U-432
O Unterseeboot 432 foi um submarino alemão do Tipo VIIC, pertencente a Kriegsmarine que atuou durante a Segunda Guerra Mundial. Foram construídos 568 submarinos da mesma classe entre os anos de 1938 e 1944.[2][3] Em seus 23 meses de operação o U-432 afundou e danificou 19 navios mercantes e 3 navios pesqueiro totalizando 84 997 toneladas de arqueação.[4] Colocou a pique em 11 de março de 1943 o contra-torpedeiro HMS Harvester (H-19) da Marinha Real Britânica.[5] Atingiu o navio de guerra com dois torpedos,[6] na sequencia o submarino foi seriamente danificado por cargas de profundidade, metralhado quando subiu a superfície e afundado quando a corveta Aconit (1941-1947) colidiu com o submarino.[7] Os sobreviventes em número de 20 foram recolhidos pelo Aconit que navegava sob a bandeira da França Livre, 26 tripulantes morreram inclusive o capitão Hermann Eckhardt (1916-1943). Na corveta estavam os 60 sobreviventes do HMS Harvester (H-19) assim como 4 sobreviventes do submarino U-444 que foi afundado na mesma batalha naval. Todos foram levados para Greenock na Escócia.[8] Características técnicasO U-432 pertenceu a classe de u-boot Tipo VIIC. Com os primeiros submarinos sendo comissionados no início da Segunda Guerra Mundial esta classe de submergíveis foi a maior a ser produzida em todos os tempos.[9] A família de barcos em que o U-432 estava incluído permitiu que a Kriegsmarine, comandada na época pelo Grande almirante Karl Doenitz (1891-1980), atuasse no Atlântico Norte causando significativo prejuízo ao esforço de guerra dos Aliados, afundando navios e interrompendo o fornecimento de provisões e armamentos.[10] Este tipo de barco foi produzido por 15 estaleiros diferentes utilizando projetos desenvolvidos pela NV Ingenieurskantoor voor Scheepsbouw. A empresa de fachada foi instalada na Holanda em 1922 após o término da Primeira Guerra Mundial pelos estaleiros de origem alemã F. Krupp Germaniawerft, AG Vulcan Stettin e AG Weser a fim de burlar as restrições de manutenção e desenvolvimento de submarinos impostas pelo Tratado de Versalhes.[11][12] O Tipo VIIC foi uma evolução do Tipo VIIB, sendo maior e mais pesado, e como consequência com uma velocidade um pouco menor que o seu antecessor. O aumento de espaço interno foi uma necessidade para acomodar um novo tipo de sonar que passou a equipar os U-boot, e fez com que o seu casco fosse alongado.[2] DimensõesO U-432 com casco duplo tinha um comprimento total de 67,1 m, boca de 6,18 m e altura de 9,55 m. O casulo interno que ficava sob pressão quando o u-boot submergia media 49,4 m de comprimento por 4,7 m de altura e nesse espaço ficavam alojados os 46 tripulantes, sendo 4 oficiais graduados. A espessura do casco sob pressão media 18,5 mm. O barco deslocava 769 m³ de água na superfície e 871 m³ quando submerso.[13] O submarino quando na superfície precisava uma lâmina d'água superior a 4,74 m. Foi projetado para navegar submerso em profundidade máxima de 165 m. A profundidade calculada de colapso do casco ficava entre 250-280 metros.[14] AutonomiaOs tanques de diesel conforme projeto do barco, tinham a capacidade para receber 113,47 t de combustível. Um artifício usado para aumentar a capacidade de armazenamento era encher os tubos de torpedo 1 e 3 de combustível, elevando para 121,5 t o total de diesel no início das patrulhas. O combustível extra era transferido para os tanques conforme disponibilidade de espaço, liberando os tubos de torpedos. O diesel, segundo relatos dos tripulantes aprisionados após o afundamento do submarino, era de boa qualidade e originário da Romênia.[14][15] O barco era movimentado na superfície por dois motores diesel fabricados pela Wumag Waggon und Maschinenfabrik AG, Goerlitz, sob licença Krupp, cada um deles com 6 cilindros, potência de 1 400 cv, alcançando 470-490 rpm. Submerso o submarino era movimentado por dois motores elétricos fabricados pela Siemens (Siemens Aktiengesellschaft),[15] cada um deles com, potência de 375 cv, alcançando 295 rpm. Os motores elétricos eram alimentados por dois grupos de baterias de 62 células com capacidade de 9 160 A/h, que por sua vez eram carregados pelos motores diesel quando em funcionamento navegando na superfície. Estes motores movimentavam duas hélices de três pás com 1,62 m de diâmetro. Um leme duplo direcionava a embarcação.[13] O U-432 tinha autonomia de 8 500/8 550 mm a 10 nós e 3 250/3 450 mn a 17 nós navegando na superfície, imerso ele alcançava 80 mn a 4 nós e 120 mn a 2 nós. Em emergência o barco podia mergulhar em 25-30 segundos.[14] Quando necessário o ar do submarino era purificado com filtros que utilizavam cartuchos com potássio.[15] ArmamentoOs tubos lança-torpedos tinham 53,3 centímetros de alma e estavam localizados quatro na proa e um na popa. O barco podia levar 14 torpedos por patrulha. Para ataques na superfície o submarino contava com uma metralhadora anti-aérea calibre 20 mm e um Canhão de 88 mm instalado avante no convés, carregava para estas armas 250 e 4 380 cartuchos respectivamente.[14][13] ComandantesO capitão Heinz-Otto Schultze (1915-1943) esteve no comando do navio por 270 dias dos 296 dias em que o barco esteve em ação. Pelo seu sucesso a frente do barco foi condecorado com a Cruz de Ferro de 1ª classe (1941) e com a Cruz de Cavaleiro da Cruz de Ferro (1942).[1]
OperaçõesEm sua carreira, o submarino participou de oito patrulhas, sempre subordinado a 3ª Flotilha de Unterseeboot da Kriegsmarine. Em 15 de fevereiro de 1942, quando em patrulha na costa leste dos Estados Unidos, afundou o navio mercante Buarque (5 152 toneladas) de bandeira brasileira com dois torpedos. O ataque aconteceu a 30 milhas a sudoeste do Cabo Hatteras que fica no litoral do estado norte-americano da Carolina do Norte. Os 74 tripulantes e 11 passageiros, com exceção de um que faleceu, sobreviveram e foram salvos por embarcações da Guarda Costeira, Marinha dos Estados Unidos e um navio petroleiro.[16] Três dias depois, na mesma região o também brasileiro Olinda (4 053 toneladas), foi parado por um tiro de canhão, os tripulantes após abandonar o navio foram interrogados, e posteriormente o navio foi bombardeado e afundado. Todos os 46 tripulantes foram resgatados pelo contratorpedeiro USS Dallas (DD-199).[17] Foram os dois primeiros navios brasileiros a serem afundados na Segunda Guerra, após o rompimento de relações diplomáticas com os países que compunham o Eixo. O U-432 esteve sob ataque em três momentos: Durante o ataque ao Comboio SC 48 (5 - 22 de outubro de 1943), quando o U-432 foi o responsável pelo afundamento do petroleiro norueguês Barfonn e pelo cargueiro de bandeira grega Evros,[18] o contratorpedeiro HMS Broadwater (H-81) e a corveta HMS Abelia (K-184) fizeram ataques com cargas de profundidade e danificaram o submarino, comprometendo os controles do leme e o funcionamento dos motores elétricos. A embarcação submergiu de forma involuntária a uma profundidade de 70 metros, após reparos de emergência retornou a patrulha.[1] O barco foi ligeiramente danificado após ataque aéreo quando em patrulha no Atlântico Norte.[1]
O Comboio HX 228 (28 de fevereiro - 15 de março de 1941) partiu do porto de Nova Iorque com destino a Liverpool navegando a uma velocidade média de 8,6 nós. Os 88 navios mercantes que faziam parte do comboio, eram protegidos por 8 navios de escolta além de cobertura aérea em parte do percurso. Cinco navios cargueiros, um contratorpedeiro e dois submarinos não retornaram a seus portos.[19] Na manhã de 11 de março, o U-432 surpreendeu o HMS Harvester (H-19), que estava imobilizado em consequência de danos sofridos após ter abalroado o Unterseeboot U-444. O contratorpedeiro foi rodeado por várias vezes, o submarino manteve a profundidade de periscópio, e disparou um torpedo de proa a uma distância de 600 metros e outro de pôpa a 700 metros, ambos atingiram o alvo, afundando o contratorpedeiro.[8][3] O U-432 permaneceu submerso, não adotando o procedimento padrão de vir a superfície após um ataque e não percebeu a aproximação da corveta Aconit que veio em socorro aos sobreviventes do HMS Harvester. O Aconit iniciou com sucesso um ataque com cargas de profundidade, danificando o submarino que foi ao fundo alcançando uma profundidade estimada de 310 metros, sendo obrigado a retornar a superfície após falha geral no sistema de iluminação principal, parada total dos motores elétricos e fogo seguido de explosão no quadro principal de força. O barco subiu lentamente a superfície, e foi dada a ordem de vestir coletes salva-vidas e preparar para abandonar o navio. Na superfície após a abertura da escotilha, o submarino foi metralhado pelo Aconit. Neste ataque vários tripulantes e o capitão Hermann Eckhardt morreram. Após o cessar fogo os demais tripulantes se jogaram ao mar, e o Aconit em uma tentativa de abordagem e aprisionamento do submarino, atingiu com seu casco o barco, ocasionando o seu imediato afundamento.[8][3] SubordinaçãoA 3ª Flotilha de Unterseeboot, também conhecida como U-Flotilha "Lohs" uma homenagem ao comandante de submarino da Primeira Guerra Mundial Johannes Lohs (1889-1918), teve sob suas ordens 109 U-Boots entre eles o U-432.[20] A flotilha teve como base durante a Segunda Guerra, Kiel (março de 1941 - setembro de 1941) e La Pallice (outubro de 1941 - setembro de 1944).[21]
PatrulhasEm sua primeira patrulha o submarino partiu da Noruega, passando ao norte das Ilhas Feroe, costa da Islândia e Groelândia, atravessando o Mar Celta para aportar na costa oeste da França. Na viagem seguinte, passou novamente pelo Mar Celta, navegando em seguida pelo Atlântico Norte, retornando a França. Na terceira patrulha, foi feita em direção ao sul passando pela costa da Espanha e Portugal e chegando a sua última base La Pallice. Na quarta viagem atravessou o Atlântico Norte, chegando até a região central da costa leste dos Estados Unidos. Na patrulha seguinte que foi a sua mais longa permanência no mar, cruzou novamente o Atlântico, indo em direção ao Canadá. Na viagem de número sete vagou pelo Atlântico Norte. Em sua penultima saída, rumou em direção ao sul, passando pela costa de Portugal, chegando até o Marrocos. Na oitava e última saída, rumou para região central do Atlântico Norte aonde foi afundado.[22]
Navios atacados pelo U-432O contra-torpedeiro HMS Harvester (H-19) da Royal Navy, fazia parte de uma encomenda da Marinha do Brasil feita em 1936 ao estaleiro Vickers Armstrong, Barrow-in-Furness e foi batizado inicialmente como CT Juruá (H-19). Com o advento da Segunda Guerra, os navios de sua classe não foram entregues aos compradores, sendo requisitados em 4 de setembro de 1939 pelo Almirantado Britânico.[23][24] Além do contratorpedeiro que foi atacado e afundado em 11 de março de 1943, o U-432 pois a pique com tiros de canhão os barcos pesqueiros FV Foam,[25] FV Aeolus[26] e MFV Ben and Josephine[27] também afundou ou danificou 19 navios mercantes entre eles destacam-se:[28][5]
SS (steam ship) - navio a vapor Operações conjuntas de ataqueO U-432 participou dos seguinte operações de ataque combinado durante a sua carreira:[1]
Rudeltaktik (em alemão) também conhecida como Wolf pack (em inglês) foi uma tática de combate para ações conjuntas usada pelos submarinos da Kriegsmarine na Batalha do Atlântico e Marinha dos Estados Unidos na Guerra do Pacífico durante a Segunda Guerra Mundial. A tática copia o modelo de ataque utilizado por uma mantilha de lobos. Ver também
Referências
Bibliografia
Ligações externas
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