Alauitas Nota: Este artigo é sobre o grupo étnico-religioso. Para a dinastia reinante em Marrocos, veja Dinastia alauita.
Os alauitas (em árabe: علوية) formam um grupo étnico-religioso do Médio Oriente, presente sobretudo na Síria, país em que constituem cerca de 15% da população, ou seja, cerca de 3 milhões [1] e onde dominam as estruturas políticas. A doutrina alauita incorpora elementos gnósticos, como a crença de que a alma dos alauitas são guardiãs das "luzes que se rebelaram contra Deus".[7] Não devem ser confundidos com os Alevitas, minoria religiosa da Turquia, nem com a dinastia alauita que governa Marrocos. Os alauitas são também conhecidas como nusairitas, em função de uma figura importante do movimento, Ibn Nusayr. Contudo, este termo tem vindo a cair em desuso, sendo considerado ofensivo pelos alauitas.[8][9] DoutrinasAs doutrinas religiosas dos alauitas permaneceram durante muito tempo desconhecidas, até que no século XIX alguns ocidentais conseguiram conhecer alguns dos textos da religião, até então guardados propositadamente em segredo.[8] O elemento central da doutrina dos alauitas apesar de ser erroneamente divulgada, é a crença em um único Deus, Alá, sendo Maomé o seu último profeta. Os alauitas têm celebrações principais como o Hajj, Intenção de Sacrifício do Profeta Ismael (filho do Profeta Abraão) e o Ramadan (mês de jejum). Como seguem o calendário islâmico da Hégira, também seguem o calendário Juliano, com 13 dias a menos do que o Gregoriano. Desta maneira consideram o Natal, simbolicamente como o nascimento de Jesus, filho de Maria, comemorado no dia 6 de Janeiro de cada ano, tido como dia dos Reis Magos, ocidental. Seguem a charia ou lei islâmica e como tal estão sujeitos a determinadas práticas do Islão ortodoxo, como as interdições alimentares. Consideram seis pilares do Islão, que fazem parte da sua doutrina e são respeitados como as demais seitas dos Islão. Além dos cinco pilares do Islão conceituados pela grande maioria das seitas muçulmanas, os alauitas possuem mais uma o jihad. Apesar das constantes difamações pelas demais seitas do islamismo contra a doutrina alauita, dizem não serem vistos como membros do Islão, embora eles se considerem muçulmanos xiitas. HistóriaAs origens dos alauitas são pouco claras. Julga-se que surgiram na Península Arábica do século IX, em resultado dos ensinamentos de Muhammad ibn Nusayr an-Namiri. Fixaram-se na Síria no século XII. Os alauitas foram alvo de perseguições ao longo da história ordenadas pela dinastia aiúbida, pelos Cruzados, pelos Mamelucos e pelos Otomanos. Essa perseguição concretizou-se na imposição de taxas pesadas sobre os membros da comunidade e nas conversões forçadas ao islão sunita. Devido a esta perseguição os alauitas adoptaram a prática xiita da taqiyya, que consiste em dissimular as crenças religiosas como forma de garantir a sobrevivência e evitar a perseguição. Os alauitas na Síria do século XXNa época do Império Otomano, a maioria dos alauitas era de camponeses subordinados a senhores sunitas os únicos alauitas tolerados nas cidades eram os empregados domésticos.[10] Após o fim da Primeira Guerra Mundial e o desaparecimento do Império Otomano, que tinha governado a Síria, a França assumiu um mandato sobre o Líbano e a Síria. A política francesa na Síria procurou em larga medida fomentar um espírito independentista entre os alauitas, como forma de criar obstáculos ao movimento árabe sunita pela independência. Os Franceses viriam mesmo a conceder autonomia aos alauitas através da criação de uma região autónoma que existiu entre 1920 e 1936. Nos anos 70 um alauita, Hafez al-Assad, tornou-se presidente da Síria. O partido ao qual pertencia, o Baath, atraiu muitos alauitas como militantes devido aos seus ideais igualitaristas. A partir desse momento verificou-se uma certa ascensão social de alguns alauitas que, segundo algumas opiniões, teriam sido favorecidos pelo presidente. [carece de fontes] Os alauitas e a Guerra Civil SíriaEm 1971, o alauita Hafez Assad se tornou presidente, e foi sucedido pelo seu filho Bashar al-Assad (também alauita). Tal circunstância favoreceu (papel de relevância nas forças armadas e ocupação postos importantes no estado), além dos próprios alauitas que, na época da Guerra Civil Síria representavam apenas 12% dos 22 milhões de sírios, também outras minorias, como os cristãos (10% da população) e os drusos (3%), em detrimento da maioria sunita (74%), grupo de onde veio maior parte do apoio para a rebelião. O temor das consequências que as minorias teriam de enfrentar em decorrência de uma eventual queda do regime e domínio da maioria sunita é um dos fatores que explicavam o forte apoio ao regime sírio pela comunidade alauita.[10][11] Esse apoio ao governo tornou esta minoria na maior vítima da oposição.[12] Geografia e demografiaOs alauitas concentram-se numa área compreendida entre a região de Lataquia, na Síria, até a Antioquia, na Turquia. Existem igualmente comunidades alauitas nas cidades sírias de Homs e Hamah. Nas últimas décadas verificou-se um movimento migratório de alauitas na direcção da capital síria, Damasco. Durante a ocupação militar síria de partes do Líbano, ocorreu a fixação de muitos alauitas na cidade libanesa de Trípoli. Em julho de 2013, estimava-se que a população de alauitas na Síria representaria cerca de doze por cento (12%) do total da população síria, na época estimada em 22 milhões de pessoas[10]. A principal actividade económica dos alauitas é a agricultura. Ver tambémReferências
Bibliografia
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