Virgínia da Fonseca Nota: Não confundir com Virginia Fonseca.
Maria Virgínia Teixeira de Sousa Adão da Fonseca, conhecida por Maria Virgínia Teixeira ou Virgínia da Fonseca (Angra do Heroísmo, 14 de outubro de 1875 — Lisboa, 21 de março de 1962) foi uma escritora, tradutora de obras da literatura europeia, ilustradora, pintora, militante republicana e feminista portuguesa. Foi também fundadora e directora da revista "Moda Ilustrada", uma das primeiras publicações femininas em Portugal. Foi casada com o escritor republicano Faustino da Fonseca.[1][2][3][4] BiografiaNascimento e FamíliaNascida Maria Virgínia Teixeira de Sousa Adão na freguesia da Conceição da cidade de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira do arquipélago dos Açores, a 14 de outubro de 1875,[5][6] Virgínia de Fonseca era proveniente de uma família da alta burguesia, sendo filha de José de Sousa Adão, empresário e proprietário de lojas, natural do município de Itaguaí, no estado do Rio de Janeiro, que partiu quando esta era ainda jovem para os Estados Unidos da América,[7] e de Elvira Adelaide Teixeira, natural da mesma freguesia de nascimento da filha. Era sobrinha de António de Sousa Adão, proprietário da extinta Casa Adão em Angra do Heroísmo.[8] Muito cedo revelou interesse e talento pelas artes e para as letras, dominando várias línguas como o espanhol, francês e italiano. Posteriormente, fixando-se em Lisboa, tornou-se discípula do pintor António Tomás da Conceição Silva.[9] CasamentoA 10 de maio de 1899 casou-se civilmente em Lisboa com o escritor, jornalista e republicano açoriano Faustino da Fonseca, natural da sua cidade natal, com o qual teve dois filhos.[5][10] Carreira ArtísticaApós se casar, frequentou algumas tertúlias do antigo e ilustre Grupo do Leão e participou nas exposições do Grémio Artístico de 1896[11] e de 1897[12], que contou com a participação de alguns dos mais ilustres pintores e escultores portugueses de então, tais como José Malhoa, Alfredo Roque Gameiro, António e José Joaquim Teixeira Lopes, Fanny Munró, José Veloso Salgado, Carlos Reis, Maria Augusta e Columbano Bordalo Pinheiro, José de Brito, Emília dos Santos Braga, Jorge Colaço, Josefa Garcia Greno e Alfredo de Morais, entre muitos outros.[13] No campo artístico, durante os anos que se seguiram, continuou a exibir as suas obras em vários salões e galerias, tendo ainda participado em algumas exposições colectivas no Ateneu Comercial de Lisboa, ou ainda colaborado no ramo da ilustração com várias revistas, periódicos e em diversos livros, sendo mais reconhecida pelas ilustrações e capas realizadas para as obras literárias do seu marido, como na capa da primeira edição do romance histórico Inês de Castro (1900).[14][15][1] Republicanismo e FeminismoDe ideais republicanos e pelos direitos das mulheres, no início do século XX tornou-se militante da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas (LRMP), liderada pela activista e autora Ana de Castro Osório, merecendo ter a sua fotografia e nota biográfica incluída no periódico de publicação trimestral Álbum Republicano de outubro de 1908.[16] Ainda antes da Primeira República Portuguesa, foi dirigente da comissão de propaganda feminista da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, e após a implantação da República Portuguesa participou em diversas acções e petições da liga feminista, sendo ainda subscritora da mensagem entregue a José Relvas, elogiando o ministro pela admissão de mulheres em empregos do Estado,[17] assim como, juntamente com Carolina Beatriz Ângelo, Adelaide da Cunha Barradas, Ana de Castro Osório e Rita Dantas Machado, entre outras militantes feministas, fez parte da representação que a 3 de fevereiro de 1911 apresentou a Teófilo Braga as suas exigências para que o direito ao voto fosse reconhecido às mulheres economicamente independentes na Constituição da República, então em elaboração.[18] Carreira LiteráriaNo campo da literatura, publicou inúmeras traduções em português de obras de Miguel de Cervantes, Charles-François de Ladoucette, Charles Mérouvel, Leon Tolstoi, Piotr Kropotkine e Alessandro Manzoni, entre outros. Trabalhou também como repórter e crítica de arte na secção sobre eventos artísticos e culturais da revista semanal Serões[19], e foi fundadora e directora da revista Moda Ilustrada (1901-1903), uma das primeiras publicações periódicas portuguesas dirigida ao público feminino.[20] FalecimentoEm 1918, Faustino da Fonseca faleceu, deixando Virgínia viúva.[21] Virgínia faleceu a 21 de março de 1962, aos 86 anos, no quarto andar, número 129, da Avenida da Liberdade, freguesia de Coração de Jesus, em Lisboa, vítima de insuficiência cardíaca. Encontra-se sepultada em jazigo, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.[22] Referências
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