Viatodos
Viatodos é uma povoação portuguesa do Município de Barcelos que foi sede da extinta Freguesia de Viatodos, freguesia que tinha 4,21 km² de área[1] e 3 840 habitantes (2011)[2], e, por isso, uma Densidade populacional de 437,1 hab/km. A Freguesia de Viatodos foi extinta em 2013, no âmbito de uma reforma administrativa nacional, tendo sido agregada às Freguesias de Grimancelos, Minhotães e Monte de Fralães, formando uma União das Freguesias de Viatodos, Grimancelos, Minhotães e Monte de Fralães da qual é sede.[3] População
GeografiaEsta localidade, que cobre uma vasta e fértil área, beneficiou no passado e continua a beneficiar no presente de nela se cruzarem as estradas que vêm de Famalicão para Barcelos e de Braga para Vila do Conde. Como nas suas vizinhas, a agricultura hoje perdeu importância e os seus moradores ou trabalham nas pequenas unidades industriais e serviços locais ou se empregam em Famalicão ou Braga ou noutras paragens. Viatodos confronta a nascente com Nine, a sul com Louro, a poente com Minhotães e Grimancelos, e a norte com Monte de Fralães e Silveiros. Orago e nomeO orago é Santa Maria, a mãe de Jesus. Sobre a etimologia do nome desta povoação, fantasiaram-se versões sem o mínimo de fundamento histórico. De facto, atendendo aos registos mais antigos (Censual do Bispo D. Pedro, Inquirições de D. Afonso III), Viatodos deriva de «Bem-a-todos» (Avelino de Jesus Costa), que então se escrevia «Benatodos». Daqui para a forma Beatodos (que já vem nas Inquirições de D. Afonso II) é um passo. Este é o verdadeiro nome do povoado. A forma Viatodos, nome oficial, resulta duma hipercorrecção. ReligiãoEm meados do século XVIII, passou a funcionar na localidade a «palestra» eclesiástica, a que acorriam sacerdotes locais e das vizinhanças. Havia também uma irmandade eclesiástica importante. Entre os párocos desta povoação, há o caso bem curioso do Pe. João de Sousa Afonso e Abreu, nascido em S. Mamede de Sandiães, Ponte do Lima, em 1768, e falecido em Viatodos em 1837. No período de grande desorientação que precedeu a instalação do Liberalismo, fez alarde das suas opções pelas novas orientações políticas. Tal se deduz claramente da acta do juramento da Carta Constitucional, ocorrido no Couto de Fralães em 1 de julho de 1826. Embora a reunião tenha decorrido na Casa de Fralães, próximo da igreja paroquial local, ele trouxe os participantes para a sua igreja de Viatodos e aí realizou um solene Te Deum de acção de graças. Ainda mais claramente se deduz desta informação de Teotónio da Fonseca: «o P.e João de Sousa Afonso e Abreu, reitor desta aldeia, foi preso por constitucional em 1829 e solto do Aljube do Porto em 1831». A vitória liberal de 1834 fez dele sem dúvida um herói, conseguindo então anexar a paróquia vizinha de Monte de Fralães. Em 1837, «os seus inimigos porém, quando um dia ele vinha de uma localidade vizinha, esperaram-no com taleigas cheias de areia e de tal maneira o sovaram com taleigadas que dentro em pouco morreu» (Teotónio da Fonseca). Embora se desconheça quem o sovou e onde, Monte de Fralães, em 1838, recuperou a sua independência como paróquia e viu o seu pároco expulso retomar o lugar. Na edição de 1882 de "Portugal Antigo e Moderno" podem-se encontrar dados interessantes sobre Viatodos: Na noite de 18 para 19 de Abril de 1881, os ladrões sacrílegos arrombaram a porta da igreja matriz desta aldeia e, entrando nela, arrombaram as caixas das esmolas e roubaram o seu conteúdo, assim como bastantes objectos pertencentes ao culto divino; tudo no valor de 200$000 réis (o ordenado anual do reitor era de 160$000 réis). "A primeira imagem da padroeira era tão antiga e estava em tal estado que o visitador a mandou enterrar e que se fizesse uma nova; mas uma mulher vizinha da igreja não consentiu, levando a imagem para sua casa onde a conservou, com muita devoção. A nova imagem tem um metro d'altura. A igreja matriz é sagrada como se vê das várias cruzes que a cercam nas paredes interiores." HistóriaAo lugar de Febros (aliás, a Britelos) e à Veiga do Olho Marinho, associam as Inquirições de D. Afonso III o nome do trovador João Garcia de Guilhade. No primeiro caso, porque criou aí uma filha, no segundo, porque lá, com outros, cultivava em seu proveito propriedade régia. À data, parte da localidade já era «Honra de Farlães». Em 1548, Viatodos actualizou o seu tombo; é um notável e extenso documento que dá uma ideia precisa da realidade da aldeia. Viatodos fez parte, desde meados do século XIV até 1836, do Concelho de Fralães; muitos edis deste concelho daqui foram naturais. Devido ao cruzamento das estradas já assinalado, houve aqui uma estalagem - a estalagem da «Jabelinha» -, como se lhe refere um documento, e, por exemplo, açougue, ferreiros, um ferrador, etc. As casas mais notáveis foram as dos Vasconcelos, em Palmeira, e a do Xisto, dos Felgueiras Benevides. Desde o Liberalismo até ao fim da Monarquia, teve sede aqui sede um Distrito do Juiz de Paz, que deixou vasta documentação e que incluía muitas freguesias das redondezas. Viveu em Viatodos, embora de modo intermitente, o poeta Matias Lima, que a ela dedica muitos poemas. Foi dela natural o sacerdote Barbosa Campos, que deixou também um conjunto de sonetos. Outro notável foi o farmacêutico Sr. Oliveira, dono da farmácia da Isabelinha (o registo da botica que precedeu esta farmácia foi feito no tabelião do Couto de Fralães). A ele recorreu a mãe da Beata Alexandrina Maria da Costa uma ou talvez duas vezes para tratamento da filha. Em 1926, as tropas que do Porto vieram para a estação da CP de Nine fazer frente à insurreição de Gomes da Costa chegaram a encher por completo a Recta da Estação, num espectáculo que causou dó, pelo esgotamento das tropas, e justificados receios. A Escola Preparatória de Viatodos foi criada há mais de trinta anos. Em Fonte Velha, ocorreu por meados do século XX um importante achado arqueológico, o do esconderijo dos «machados de Viatodos», valioso conjunto de peças de bronze que remontam ao século VIII a. C. e que durante décadas se guardaram no extinto museu portuense de S. João Novo (hoje deverão encontrar-se no museu bracarense dos Biscainhos). A Feira da Isabelinha, em tempos semanal, hoje anual, foi criação do Concelho de Fralães, como consta do respectivo Livro dos Acórdãos. Resultados eleitoraisEleições autárquicas (Junta de Freguesia)
Referências
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