalho de caricaturista o prestígio de que desfruta na história da arte brasileira, sendo mesmo considerado por Herman Lima o verdadeiro criador da imprensa humorística ilustrada no país, graças à Semana Ilustrada, por ele fundada em dezembro de 1860 e que viveria até 28 de novembro de 1875[1].

A essa publicação seguir-se-iam a curta tentativa da Ilustração Brasileira (1876-1878), e a retomada da Nova Semana Ilustrada, em 1881, interrompida por sua morte.

Foi o autor do primeiro cartaz produzido no Brasil, em 1860, justamente para anunciar o surgimento da Semana Ilustrada, como dele partiu também a criação da primeira oficina de ensino de xilogravura no país, fundada no Rio de Janeiro, em 1863, como um curso regular, de três anos.

Odorico Pires Pinto refere-se, num ensaio publicado em 1949, à sua arte germânica, naturalista e marcada pela escola expressionista, nisso, aliás, profundamente diferente, pelo espírito, da dos demais caricaturistas ativos no Pais, todos eles marcados pela arte francesa ou italiana.

Quanto à Semana Ilustrada, assim definiu seu filho, o historiador Max Fleiuss, a importância que teve na vida social e cultural do país, à época:

A 'Semana Ilustrada' era todo um microcosmo carioca, admirável repositório das coisas de antanho. É, portanto, uma publicação 'sui generis', digna de ser religiosamente arquivada e folheada em nossos dias, com carinho, como os preciosos livros de Rugendas e Debret, por todos os estudiosos da arqueologia da cidade, da evolução dos nossos costumes, instituições, aspectos, figuras e indumentária, tão caracteristicamente nossos. (In: CD-Rom 500 Anos de Pintura Brasileira)

É avô de Henrique Fleiuss, Ministro da Aeronáutica do Brasil entre os anos de 1956 e 1957.

Texto do livro de Laudelino Freire - 1816-1916 - Um Século de Pintura

Natural da Alemanha, chegou ao Brasil em 1858. Incorporou-se ao nosso movimento artístico, de cujo desenvolvimento foi um bom fator.

Tendo fundado o importante estabelecimento Imperial Instituto Artístico, foi, na sua época, o maior propulsor das artes gráficas entre nós. Fundador, proprietário e desenhista da Semana Ilustrada, de 1860 a 1876, e da Ilustração Brasileira, de 1876 a 1778.

Dedicou-se especialmente à pintura de aquarelas, dentre as quais uma das mais importantes é a que representa o Encerramento das Câmaras em 1859, oferecida ao Instituto Histórico pelo Dr. Max Fleiuss, ilustre filho do artista.

É nome de rua no bairro da Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro.

Referências e notas

  1. Machado de Assis, colaborador da Semana Ilustrada (1860 – 1875) de Teodoro Koracakis site Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos - acessado em 4 de setembro de 2010

Bibliografia

  • CAVALCANTI, Carlos; AYALA, Walmir, org. Dicionário brasileiro de artistas plásticos. Apresentação de Maria Alice Barroso. Brasília: MEC/INL, 1973-1980. (Dicionários especializados, 5).
  • FREIRE, Laudelino. Um século de pintura: apontamentos para a história da pintura no Brasil: de 1816-1916. Rio de Janeiro: Fontana, 1983.
  • KRÖHLING, Leonardo Barreto de Siqueira da Silva. Entre Canhões e Papéis: a Guerra do Paraguai (1864-­1870) nas ilustrações de Henrique Fleiuss e Angelo Agostini. Leonardo Barreto de Siqueira da Silva Kröhling. — Guarulhos, 2023. Disponível em: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/68749
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • PEIXOTO, Maria Elizabete Santos. Pintores alemães no Brasil durante o século XX. Prefácio de Elmer Correa Barbosa. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1989.
  • PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Apresentação de Antônio Houaiss. Textos de Mário Barata et al. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.
  • ZANINI, Walter, org. História geral da arte no Brasil. Apresentação de Walther Moreira Salles. São Paulo: Instituto Walther Moreira Salles, Fundação Djalma Guimarães, 1983.

Ver também