Com sede no Rio de Janeiro, lançou o seu primeiro álbum de estúdio Mormaço Queima em 2018. Os seus álbuns subsequentes Little Electric Chicken Heart (2019) e Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua (2023) foram lançados com aclamação da crítica, com o primeiro indicado para Melhor Álbum de Rock ou Alternativo em Língua Portuguesa no 21.º Grammy Latino.
Ana ficou sabendo, através da sua irmã, que o seu avô sofria bullying dos colegas pela dificuldade que eles tinham de pronunciar o sobrenome de origem judaico-russa[2] Fainguelernt, e o apelidaram "Frango Elétrico". Assim que ouviu essa história, teve a ideia de contar o fato para uma amiga que comentou que o nome era "sua cara". Ela também conta que a inspiração para o nome vem do álbum do cantor e compositor Arrigo Barnabé, Clara Crocodilo.[3][4][5]
Aos dez anos, passou na prova de admissão da Escola de Música Villa-Lobos. Foi então que começou a estudar mais profundamente os conceitos de música, escalas, tempo, afinação e teoria musical.[1] Embora não gostasse da ideia de estudar música e fazer provas como obrigação, reconhece que isso foi um incentivo. Nessa mesma época, Ana lembra de chorar ao ouvir sua voz gravada pela primeira vez, um momento significativo que marcou o início de sua jornada musical, muito antes de sua carreira decolar.[5]
Aos 16 anos, durante o ensino médio, Fainguelernt e seus colegas formaram a banda Almoço Nu, inspirada no romance homônimo, tocando músicas que misturavam rock and roll com influências de maracatu e cúmbia. Essa banda foi um marco importante em sua trajetória, pois foi quando Ana começou a se interessar mais profundamente pela composição musical e a explorar novas formas de expressão artística.[1][5]
Também durante sua adolescência, enfrentou um período difícil quando foi diagnosticada com mononucleose, também conhecida como a "doença do beijo". A mononucleose é uma infecção viral que provoca sintomas como febre, dores no pescoço e fadiga extrema. A recuperação pode levar semanas ou até meses, dependendo da gravidade do caso.[4]
Durante o tratamento, Ana aproveitou o tempo em repouso para se dedicar às suas criações artísticas. Foi nesse período que ela desenvolveu um alter ego chamado "Nóia" e começou a compor as primeiras músicas que fariam parte de seu álbum de estreia, Mormaço Queima. A experiência com a doença influenciou profundamente sua música e criatividade, resultando em composições que refletiam suas emoções e pensamentos durante esse período desafiador.[4][5]
Seu primeiro disco foi uma virada para os planos de Ana, que até então pensava em trabalhar com fotografia, pintura e artes plásticas, mas encantou-se pelos shows e decidiu que era o que queria fazer:
"Eu prestei vestibular para pintura. Não tinha o desejo de ser cantora ou compositora. Mas começaram a rolar os shows, uma coisa puxa a outra e percebi que a música me emociona, me proporciona encontros incríveis. Nessa época, mesmo que ainda com medo, decidi que era isso que eu queria pra mim e, desde então, estou nessa busca para profissionalizar cada vez mais o trabalho, fazer circular."[6]
Fainguelernt também foi influenciada pelos sons de artistas como Prince, Michael Jackson e Everything but the Girl.[7] Além disso, sua obra é marcada pela poética marginal de Ana Cristina Cesar e pelo poeta russo Vladimir Maiakovski.[1] Essas influências literárias e musicais se entrelaçam em sua arte, criando uma expressão única e multifacetada.
Carreira
Afirmou em entrevistas não concordar com o termo "nova MPB", preferindo dizer que sua obra é uma "bossa-pop-rock decadente com pinceladas de punk" ou ainda um "pós-MPB".[6]
No ano seguinte, lançou o single "Mulher Homem Bicho" e publicou o seu primeiro livro, intitulado Escoliose: Paralelismo Miúdo.[12] Fainguelernt descreveu a coleção como "parte de uma busca maior na minha língua: palavras portuguesas – e cores", lembrando ainda que três poemas da coleção se tornaram letras de músicas de Mormaço Queima e Little Electric Chicken Heart.[5]
Fainguelernt dirigiu a produção de álbuns de outros artistas, incluindo o álbum de estreia autointitulado de 2021 da banda brasileira Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo. Em 2022, co-produziu SIM SIM SIM, disco da banda carioca Bala Desejo,[13] vencedor do Grammy Latino na categoria de "Melhor Álbum Pop em Português".
No segundo semestre de 2023, lançou o seu terceiro álbum, Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua, com letras em inglês e português.[14][15][16][17][18][19] O álbum teve versões físicas pelo cultuado Mr Bongo, na Inglaterra, e o japonêsThink!.[15] Anthony Fantano incluiu o álbum na posição 46 entre os 50 melhores discos que chegaram ao mercado em 2023.[20][21]
Ana também realizou uma turnê pela Europa, passando por seis países,[22][23][24] e se apresentou no palco principal do festival Doce Maravilha no Rio de Janeiro em maio de 2024.[25]
Vida pessoal
Fainguelernt é pansexual,[3][26]queer[14][22] e não-binário.[15][27] Expressa seu gênero através de sua música e arte, utilizando suas composições e performances para explorar e comunicar suas experiências e perspectivas. Em entrevistas, Ana destaca a importância de haver representatividade para pessoas não-binárias e queer em destaque, criando um espaço inclusivo e representativo para a comunidade LGBTQIA+.[18][28][29]