André Rebouças
André Pinto Rebouças (Cachoeira, 13 de janeiro de 1838 – Funchal, 9 de maio de 1898) foi um engenheiro, inventor e abolicionista brasileiro.[1][2] Um dos mais importantes articuladores do movimento Abolicionista[3] e monarquista, partiu para o exílio, juntamente com a família imperial, após a proclamação da república, em 15 de novembro de 1889. Passou os seis últimos anos de sua vida trabalhando pelo desenvolvimento de territórios africanos. BiografiaAndré Rebouças era filho de Antônio Pereira Rebouças (1798-1880) e de Carolina Pinto Rebouças. Seu pai, filho de uma negra (nascida livre) e de um alfaiate português, era advogado autodidata, deputado e conselheiro de Pedro II. Foi sobrinho do Dr. Manuel Maurício Rebouças, médico, professor da Faculdade de Medicina da Bahia e combatente da Guerra de Independência do Brasil. Em fevereiro de 1846, a família Rebouças emigrou para o Rio de Janeiro, indo morar num sobrado na antiga Rua de Matacavalos, atualmente Rua do Riachuelo.[4] Em 1854, André Rebouças ingressou na Escola Militar do Rio de Janeiro, concluindo o curso preparatório para oficialato em 1857 como 2° tenente. Bacharelou-se em 1859 em Ciências Físicas e Matemáticas pela Escola Militar da Praia Vermelha, obtendo o grau de engenheiro militar em 1860.[5] Em janeiro de 1861, a Escola Militar deferiu o requerimento de licença feito por André Rebouças para estudar na Europa, durante dois anos, sem deixar de receber os vencimentos. Por ocasião dessa viagem, conheceu Paris, Londres, Liverpool e Manchester. Retornou ao Brasil em novembro de 1862.[4] Dois dos seus seis irmãos, Antônio Pereira Rebouças Filho e José Rebouças, também eram engenheiros. André ganhou fama no Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil, ao solucionar o problema de abastecimento de água, trazendo-a de mananciais fora da cidade. Servindo como engenheiro militar na Guerra do Paraguai, André Rebouças desenvolveu um torpedo, utilizado com sucesso.[1] Em 1871, André e seu irmão Antônio, também engenheiro, apresentaram ao imperador D. Pedro II o projeto da estrada de ferro ligando a cidade de Curitiba ao litoral do Paraná, na cidade de Antonina. Quando da execução do projeto, o trajeto foi alterado para o porto de Paranaguá. Até hoje, essa obra ferroviária se destaca pela ousadia de sua concepção. Ao lado de Machado de Assis, Cruz e Sousa, José do Patrocínio, André Rebouças foi um dos representantes da pequena classe média negra em ascensão no Segundo Reinado e uma das vozes mais importantes em prol do abolicionismo no Brasil. Ajudou a criar a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, ao lado de Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e outros. Participou também da Confederação Abolicionista e redigiu os estatutos da Associação Central Emancipadora.[6] Participou da Sociedade Central de Imigração, juntamente com o Visconde de Taunay.[6] Incentivou a carreira de Carlos Gomes, autor da ópera O Guarani. Entre setembro de 1882 e fevereiro de 1883, Rebouças permaneceu na Europa, retornando ao Brasil para dar continuidade à campanha pela abolição da escravatura. Ao participar do último baile do império, na Ilha Fiscal, em 09 de novembro de 1889, quase às vésperas da proclamação da república viu recusado por uma dama o seu convite para dançar. Observando o ocorrido, o imperador D. Pedro II imediatamente solicitou à Princesa Isabel para ser seu par.[7] Com a abolição, veio também a queda do império, e, assim, em 1889, André Rebouças embarcou, juntamente com a família imperial, com destino à Europa. Por dois anos, ele permanece exilado em Lisboa, como correspondente do The Times de Londres. Posteriormente, transferiu-se para Cannes, onde permaneceu até a morte de D. Pedro II, em 1891.[6] Em 1892, Rebouças aceitou um emprego em Luanda, onde permaneceu por 15 meses. A partir de meados de 1893, residiu em Funchal, na Ilha da Madeira, até sua morte no dia 9 de maio de 1898.[6] ToponímiaA avenida Rebouças, na cidade de São Paulo (originalmente chamada rua Doutor Rebouças) homenageia André Rebouças.[8] O túnel Rebouças, no Rio de Janeiro, foi assim nomeado em memória de André Rebouças e Antônio Rebouças. Os irmãos Rebouças também são homenageados em outras cidades do Brasil, como Porto Alegre (Rua Engenheiro Antônio Rebouças) e Curitiba (bairro Rebouças e Rua Engenheiros Rebouças). O nome da cidade de Rebouças (Paraná) também é uma homenagem ao engenheiro Antonio Rebouças.[9] HomenagemO Clube de Engenharia prestou homenagem ao engenheiro negro André Rebouças em 1988, no ano do Centenário da Abolição da Escravatura. Na oportunidade o Correios e Telégrafos lançou a nova marca postal brasileira, com o álbum contendo selos referentes a André Rebouças.[10] O navio-tanque André Rebouças, classe Suezmax, da Transpetro, foi batizado com o seu nome em dezembro de 2014 e a viagem inaugural foi realizada em maio de 2015.[11] Em outubro de 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei nº 15.003, autoria do Deputado Alessandro Molon, que inscreve o nome de André Rebouças no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.[12] Cronologia
Referências
Bibliografia
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