Alfredo da Cunha
Alfredo Carneiro da Cunha (Fundão, Fundão, 21 de Dezembro de 1863 — Lisboa, São Mamede, 25 de Novembro de 1942), mais conhecido por Alfredo da Cunha, foi um advogado, jornalista, escritor e empresário da comunicação social, que se destacou como um dos primeiros historiadores do jornalismo em Portugal. Foi genro de Eduardo Coelho, co-fundador do Diário de Notícias de Lisboa, a quem sucedeu como administrador e director. Ficou conhecido pela polémica pública gerada pelo internamento psiquiátrico e interdição judicial da esposa, Maria Adelaide Coelho da Cunha, que aos 48 anos de idade o abandonara para prosseguir um relacionamento amoroso com um homem mais novo[1]. BiografiaNasceu no Fundão, filho de José Germano da Cunha, poeta e historiador[2], e de Maria Augusta de Paiva Carneiro da Cunha.[3] Fez os estudos secundários no Colégio Jesuíta de S. Fiel e formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, tendo concluído o curso com distinção em 1885. Iniciou em Lisboa uma carreira de advogado, mas dedicou a maior parte do seu tempo ao jornalismo, actividade à qual aliou a gestão de empresas, sendo inicialmente administrador da empresa do Diário de Notícias, actividade que alargou a outras empresas do ramo da imprensa e da tipografia, conseguindo reunir uma considerável fortuna. Casou a 19 de abril de 1890, na Igreja de Santa Isabel, em Lisboa, com Maria Adelaide Coelho, filha primogénita de Eduardo Coelho, co-fundador do Diário de Notícias e seu primeiro director.[4] Este casamento com a herdeira principal da empresa consolidou a sua posição liderante no grupo. Pelo falecimento do sogro (1889) e do sócio capitalista da empresa e seu co-fundador, Tomás Quintino Antunes, 1.º conde de São Marçal (1898), Alfredo da Cunha assumiu a direcção do Diário de Notícias, transformando-se também no principal proprietário do periódico e sócio maioritário da Tipografia Universal de Lisboa. Também se conhece colaboração jornalística da sua autoria nas revistas A Leitura[5][6] (1894-1896), Branco e Negro [7] (1896-1898), Brasil-Portugal[8] (1899-1914), Serões [9] (1901-1911), Boletim cultural e estatístico[10] (1937) e no Boletim do Sindicato Nacional dos Jornalistas [11] (1941-1945).
Para além da vida empresarial e jornalística, dedicou-se à escrita poética e à investigação da história do jornalismo e da imprensa periódica em Portugal, campo em que foi pioneiro e sobre o qual publicou várias obras. Publicou também: O Diário de Notícias: A sua Fundação e os seus Fundadores (Lisboa, 1914). ![]() Em 13 de Novembro de 1918 desencadeou-se um grande escândalo quando a esposa, e herdeira da maioria das empresas que ele administrava, resolveu, sem aviso prévio, abandonar a casa[13]. Foi então revelado que Maria Adelaide, com 48 anos de idade, se apaixonara pelo motorista da família, 20 anos mais novo, e partira com ele para um esconderijo. O casal foi pouco depois encontrado, sendo ele preso na cadeia do Porto, onde permaneceria quatro anos sem culpa formada, e ela internada no Hospital Conde de Ferreira, considerada louca pelas maiores sumidades da psiquiatria portuguesa da época e interditada judicialmente de gerir os seus bens. Apesar de se ter defendido, mantendo uma polémica na imprensa e publicando um livro sobre o assunto, a que o marido respondeu com outro, a interdição judicial não foi levantada e o marido e o único filho do casal, então com 26 anos de idade, mantiveram-se na posse de toda a sua fortuna. Finalmente libertada, viveu na cidade do Porto, onde o novo companheiro foi taxista[14]. O drama, que apaixonou a alta sociedade lisboeta do tempo, inspirou diversas obras, entre as quais Doidos e Amantes de Agustina Bessa Luís[15] e o filme Solo de Violino (1992), realizado por Monique Rutler[16]. O escândalo fez com que Alfredo da Cunha abandonasse em 1919 a direcção do Diário de Notícias e vendesse a respectiva empresa. Foi sócio fundador de Associação de Jornalistas e Homens de Letras de Lisboa. Publicou diversos estudos sobre o jornalismo em Portugal e uma biografia do seu sogro e fundador do Diário de Notícias, obra que foi oferecida às bibliotecas de todas as escolas oficiais e particulares portuguesas. Morreu a 25 de novembro de 1942, numa casa da Rua Rodrigo da Fonseca, 149, R/C Esq., sendo residente no Largo de São Mamede, 5, na freguesia de São Mamede, em Lisboa. Morreu casado com Maria Adelaide, de quem nunca se divorciou.[17] Obras publicadas
Notas
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