Tomaz de Figueiredo
Tomás Xavier de Azevedo Cardoso de Figueiredo (em grafia antiga Tomaz) (Braga, 6 de Julho de 1902 — Lisboa, 29 de Abril de 1970) foi um escritor português. Tem uma biblioteca com o seu nome em Arcos de Valdevez. BiografiaNasce em Braga a 6 de Julho de 1902, na rua de santo André freguesia de São Vicente, na mesma casa onde Carlos Amarante tinha nascido. Filho de Gustavo de Araújo e Silva Figueiredo e de Maria da Soledade de Azevedo Araújo Costa Lobo e Mendonça. Passados poucos meses vai, com seus pais, residir em Arcos de Valdevez, para a Casa de Casares, construída pelo seu avô materno, e onde ainda viviam algumas das suas tias solteiras. A ida, tão infante, para os Arcos, justifica o sentimento que o leva a considerar essa vila como "terra minha pela memória e pelo amor". Aos doze anos vai cursar preparatórios para o Colégio dos Jesuítas, na Guarda, na Galiza. Aí se vai já destacar na disciplina de Português, obtendo altas classificações. Em 1920, ingressa, em Coimbra, no Curso de Ciências Jurídicas, má escolha pela certa, porque o atirará para uma vida profissional que lhe será extremamente adversa. Em Coimbra, é contemporâneo e amigo do grupo “presencista”, afirmando mais tarde:
A sua passagem por Coimbra (1920-1925) irá inspirar-lhe não só o romance “a clef” Nó Cego, que retrata o ambiente literário e ideológico coimbrão dessa época, mas ainda Conversa Com O Silêncio, monólogo com o companheiro e poeta Alexandre de Aragão, falecido precocemente, por suicídio, aos 27 anos, e a novela Reconstrução da Cidade, integrada na obra Vida de Cão (1951), que relata primorosamente o confronto entre a “cidade nova” e a memória da velha cidade do seu tempo. Após concluído o curso jurídico na Universidade de Lisboa, em 1928, e já casado (1930), vai para Tarouca como notário, mudando-se, sucessivamente, para a Nazaré, Ponte da Barca e Estarreja. Faz, na sua actividade de notário, um interregno de seis anos, durante os quais, em Lisboa, ocupa o cargo de Vice-Presidente da Junta Nacional dos Resinosos. Em Estarreja (1957), é afectado por grave doença do foro psicológico, que o obriga a internamento hospitalar e a prolongados tratamentos, ficando seriamente afectado. Após esses dois anos, um verdadeiro calvário que relembra em muitos dos seus poemas, regressa ao cartório de Estarreja, solicitando a reforma, que lhe é concedida. Finalmente livre das entediantes ocupações burocráticas, volta à sua casa de Lisboa para, durante dez anos (1960-1970), se entregar por inteiro à vida que verdadeiramente lhe apraz: escrever, conviver com os amigos, ser assíduo frequentador d'A Brasileira do Chiado, do Café Aviz, das livrarias Bertrand e Guimarães, ainda que profundamente amargurado com a separação do casal, entretanto ocorrida. Da sua vida de “funcionário público” diz: "Os cargos oficiais que desempenhei, tão exteriores a mim, considero-os violência de vida'"'. Escrever, apenas escrever, totalmente livre para escrever, e vivendo da sua escrita, tal o sonho que a vida lhe negou. Morre em Lisboa, em sua casa, a 29 de Abril de 1970. Sentidamente, recorda Bigotte Chorão:
ObraO primeiro soneto encontrado no seu espólio data de 1917 e foi escrito enquanto aluno do Colégio de La Guardia. No entanto, a actividade literária, diz-nos o escritor, tê-la-há iniciado num jornalzinho dos Arcos, O Realista, em 1925, com académicos sonetos que muito exasperavam e escandalizavam os “intelectuais” da terra. Anuncia-se verdadeiramente no semanário Fradique, em 1934, com novelas e contos, que levam o director da revista, Thomaz Ribeiro Colaço, a considerá-lo "chafariz de novelas, cintilantes como água pura. Espanta a clareza de estilo, com o seu talento (...) enovelesco. Desbanca o mais pintado moedeiro falso na arte de fazer contos (...) verdadeiros."
Postumamente, são publicados Dicionário Falado (1970) e o 3º volume de Monólogo em Elsenor – Túnica de Nesso (1989). Por ocasião do centenário do nascimento do escritor, os seus herdeiros e a Imprensa Nacional – Casa da Moeda celebraram um contrato para a publicação das suas Obras Completas, o que permitiu reeditar obras esgotadas e dar à estampa muitos dos trabalhos ainda inéditos de Tomaz de Figueiredo. Edições IN-CM
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